Mensagem do dia (05/08/2012)

A Virgem Maria deu Jesus Cristo à luz, aqueceu-O nos seus braços, envolveu-O em panos e rodeou-O dos seus cuidados maternais. E é o corpo desse mesmo Jesus que hoje recebemos, é o Seu sangue redentor que bebemos no sacramento do altar. É isso que a fé católica tem por verdadeiro, é isso que a Igreja ensina com fidelidade.

São Pedro Damião.

Mensagem do dia (07/06/2012)

Permite, peço-Te, que não receba simplesmente o sacramento do Corpo e Sangue do Senhor, mas toda a força e eficácia do sacramento. Deus cheio de doçura, permite-me receber de tal maneira o Corpo do Teu Filho único, Nosso Senhor Jesus Cristo, este corpo material que Ele recebeu da Virgem Maria, que mereça ser incorporado no Seu Corpo místico e fazer parte dos seus membros.

São Tomás de Aquino.

Mensagem do dia (22/04/2012)

Ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquietações e às vezes amargas desilusões, o divino Viajante continua a fazer-se nosso companheiro para nos introduzir, com a interpretação das Escrituras, na compreensão dos mistérios de Deus. Quando o encontro se torna pleno, à luz da Palavra segue-se a luz que brota do “Pão da vida”, pelo qual Cristo cumpre de modo supremo a sua promessa de “estar conosco todos os dias até ao fim do mundo”.

Beato João Paulo II (Papa).

Mensagem do dia (08/01/2012)

Voltemos ao mesmo, sempre ao mesmo: Deus conosco, Jesus menino: e nós, guiados pelos Anjos, indo adorar o Menino Deus, que Maria e José nos mostram. Por todos os séculos, de todos os confins do orbe, carregados e animados pelo trabalho de todas as atividades humanas, irão chegando magos ao perene presépio do Sacrário. Cuida e trabalha, preparando tua oferenda – teu labor, teu dever – para esta Epifania de todos os dias.

São Josemaria Escrivá.

Mensagem do dia (09/10/2011)

Cristão, convidado para o banquete da Eucaristia, banquete da Igreja, banquete das núpcias do Cordeiro, qual é o traje de festa? É a veste do teu Batismo, aquela veste branca, que deves conservar pura pela tua vida, pelas tuas obras, pelo teu procedimento! Não aconteça ser tu esse homem que entrou na festa sem o traje apropriado! É o que aconteceria se viesses, é o que acontecerá se vieres para esta Eucaristia santa com uma vida enodoada pelas ações contrárias ao que o Evangelho do Reino te ensina!

Dom Henrique Soares da Costa.

Mensagem do dia (24/04/2011)

Agora Jesus quer que nós amemos o seu sepulcro de outra maneira. Ele não mais está morto, para se contentar com pedras frias, com rochas escavadas; agora está ressurgido para não mais morrer, e pede entrar nos corações vivos dos homens. Todos vós o haveis recebido? Tendes obedecido, todos, ao mandamento da igreja que impõe a Comunhão pascal? E a vossa alma tem sido um sepulcro novo e glorioso para Cristo, ou, ao invés, uma caverna sem perfumes e bolorenta de paixões não expulsas, de afetos não extirpados?

Cardeal Giovanni Colombo.

Mensagem do dia (24/04/2010)

Quem quiser que peça o pão material! Nós pedimos ao Pai eterno que mereçamos receber o nosso pão celeste com disposições tais que, se não tivermos a alegria de O contemplar com os olhos do corpo, de tal forma Ele se esconde, que Ele se revele pelo menos aos olhos da alma e Se manifeste a ela. É este um alimento inteiramente diferente, cheio de alegria e de delícias; ele é o sustento da vida.

Santa Teresa d’Ávila.

Não julgar – e não se manter calado diante do pecado

Recebi um longo comentário. Reproduzo aqui apenas alguns trechos para os meus prezados leitores conferirem o nível intelectual de algumas pessoas que não conseguem ficar caladas e sentem uma necessidade enorme de expressarem suas opiniões – como se fossem realmente importantes, imprescindíveis… Infelizmente, virou moda escrever primeiro, pensar depois. Ou nunca. Os grifos são meus.

[Rozangela Justino] Criou polêmica em cima de um assunto que já é polêmico.Conseguiu o ódio do público gay.E, de quebra, conseguiu alguns cristões como “seguidores”…

Rozangela Justino trabalha com isso já faz anos, nunca buscou aparecer coisa nenhuma. Cismaram que era um crime o trabalho dela de ajudar pessoas insatisfeitas com seu desejo sexual. A militância gay é quem quer aparecer e criar polêmica.

Como diria a própria bíblia “não julgues para não seres julgado”, então os próprios seguidores dessa idéia não deveriam julgar tanto o pecador, quanto o seu pecado, certo?

Errado. Muito errado. É interessante como algumas pessoas espertinhas selecionam determinados trechos da Bíblia enquanto ignoram outros, tudo para sustentar suas idéias pessoais, como se a verdade estivesse a seu serviço. Jesus diz em Mateus 18, 15-18:

Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano. Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu.

O que Jesus está dizendo aí?

  1. Jesus ordena que alertemos o irmão do seu pecado, e de forma discreta, evitando escândalos ou fofocas;
  2. Jesus ordena que insistamos, para “resolver a questão”;
  3. Jesus ordena para que acionemos a Igreja, a instituição a qual ele delegou sua própria autoridade (Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu);
  4. Caso o pecador se recuse a ouvir também a Igreja, este deve ser considerado excluído da mesma. Ou seja: todo aquele que se recusa a reconhecer-se pecador está automaticamente excluído da Igreja Católica e, por isso mesmo, privado de seus sacramentos. Esta decisão é pessoal, foi a própria pessoa que se retirou da Igreja, pela sua insistência em permanecer no pecado, recusando a Graça salvífica oferecida por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Portanto, a missão da Igreja é salvar o pecador do pecado. E ela assim o faz obedecendo ao que Jesus mandou – notem bem: Jesus não pede, ele manda. “Não julgar” não significa calar-se diante do pecado, ao contrário do que a comentarista insinua.

Se você acha errado, ponha o joelho no chão e ore, reze por “nós pecadores”, em vez de tentar virar a sociedade contra nós.Não rotule, não difame, não tire conclusões preciptadas.A quebra do celibato, a virgindade até o casamento também não é considerado pecado?
Então por que não vejo uma pessoa que quebra esse voto, sendo espancada?sendo ofendida? sendo chamada de doente? (e esse é só um exemplo)

Eu não acho nada. O cristianismo ensina: relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são imorais, abomináveis, pecado gravíssimo contra a castidade. Rezar por todos os pecadores é obrigação dos cristãos, não precisa você vir ironicamente lembrar-nos disso. Agora, onde é que você está vendo em algum pronunciamento da Igreja que estamos tentando “virar a sociedade” contra vocês, homossexuais? Mania de perseguição virou moda, agora? Então um padre dizer que atos homossexuais são pecaminosos é crime terrível? Advertir sobre os riscos espirituais advindos da prática do homossexualismo (sobre os de saúde, nem me fale, mas isso é assunto para outro dia…) é perseguição?

O “Grupo Gay da Bahia” queimou foto do Papa Bento XVI em manifestação durante sua visita ao Brasil, em maio de 2007. Claro, claro, ofender ao líder máximo dos católicos é apenas uma “crítica”.

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Na última parada gay em São Paulo, um cidadão de nome José Roberto Fernandes vestiu-se de Papa levando consigo um cálice que continha fichas brancas, simbolizando hóstias, além de preservativos. O cidadão, que pensa que é católico, dizia fazer “um alerta à hipocrisia da Igreja” (bocejos) e revelou que participa da Eucaristia – coitado dele, pois São Paulo apóstolo assim escreve na Primeira Carta aos Coríntios (11, 27-29):

Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação.

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Foto: Daigo Oliva/G1.

Um pecador que se recusa a abandonar o pecado e a lutar contra ele e participa da Eucaristia, comendo o pão do Senhor, e ainda por cima não distingue o corpo do Senhor de uma camisinha está caminhando alegremente para o inferno. É um dever cristão alertá-lo para os riscos que está correndo.

Mas… veja como são as coisas. Se o rapaz sai alegremente ao lado do “namorado” (este, com uma fantasia que debocha dos bispos, os sucessores dos Apóstolos e dirigentes da Igreja) ridicularizando o Santo Padre, o sucessor de São Pedro, chefe máximo da Igreja Católica, e ainda faz troça do maior de todos os sacramentos, do qual ele mesmo diz participar, em um ato blasfemo que insulta os verdadeiros católicos – sim, àqueles que têm um pingo de amor por Sua Igreja e por seu líder… Isso é uma brincadeira irreverente.

Você já viu um católico fanático (têm aos montes, basta você ser contra o aborto por exemplo e já é considerado um) espancar um gay? Pregar publicamente a violência contra os homossexuais? Já viu algum membro da Igreja queimando fotos ou agredindo uma pessoa homossexual em nome da Igreja? Algum carola queimou a foto do sr. Luiz Mott em público?

Quer dizer: os católicos podem ser ofendidos e serem feitos de chacota, isso é direito, liberdade de expressão, etc. Falar que práticas homossexuais são imorais, ah isso não pode! É crime.

Afinal de contas julgamento por julgamento…Não existe pecadinho ou pecadão.

Segundo esse raciocínio torto, pisar no pé de uma pessoa e dar um tiro na cabeça da mesma seriam a mesmíssima coisa.

Ao meu entender, vocês sendo contra a pesquisa com células tronco de células totipotentes de inseminações artificiais não realizzadas, ou até mesmo do aborto,acreditam na formação da vida logo após a fecundação e formação do zigoto.Mesmo havendo inúmeros estudos dizendo que não é bem assim, e outros que indicam que sim que é assim sim.

Pedir lógica à moça seria demais. Vejam: caso não haja consenso na comunidade científica sobre o momento em que começa uma vida humana, como ela admite, haveria a possibilidade de 50 por cento de estarmos certos ou errados ao afirmarmos que a vida começa no momento da concepção. Ora, se não há certeza de que aquele embrião é um ser humano, também não há certeza contrária, certo? Muito bem. Então, ao destruir aquele embrião, há uma possibilidade em 50 por cento de se estar matando uma pessoa. Não seria no mínimo prudente então evitar a destruição de embriões, pela simples dúvida (que é legítima, qualquer pessoa honesta tem que admitir) de que pode-se estar cometendo um crime contra vidas humanas?

Se vocês acreditam piamente em só uma verdade assim como séculos atrás acreditava-se que a Terra era quadrada, que o façam.

Terra quadrada? Quem acreditava que a Terra era quadrada? Você fumou ou cheirou alguma coisa antes de escrever isso?

Só não se achem no direito de julgar o pecador ou o pecado que seja, por que pelo pouco que sei, acredito que Deus nenhum deu autonomia a nenhum mero humano a julgar nada, nem ninguém.

Você não sabe é nada. Deus, através de Jesus Cristo, deu autonomia à sua Igreja de transmitir aos homens a Palavra de Deus, conforme lhe foi ensinada. E a Palavra de Deus é clara: relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são pecaminosas. Como se não bastasse a Bíblia, há o Magistério da Igreja bastante explícito a esse respeito. Simples, assim.

No mais, não custa repetir: é por amor aos homossexuais que devemos nós católicos alertá-los e conscientizá-los de seu pecado. É pelo desejo sincero de que se salvem, pois “assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”. (Lucas 15, 7).

Carta aberta ao Pe. Fábio de Melo

Por Gustavo Souza.

Reverendíssimo Pe. Fábio de Melo,

Em primeiro lugar, conceda-me a sua bênção!

Escrevo-lhe para fazer algumas observações e questionamentos a respeito das suas colocações durante uma entrevista recentemente concedida ao Programa do Jô.

Caso não saiba, algumas das suas declarações geraram grande indignação entre os católicos. Sobretudo nos blogs e sites católicos multiplicaram-se as críticas e manifestações de repúdio a algumas de suas posições expressas na citada entrevista. Sem dúvida, houve diversas respostas adequadas e enriquecedoras; contudo, parece que essas felizes colocações soçobraram ante uma avalanche de afirmações imprecisas, imprudentes e, em alguns casos, incorretas.

Uma das suas primeiras assertivas, que a mim causou muito espanto e preocupação, foi a de que “precisamos nos despir dessa arrogância de que nós somos proprietários da verdade suprema”. De fato, “donos” da verdade nós não somos. Mas nós a conhecemos! A Verdade é Cristo, e não há outra. Afirmações da natureza desta que o senhor proferiu induzem as pessoas a crer que a verdade é relativa ou até mesmo que não existe. Quando, na realidade, nem uma coisa nem outra procedem. Foi à Igreja que Cristo confiou a missão de ensinar e zelar pela Verdade. Quando, muitas vezes, pessoas imbuídas de um espírito de falso-ecumenismo admitem que todo aquele que prega diferente da Igreja, está ‘certo dentro da sua realidade’, está-se falseando a autêntica Doutrina, segundo a qual a verdade é objetiva, acessível, única, eterna (vide Tomás de Aquino, in De Veritatis). Outrossim, ao falar em uma “verdade suprema”, subentende-se que há uma ou mais verdades inferiores, submissas. O que não é também correto. Se existe uma, e somente uma, verdade, não há porque falar em verdade “suprema”. Fazendo uso de uma associação lógica, se – como diz o adágio latino – ubbi Ecclesia, ibbi Christus (onde está a Igreja, aí está Cristo); e se Cristo é a Verdade (Jo 14,6); então a Verdade está na Igreja. Por acaso é arrogante, feio ou pecaminoso apontar aos homens aquilo que eles às apalpadelas procuram há séculos? Se os homens estão sedentos de Verdade não podemos nós saciar-lhes mostrando onde ela se encontra?

E como explicar que, ao falar da condição adâmica do homem, o senhor tenha adotado a interpretação modernista segundo a qual a historicidade das escrituras fica reduzida ao nível das histórias da carochinha?! Dizer que Adão é uma imagem simbólica, metafórica, “fabulesca”, não faz parte da Doutrina Católica! O fato de a linguagem empregada no livro de Gênesis ser recheada de simbolismo não elimina o fato de que os acontecimentos nele narrados tenham se dado no tempo e no espaço tal como foram escritos. A interpretação literal complementa e enriquece a hermenêutica que se pode fazer a partir dos símbolos. Não é assim que ensina a Igreja?

Depois o senhor falou que durante muito tempo “nós (subentenda-se: Igreja) fomos omissos”. Parece-me que essa omissão se referia às questões ecológicas. Pelo amor de Deus, padre! A missão da Igreja é salvar a Amazônia ou salvar as almas? Que conversa é essa de “cristificação do universo”? Por que dar atenção a isso quando tantas almas se perdem na imoralidade, na heresia, na inércia espiritual?

Em seguida, veio aquela colocação, esdrúxula e totalmente non sense, de que a Igreja – que se considerava barca de Pedro – após o Concílio Vaticano II passou a se enxergar como Povo de Deus. Devo informar-lhe que a Igreja permanece sendo barca de Pedro, e o povo de Deus é – por assim dizer – a tripulação desta barca. Onde é que houve mudança na compreensão da eclesiologia?

Entre as críticas feitas pelos blogueiros, salientava-se a sua posição – no mínimo, omissa – quando o apresentador Jô Soares comentou que achava um absurdo que a Igreja considerasse que o matrimônio servia apenas à procriação. Pergunto: por que o senhor não afirmou, como ensina a Igreja, que o matrimônio tem duas finalidades: a unitiva e a procriativa? Por que não disse que, sim, o amor dos esposos importa e ele é – ou, pelo menos, deve ser – expresso pela unidade (de pensamento e de vontade) que os cônjuges demonstram em todas e cada uma de suas ações? Era tão simples desfazer a argumentação errônea do entrevistador e, ao mesmo tempo, aproveitar para instruir as pessoas segundo a Sã Doutrina! Pior que não ter ensinado no momento oportuno, foi o senhor afirmar que “o nosso discurso já mudou”! Diga-me, Pe. Fábio, acaso a doutrina imutável da Igreja perdeu a sua imutabilidade? O senhor crê, convictamente, que a Igreja está, dia após dia, se amoldando à mentalidade atual? Não seria missão da Esposa de Cristo formar na sociedade uma mentalidade cristã, isto é, fomentar um novo modo de pensar e de viver que esteja impregnado do perfume de Cristo? Ou é o contrário: o mundo é que deve catequizar a Igreja?

Em outro momento da entrevista o senhor afirmou que não “conseguia” celebrar a missa todos os dias? Não lhe parece estranho, e prejudicial, que a sua “agenda” não permita que o senhor celebre todos os dias a Eucaristia? Qual deve ser o centro da vida do sacerdote: o altar ou o palco? E quanto ao breviário? A sua “agenda” permite que o senhor o reze diariamente (considerando que não fazê-lo é pecado grave para o sacerdote)?

Depois veio a pergunta: “o senhor teve experiências sexuais antes de ser padre?” Creio um homem que consagrou (frise-se o termo: consagrou) sua sexualidade a Deus não deveria expor sua intimidade diante do público. Mas, já que a pergunta indecorosa foi feita, a resposta que esperei foi algo no sentido de fazer o interlocutor entender que aquela questão era de ordem privada; que não convinha ser tratada em público. Em resumo: algo como “não é da sua conta!”. Porém, que fez o senhor? Respondeu que teve, sim, experiências sexuais precedentes, mas “às escondidas”! Caro Pe. Fábio, o senhor acha que convém dar uma resposta deste tipo? Isso não induziria as pessoas a pensar que não existem padres castos (considerando que muitos confundem castidade com virgindade)? Isso não estimularia as pessoas a crer na falácia segundo a qual todo jovem já teve, tem ou deve ter experiências sexuais que precedam a sua decisão vocacional?

O senhor comentou, ainda, que “para a gente ser padre, a gente tem que ter amado na vida. É impossível (grifos meus) fazer uma opção pelo celibato, pela vida consagrada, se eu não tiver tido uma experiência de amar alguém de verdade”. O senhor acha, realmente, que o homem que nunca amou uma mulher não sabe amar? Baseado em que o senhor diz isso? Que dizer então do meu pároco que, tendo ido para o seminário aos 11 anos, nunca namorou? Ele é menos feliz por causa disso? Menos decidido pelo sacerdócio? Não creio que isso proceda.

O que se viu nessa malfadada entrevista à rede globo foi a apresentação de um comunicador, um cantor, um filósofo, um homem qualquer. Pudemos enxergar Fábio de Melo. E só. O padre passou desapercebidamente. De comunicadores, cantores e filósofos, já basta: nós os temos em número suficiente! Precisamos de padres! Padres que são, sim, homens por natureza; mas que tiveram sua dignidade elevada pelo caráter impresso no sacramento da Ordem. Homens que não são “como quaisquer outros” porque receberam a graça e a missão de agir in persona Christi. Temos carência de ver padres que ajam, falem e – até mesmo – se vistam, em conformidade com a sua dignidade sacerdotal.

Creio que muitos destes desdobramentos que eu estou expondo não foram sequer imaginados pelo senhor no momento em que concedeu a entrevista, e enquanto respondia às perguntas. Contudo, o ônus de quem se expõe à opinião pública é, exatamente, suportar os possíveis mal-entendidos que se geram quando as palavras são compreendidas de modo diverso da intenção e da mentalidade de quem as proferiu. Espero que tudo que eu falei aqui tenha sido realmente um grande mal-entendido… Sempre cabe, contudo, esclarecer os desentendimentos mais graves que possam prejudicar não só a sua imagem, mas a da Igreja como um todo. Um ensino errado pode levar uma alma à perdição.

Perdoe-me, sinceramente, a franqueza e, talvez, a dureza em alguns momentos. Mas eu precisava lhe expor as minhas dúvidas, impressões e inquietudes com relação a essa entrevista. Se o senhor se dignar me responder esta carta, ainda que de modo breve, sucinto, ficaria imensamente grato. Despeço-me rogando mais uma vez a sua bênção e garantindo-lhe as minhas orações em favor de seu sacerdócio e de sua alma.

Gustavo Souza,

Indigno filho da Santa Igreja Católica.

Fonte: “Erguei-vos, Senhor“. Link para o texto aqui.

Por que se “desbatizar”?

Por Claudio de Cicco.

Li no jornal “O Estado de S.Paulo” do dia 13.04.2009, pág. A-14, que, na Argentina, algumas ONGs estão propondo um “desbatismo” coletivo para as pessoas que foram batizadas quando eram bebês na Igreja Católica e não desejam mais participar oficialmente dela, já que são atéias, agnósticas ou genericamente religiosas, mas indiferentes aos preceitos católicos. O movimento denominado “No em mi nombre”, ou seja, “Não em meu nome”, propõe aos argentinos que não se consideram mais católicos que enviem cartas aos bispos das cidades em que foram batizados para que “conste oficialmente dos registros da Igreja que não integram mais o rebanho”. Informa ainda o referido periódico que os ateus constituem um grupo em rápido crescimento naquele país, congregando 11,3 % da população.

Infelizmente, parece não se tratar de uma brincadeira de mau gosto, mas de um claro desejo de renegar o próprio Batismo. Inúmeras pessoas se proclamam “católicos não-praticantes” ou “católicos sem convicção”, mas, mesmo em tais casos, ninguém clara e abertamente deseja anular o ato que, quando recém-nascidos, as ligou à Igreja Católica. Portanto, trata-se de algo novo e radical, um repúdio público e notório do próprio Batismo.

Passado o primeiro choque, reparamos, no entanto, em algo curioso: se este ato coletivo de “desbatismo” provém do número crescente de ateus e agnósticos na Argentina, por que – supondo-se que o ateu não acredita em Deus, nem em Jesus Cristo, nem na Igreja Católica – formalizar o repúdio de algo que em sua descrença não existiu? Por que anular um ato em que nossos padrinhos, em nosso nome e para nosso benefício, renunciaram ao diabo, a suas pompas e obras? A menos que sejam pessoas que sabem o que significa o sacramento do Batismo e que se sentem incomodadas por terem sido batizadas, quer dizer não atéias propriamente.

Se for este, como parece, o caso, pode-se perguntar por que não querer estar unido a Alguém que passou pela Terra fazendo o bem, não ergueu a mão senão para curar, por que não querer nada com Jesus Cristo? Por que se desligarem oficialmente da Igreja, cujos Bispos são a continuidade histórica dos Apóstolos de Jesus? Quererão por acaso renegar a Cristo e voltar à servidão do Antagonista? Por que se desligarem de algo que não existe, se são ateus e incrédulos? Ou será que se esqueceram de que foi a Igreja Católica que acabou com a escravidão generalizada em todos os países pagãos da Antiguidade, que deu à mulher uma dignidade que as leis não lhe reconheciam, considerando-a mero objeto de prazer do homem? Que foi a Igreja que, cumprindo o mandato de seu Fundador, batizou e civilizou os bárbaros e construiu a Europa que hoje conhecemos? Então, me desculpem, mas não são ateus, nem agnósticos, pois para o ateu como para o agnóstico tudo isso não tem valor algum.

Por que não desejam mais que a Igreja aja em seu nome, “Não em meu nome”? Quando a Igreja faz campanha de agasalho aos pobres, recruta missionários para cuidar dos doentes, jovens para acolherem em creches e abrigos as crianças abandonadas por seus próprios pais? Por que não quererem os adeptos do “desbatismo” ter nenhuma participação nisso?

A que ponto chegamos! O desligamento da Igreja Católica sempre foi considerado uma terrível punição: os maiores potentados da História o temiam. Henrique IV, Imperador da Alemanha, esperou uma noite inteira na neve, rente às muralhas do castelo de Canossa, para que o papa São Gregório VII levantasse a excomunhão que sobre ele pesava. Na Inglaterra, o fato de ter excomungado um barão normando, amigo do rei Henrique II da Inglaterra, pela morte de um padre, levou o Arcebispo de Cantuária, São Tomás Becket a ser martirizado em sua própria catedral…. Então tudo isso é perda de tempo? O que diriam os adeptos do “desbatismo”?

Conta-se do célebre romancista francês J.K. Huysmans que ele passou a acreditar na presença de Cristo no Santíssimo Sacramento da Eucaristia, quando, convidado por conhecidos metidos a esotéricos, assistiu a uma “missa negra”, celebrada por um padre apóstata. Tais foram os insultos e obscenidades que viu, praticadas contra a hóstia que concluiu: “Deve ser mesmo o Corpo de Cristo, senão eles não perderiam tanto tempo com uma simples rodela de pão!” E se converteu ao Catolicismo, escrevendo livros edificantes como “A Catedral”.

De quem virá a ordem “Ide e desbatizai”? Certamente daquele Príncipe deste mundo, seguido por aqueles infelizes que, na dura expressão de São Pedro Apóstolo, “como cães voltaram ao seu vomito.” (II Pedro, 2,22).

Jesus, no entanto, disse a seus discípulos, com infinito amor: “Ide e ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo” (Mt, 28,19). De Huysmans, podemos tirar uma grande lição: nosso Batismo vale muito, pois nos marca com o sinal do Filho de Deus.

Fonte: Catolicanet.