Mensagem do dia (03/07/2016)

Os discípulos são enviados com a indicação de não levarem cajado na mão. E o que é este cajado, senão a insígnia do poder, o instrumento que vinga a dor? Assim, pois, aquilo que este Senhor humilde lhes prescreveu, cumprem-no os Seus discípulos pela prática da humildade. Porque Ele envia-os a semear a fé, não por via da imposição, mas do ensino; não pela exibição da força do seu poder, mas pela exaltação da doutrina da humildade. E pareceu-Lhe bem juntar a humildade à paciência.

Santo Ambrósio.

Mensagem do dia (15/09/2015)

Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada transpassou tua alma. Aliás, somente transpassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela transpassou a tua lama. A alma dele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada dali. Por isso a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal.

São Bernardo de Claraval.

Mensagem do dia (16/02/2012)

Amamos, portanto, as lágrimas e as dores. Mas todo o homem deseja o gozo. Ora, ainda que a ninguém apraz ser desgraçado, apraz-nos contudo a ser compadecidos. Não gostaremos nós dessas emoções dolorosas pelo único motivo de que a compaixão é companheira inseparável da dor? A amizade é a fonte destas simpatias.

Santo Agostinho.

Richard Dawkins ou da puerilidade científica

Por Tibiriçá Ramaglio.

Não tenho a menor simpatia por eventos literários como a Flip, a Feira Literária de Parati. Considero que eventos como esses são perfeitamente análogos ao Salão do Automóvel, embora não se possa estabelecer uma sólida analogia entre romances e automóveis, contos e motocicletas, mesmo que todos eles sejam meios de transporte.

Porém, se sou contrário à Flip em teoria, sou ainda mais contrário na prática, na medida em que um evento como esse, num país como o nosso, acaba fatalmente se transformando numa celebração da corriola. – Que corriola?, quer saber o leitor. Ora, aquela mesma que se celebra cotidianamente, ainda que para isso não seja necessário realizar nenhum evento especial.

Alguém tinha dúvida de que, depois de ter lançado seu medíocre romance no começo deste ano, Chico Buarque dominaria a cena da Flip realizada no meio desse mesmo ano? É o mesmo que duvidar que o casamento de Gisele Bundchen tenha se transformado na capa da revista Caras na semana subseqüente a sua celebração.

Enfim, no que me toca, um evento como a Flip está destinado a ser algo que só pode estar aquém do que se projetou que fosse, devido a um vício originário no próprio projeto de um evento desse tipo. O resultado, por conseguinte, será sempre uma celebração de celebridades midiáticas e uma efeméride voltada para os aspectos efêmeros e superficiais da literatura, se tanto.

Mas a Flip deste ano conta com um elemento que transforma a minha indiferença em clara antipatia pelo evento: a presença de Richard Dawkins, o arauto do ateísmo. Ao meu ver, Dawkins é, antes de mais nada, um traidor da teoria de Darwin, que ele proclama como tese, quando, para ter cientificidade, ela não pode deixar de ser hipótese, pois a certeza científica, por definição, não pode ser definitiva.

O grau de certeza com que Dawkins apregoa a inexistência de Deus é puramente midiático. Só nas manchetes dos jornais e nas chamadas da propaganda se têm certezas tão peremptórias. Mas se isso não bastasse para demonstrar a presença de espetacularidade e a falta de cientificidade do pensamento dawkinsiano, eis uma foto do demiurgo publicada da revista Veja desta semana, em que Dawkins se encontra na porta de um ônibus londrino, que ostenta o seguinte cartaz publicitário: “There’s probably no God. Now stop worrying and enjoy your life.” (Deus provavelmente não existe. Portanto, pare de se preocupar e aproveite a vida.)

Deixemos de lado o fato de Dawkins se comprazer em posar como garoto propaganda da causa ateísta e vamos pôr em foco somente a proposta feita pelo texto do cartazete, para não nos estendermos demais. Sinceramente, eu até acho bacaninha a tentativa de trazer uma discussão metafísica desse calibre para os meios de comunicação de massa, mas infelizmente a massa não tem se mostrado o fórum mais adequado para a solução de problemas dessa natureza.

Começo, então, pelo “probably”, lembrando que as probabilidades, tais quais a calculou Pascal ao formular sua aposta, são de 50%, o que já deveria invalidar a proposta como um todo. Supondo que não a invalide, por que eu deveria deixar de me preocupar? Lamento, mas me parece que minha preocupação, nesse caso, faz parte integrante da minha possibilidade de aproveitar realmente a vida como o que sou: um homem.

Se me tirarem o prazer de especular sobre a existência de um Criador, estão me tirando em sua totalidade a minha faculdade de refletir. Afinal, se não devo me preocupar com as minhas origens, também não devo me preocupar com o meu fim e já não importa, então, quem eu sou ou o que faço aqui, como também não contam a minha história pessoal e a história nacional e universal em que ela se insere.

A natureza do “aproveitar” que se encontra nessa proposta é completamente alienante, ou antes é a de um aproveitamento exclusivo do presente, do aqui e do agora, típico do discurso publicitário, que visa apenas a atiçar a impulsividade animal do consumidor: “este é o momento, que gostoso que é!” ou ainda “isto é que é, Coca-cola!”.

Trata-se de um aproveitar instintivo e animalesco, como o que todos os animais aproveitariam, mas que efetivamente não aproveitam, pois se trata de um aproveitar uma vida que, supostamente, seria feita só de prazeres, não fosse ela perturbada pela dor (entre as quais a proposta inclui a existência de Deus). Em resumo, trata-se de uma proposta cujo apelo não passa de pueril. De um apelo a aproveitar a vida na Terra do Nunca. Será que uma proposta assim pode mesmo ser feita por alguém que se pretende um cientista?

Fonte: Observatório de Piratininga.

«Quando você aborta, sente abandono e silêncio, ninguém quer escutá-la»

Entrevista com Esperanza Puente, autora de um livro-depoimento


Por Sara Martín.

MADRI, segunda-feira, 6 de abril de 2009 (ZENIT.org).- Acaba de ser publicado na Espanha «Quebrando o silêncio» (Rompiendo el silencio – Editora LibrosLibres), escrito por Esperanza Puente, que abortou há 15 anos e hoje conta sua experiência de dor e solidão.

A autora também relata casos de homens e mulheres que ela conheceu e que, da mesma forma que ela, sofreram a síndrome pós-aborto. Um testemunho em primeira pessoa de uma terrível realidade oculta até a publicação deste livro.

– Por que escrever um livro contando sua própria experiência de aborto? Ajuda a fechar a ferida ou a abri-la?

– Esperanza Puente: Escrevi este livro para dar a conhecer à opinião pública uma realidade social oculta, para que se saiba o que uma mulher sofre quando aborta. Os 23 anos de existência da lei do aborto representam um fracasso e uma mácula para a sociedade. Eu também quis que, além de meu testemunho, aparecessem outros de homens e mulheres que fazem parte de minha vida e cujos casos me afetaram especialmente. São casos também representativos de diferentes âmbitos e circunstâncias. Mas, insisto, eu o escrevi sobretudo para expressar esta realidade: o que se vive e se sofre antes, durante e depois de um aborto provocado.

– E o que se sofre?

– Esperanza Puente: Antes do aborto, quando uma mulher está grávida, continua estando só, indefesa e desamparada. Ninguém explica que opções ela tem; ou que abortar não é uma solução, mas um grande problema; que há pessoas que podem lhe ajudar em suas preocupações…

Durante o próprio aborto se sente dor e ruptura. É como uma ferida mortal que nos deixa devastadas por dentro, física e mentalmente.

Depois de acabar com a gravidez, o que sente é abandono, silêncio e solidão. Ninguém se interessa em escutar a mulher e tentar ajudá-la em seu problema, e isso se acrescenta à síndrome pós-aborto que ela já sofre. No meu caso, sofrer em silêncio me levou a ser um «morto vivo»: tinha ansiedade, pesadelos, culpa, me machucava olhando as crianças… Cheguei a bater no meu próprio filho, momento no qual decidi que tinha de buscar ajuda. E meu caso não é algo isolado, cada dia falo com mulheres que passam pela mesma situação. Por isso mesmo, eu tinha que contar em um livro.

– Diante disso, o que a sociedade e o governo deveriam fazer?

– Esperanza Puente: A sociedade deveria tomar consciência, adquirir formação neste tema para não se deixar enganar com eufemismos sobre a vida e a morte.

O governo, por sua parte, também deve tomar consciência do que significa um aborto provocado para a mulher, e tem de realizar um exercício de honestidade moral e admitir que não existe uma demanda social para esta medida. A realidade do aborto está aí, todos nós vemos suas consequências.

Mais informações em www.libroslibres.com.

Fonte: Zenit.