Mensagem do dia (17/12/2022)

De nada serve dizer que Nosso Senhor, filho da Virgem Maria, é realmente homem, se não se crê que Ele o é da maneira como o Evangelho o proclama. Quando Mateus nos fala «da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão», desenha, a partir da origem da humanidade, a linhagem das gerações até José, de quem Maria estava noiva. Lucas, pelo contrário, sobe os sucessivos graus para conduzir ao início do gênero humano, e mostra assim que o primeiro e o último Adão são da mesma natureza.

São Leão Magno (Papa).

Mensagem do dia (11/11/2018)

No Evangelho de Lucas, o Senhor ensina como devemos ser misericordiosos e generosos para com os pobres, sem nos determos a pensar na nossa pobreza; porque a generosidade não se avalia segundo a abundância do patrimônio, mas segundo a disposição de dar. É por isso que a palavra do Senhor deu preferência entre todos à viúva, acerca da qual diz: “Esta viúva deu mais do que todos”.

Santo Ambrósio.

A caridade que movia Zilda Arns: fazer o bem e dizer a verdade

No trágico terremoto acontecido no Haiti, no dia 12 de janeiro próximo passado, faleceu a fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns. Trabalhando principalmente em prol das crianças mais necessitadas, aqueles a quem Jesus chamou os “pequeninos”, Zilda pereceu no cumprimento do dever, entre os pobres, os desvalidos, aqueles que mais precisam de apoio material. Aos 75 anos de idade, poderia ter se recolhido a uma justa aposentadoria e passar mais tempo com familiares, cuidando de netos e tratando apenas de assuntos particulares: já teria feito muito durante sua vida. Entretanto, abriu mão do conforto que lhe era acessível em prol de outras pessoas, justamente aquelas que jamais lhe poderiam recompensar.

Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos (Lucas 14, 12-14).

É interessante que, nesta hora, tantos políticos e tantas autoridades se manifestem sobre seu falecimento, todos expressando condolências e pesares, ressaltando seu trabalho assistencial e de promoção da saúde entre os mais desvalidos. Uma grande perda, são unânimes em afirmar. Mas entre todas as notas, chamou-me a atenção o fato de nenhuma mencionar a firme e sempre reiterada oposição de Zilda Arns à liberação do aborto.

Comportando-se sempre em coerência com os princípios católicos, Zilda Arns não fazia concessões neste assunto. Poderia ter sido politicamente correta, calando-se sobre o tema ou repetindo slogans evasivos, tais como “temos que combater o ‘pecado social’ (seja lá o que isso signifique…), o que faz com que mulheres recorram ao aborto, essa sociedade injusta, a desigualdade social, a pobreza, bla bla bla bla…”

NÃO! POBREZA NÃO É JUSTIFICATIVA PARA ASSASSINATO! E temos que enfrentar a questão de frente: aborto é homicídio. Simples assim. Zilda Arns defendia enfaticamente esses pontos de vista “polêmicos” e, convenientemente, a grande mídia se “esqueceu” de mencioná-los nos diversos epitáfios que exaltavam a coragem e a determinação da médica pediatra. Vocês aí, leitores, acreditam que tal silêncio seja uma mera coincidência?

Comprometida que está até o último fio de cabelo com a causa abortista, seja por dinheiro, por safadeza ou estupidez mesmo, a grande mídia não poderia dar destaque a esse aspecto importantíssimo da atividade de Zilda Arns: a luta contra o aborto. A verdade é que em nossos dias é muito fácil fazer “boas ações”, principalmente com dinheiro alheio obtido através de fundações internacionais, isenções de impostos, doações de filantropos ou repasses do governo. “Fazer o bem” tornou-se profissão para muitos ongueiros oportunistas, que enchem a barriga vazia de alguns, além dos próprios bolsos, sem esquecer de encher o próprio ego quando o público em geral vê suas “ações sociais” divulgadas na imprensa e os parabeniza, como uma platéia que bate palmas em um show de auditório. “Boas ações”, como todos sabemos, dá bastante ibope.

Mas “fazer o bem” e “falar a verdade”, ah isso meu caro… São coisas bastante diferentes e que, infelizmente, hoje em dia nem sempre andam de mãos dadas. Entretanto, São Paulo nos recorda:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! (I Coríntios 13,1-3).

Esta passagem bíblica, que até virou musiquinha melosa de banda pop, é bastante eloqüente: “boas ações” não significam o mesmo que caridade. E sem caridade, não há salvação. Diz o Catecismo da Igreja Católica a respeito do tema:

1822. A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas por Ele mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.
1824. Fruto do Espírito e plenitude da Lei, a caridade guarda os mandamentos de Deus e do seu Cristo: “Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (Jo 15, 9-10).
1828. A prática da vida moral animada pela caridade dá ao cristão a liberdade espiritual dos filhos de Deus. O cristão já não está diante de Deus como um escravo, com temor servil, nem como o mercenário à espera do salário, mas como um filho que corresponde ao amor “d’Aquele que nos amou primeiro” (1 Jo 4, 19):
“Nós, ou nos desviamos do mal por temor do castigo e estamos na atitude do escravo, ou vivemos à espera da recompensa e parecemo-nos com os mercenários; ou, finalmente, é pelo bem em si e por amor d’Aquele que manda, que obedecemos […], e então estamos na atitude própria dos filhos” (São Basílio Magno). (Terceira Parte do Catecismo da Igreja Católica, íntegra aqui).

Só há caridade, portanto, quando se ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo neste amor; quando surge o desinteresse de si mesmo em favor do próximo, fruto deste amor; quando o bem é realizado por si mesmo, sem a espera de recompensas, bajulações e elogios de outrem; e, especialmente: a caridade guarda os mandamentos de Deus.

Zilda Arns afirmava sem medo de parecer politicamente incorreta seu posicionamento pró-vida, defendendo com firmeza o cumprimento do quinto mandamento “Não matarás”. E semeou vida por onde trabalhou, por amor a Deus e ao próximo, sem se esquivar em dizer o que deveria ser dito. Fez o bem e disse a verdade. Exaltam os feitos de Zilda Arns, ao mesmo tempo que falam muito pouco sobre o que movia suas ações – a caridade: gratuidade, amor ao próximo e, principalmente, fidelidade a Nosso Senhor Jesus Cristo e seus mandamentos.

“Não basta a gente ser a favor da vida. A gente tem que proteger a vida”.

Zilda Arns.

Vamos todos ler e divulgar os seguintes textos:

  • Zilda Arns: “O povo não quer ampliação na lei do aborto!” – Post importantíssimo do blog O Possível e o Extraordinário, quando a Dra. Zilda Arns demonstrou a falácia dos dados da Organização Mundial de Saúde sobre abortos no Brasil.
  • Zilda Arns: a mártir em defesa da vida quanto estão em evidência os mensageiros da morte – Post de Reinaldo Azevedo. Trecho: “Zilda celebrava a vida no Haiti. Os contrastes são ainda mais evidentes: enquanto ela morreu para dar a vida — e se opunha ao aborto —, outros viveram para matar, consideram o aborto uma redenção e tentam impô-lo à sociedade como medida de mero bom senso.”
  • Entrevista: Zilda Arns: Médica sanitarista e pediatra – Site Popular Catarinense. Declaração de Zilda Arns: “O aborto é um crime, não apenas contra a criança, que tem direito à vida, mas contra a própria saúde da mulher. Estudos feitos em países que liberam o aborto – e ele é feito em hospitais, com auxílio médico – mostram que as mulheres que passaram por este procedimento têm muito mais chance de desenvolver câncer de mama.”
  • Liberação do aborto volta ao debate na Câmara – Jornal O Estado de São Paulo, 28/06/2007. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, Zilda Arns afirma: “Aborto é um crime covarde e trágico porque implica em matar. Aborto legal não é o mesmo que aborto seguro”. Segundo o jornal, “Zilda Arns disse que os defensores da interrupção voluntária da gravidez (nota: eufemismo politicamente correto para aborto) usam ‘números mentirosos’ quando falam em mais de 1 milhão de abortos clandestinos por ano no País”.
  • Relator quer estatísticas mais precisas sobre o aborto – Agência Câmara, 27/06/2007. Sobre a discussão em torno do Projeto de Lei 1135/91, que legaliza o assassinato de bebês ainda no ventre materno no Brasil, outra declaração de Zilda Arns: “A Pastoral da Criança visita mais de 1,5 milhão de famílias por mês e verifica que as mulheres não querem a legalização do aborto, e sim assistência de qualidade e humanizada no pré-natal, no parto e no pós-parto”, disse.
  • “Sou absolutamente contra o aborto” – Entrevista com Zilda Arns na Revista IHU online.
  • Mortalidade materna não é motivo para legalizar aborto, diz Zilda Arns – matéria da Agência Brasil. Zilda Arns fala sobre as orientações da Pastoral da Criança: “Eu aconselho às mulheres que estão grávidas, e se for uma gravidez indesejada por estupro ou por qualquer outra maneira, que levem adiante essa gravidez, procurem a Pastoral da Criança, que é realmente forte em ensinar as mulheres a como levar a gravidez para a frente”.
  • Zilda Arns e o falso pesar de Lula – blog Contra o Aborto. Trecho: “Só o Senhor Deus sabe quem é digno ou não de vê-Lo face a face, mas eu, em minha ótica demasiadamente humana, gosto de pensar que há um bocado de festa no Céu com a chegada de Zilda Arns por lá, e que entre os que lhe acolherão estarão muitos não-nascidos que ela infelizmente não pôde salvar. Os mesmos não-nascidos que Lula e sua turma querem que suas mortes devam ser encaradas como “direito humano”.
  • Íntegra da alestra de Zilda Arns no Haiti, publicada no blog do Grupo de Estudos Veritas. Trecho significativo: “Espera-se que os agentes sociais continuem, além das referências éticas e morais de nossa Igreja, a ser como ela, mestres em orientar as famílias e comunidades, especialmente na área da saúde, educação e direitos humanos. Deste modo, podemos formar a massa crítica das comunidades cristãs e de outras religiões em favor da proteção da criança desde a concepção, e mais excepcionalmente até os seis anos, e do adolescente.” (Destaques meus)