Mensagem do dia (29/12/2013)

Meu bem-amado Jesus, Tu és o Rei do Céu e vejo-Te errar como fugitivo sob a aparência de uma criança. Que procuras? Diz-me. A Tua pobreza e o Teu abaixamento emocionam-me de compaixão; mas aquilo que me aflige mais é a negra ingratidão com que Te vejo tratado por aqueles que vieste salvar. Tu choras, e também eu choro, por ter sido um daqueles que Te desprezaram e Te perseguiram; a partir de agora, porém, preferirei a Tua graça a todos os reinos do mundo.

Santo Afonso de Ligório.

Mensagem do dia (24/12/2012)

Maria e José, sabendo que se aproxima a hora, são rejeitados pelas pessoas da cidade e vão para o campo em busca de um abrigo. Sou um pobre pastor; possuo apenas um mísero estábulo, uma pequena manjedoura, alguns tufos de palha. Ofereço-Te tudo isso; fica à vontade no meu pobre casebre. Ofereço-te o meu coração. Minha alma é pobre e desprovida de virtudes; as palhas das minhas muitas imperfeições vão espicaçar-te e tu chorarás – mas, meu Deus, o que esperas? Este pouco é tudo o que tenho. Comovo-me com a tua pobreza. Sou levado às lágrimas, mas não tenho nada melhor para dar-te. Jesus, honra a minha alma com a tua presença, enfeita-a com as tuas graças. Queima esta palha e transformá-a num divã para o teu Santíssimo Corpo.

Beato João XXIII (Papa).

Mensagem do dia (11/04/2012)

A Paixão do Senhor e sua Ressurreição mostram-nos que há duas vidas: uma para a vivermos simplesmente, a outra para a desejarmos. Não foi Jesus que se dignou levar uma pobre vida na terra por nosso amor para nos dar a vida que desejamos? Ele quer que acreditemos nisso, que acreditemos em seu amor por nós, seu anseio em partilhar conosco suas próprias riquezas, uma vez que escolheu partilhar de nossa pobreza. Foi porque todos temos de morrer que ele escolheu morrer também.

Beato João XXIII (Papa).

Mensagem do dia (23/04/2010)

Aqueles que têm muito são frequentemente avarentos. Aqueles que têm pouco partilham sempre o que têm. Não me importaria nada de dormir sobre a erva fresca, no verão, e quando viesse o Inverno, de me abrigar junto do feno quente de um celeiro, ou no luxo de um estábulo, desde que tivesse amor no coração.

Oscar Wilde.

Mensagem do dia (29/03/2010)

Sem nada tirar ao dever da caridade para com os necessitados, aos quais sempre se hão de dedicar os discípulos – ‘Pobres, sempre os tereis convosco’ –, Jesus pensa no momento já próximo da sua morte e sepultura, considerando a unção que Lhe foi feita como uma antecipação daquelas honras de que continuará a ser digno o seu corpo mesmo depois da morte, porque indissoluvelmente ligado ao mistério da sua pessoa.

Papa João Paulo II.

A caridade que movia Zilda Arns: fazer o bem e dizer a verdade

No trágico terremoto acontecido no Haiti, no dia 12 de janeiro próximo passado, faleceu a fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns. Trabalhando principalmente em prol das crianças mais necessitadas, aqueles a quem Jesus chamou os “pequeninos”, Zilda pereceu no cumprimento do dever, entre os pobres, os desvalidos, aqueles que mais precisam de apoio material. Aos 75 anos de idade, poderia ter se recolhido a uma justa aposentadoria e passar mais tempo com familiares, cuidando de netos e tratando apenas de assuntos particulares: já teria feito muito durante sua vida. Entretanto, abriu mão do conforto que lhe era acessível em prol de outras pessoas, justamente aquelas que jamais lhe poderiam recompensar.

Quando deres alguma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem os parentes, nem os vizinhos ricos. Porque, por sua vez, eles te convidarão e assim te retribuirão. Mas, quando deres uma ceia, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Serás feliz porque eles não têm com que te retribuir, mas ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos (Lucas 14, 12-14).

É interessante que, nesta hora, tantos políticos e tantas autoridades se manifestem sobre seu falecimento, todos expressando condolências e pesares, ressaltando seu trabalho assistencial e de promoção da saúde entre os mais desvalidos. Uma grande perda, são unânimes em afirmar. Mas entre todas as notas, chamou-me a atenção o fato de nenhuma mencionar a firme e sempre reiterada oposição de Zilda Arns à liberação do aborto.

Comportando-se sempre em coerência com os princípios católicos, Zilda Arns não fazia concessões neste assunto. Poderia ter sido politicamente correta, calando-se sobre o tema ou repetindo slogans evasivos, tais como “temos que combater o ‘pecado social’ (seja lá o que isso signifique…), o que faz com que mulheres recorram ao aborto, essa sociedade injusta, a desigualdade social, a pobreza, bla bla bla bla…”

NÃO! POBREZA NÃO É JUSTIFICATIVA PARA ASSASSINATO! E temos que enfrentar a questão de frente: aborto é homicídio. Simples assim. Zilda Arns defendia enfaticamente esses pontos de vista “polêmicos” e, convenientemente, a grande mídia se “esqueceu” de mencioná-los nos diversos epitáfios que exaltavam a coragem e a determinação da médica pediatra. Vocês aí, leitores, acreditam que tal silêncio seja uma mera coincidência?

Comprometida que está até o último fio de cabelo com a causa abortista, seja por dinheiro, por safadeza ou estupidez mesmo, a grande mídia não poderia dar destaque a esse aspecto importantíssimo da atividade de Zilda Arns: a luta contra o aborto. A verdade é que em nossos dias é muito fácil fazer “boas ações”, principalmente com dinheiro alheio obtido através de fundações internacionais, isenções de impostos, doações de filantropos ou repasses do governo. “Fazer o bem” tornou-se profissão para muitos ongueiros oportunistas, que enchem a barriga vazia de alguns, além dos próprios bolsos, sem esquecer de encher o próprio ego quando o público em geral vê suas “ações sociais” divulgadas na imprensa e os parabeniza, como uma platéia que bate palmas em um show de auditório. “Boas ações”, como todos sabemos, dá bastante ibope.

Mas “fazer o bem” e “falar a verdade”, ah isso meu caro… São coisas bastante diferentes e que, infelizmente, hoje em dia nem sempre andam de mãos dadas. Entretanto, São Paulo nos recorda:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria! (I Coríntios 13,1-3).

Esta passagem bíblica, que até virou musiquinha melosa de banda pop, é bastante eloqüente: “boas ações” não significam o mesmo que caridade. E sem caridade, não há salvação. Diz o Catecismo da Igreja Católica a respeito do tema:

1822. A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas por Ele mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.
1824. Fruto do Espírito e plenitude da Lei, a caridade guarda os mandamentos de Deus e do seu Cristo: “Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (Jo 15, 9-10).
1828. A prática da vida moral animada pela caridade dá ao cristão a liberdade espiritual dos filhos de Deus. O cristão já não está diante de Deus como um escravo, com temor servil, nem como o mercenário à espera do salário, mas como um filho que corresponde ao amor “d’Aquele que nos amou primeiro” (1 Jo 4, 19):
“Nós, ou nos desviamos do mal por temor do castigo e estamos na atitude do escravo, ou vivemos à espera da recompensa e parecemo-nos com os mercenários; ou, finalmente, é pelo bem em si e por amor d’Aquele que manda, que obedecemos […], e então estamos na atitude própria dos filhos” (São Basílio Magno). (Terceira Parte do Catecismo da Igreja Católica, íntegra aqui).

Só há caridade, portanto, quando se ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo neste amor; quando surge o desinteresse de si mesmo em favor do próximo, fruto deste amor; quando o bem é realizado por si mesmo, sem a espera de recompensas, bajulações e elogios de outrem; e, especialmente: a caridade guarda os mandamentos de Deus.

Zilda Arns afirmava sem medo de parecer politicamente incorreta seu posicionamento pró-vida, defendendo com firmeza o cumprimento do quinto mandamento “Não matarás”. E semeou vida por onde trabalhou, por amor a Deus e ao próximo, sem se esquivar em dizer o que deveria ser dito. Fez o bem e disse a verdade. Exaltam os feitos de Zilda Arns, ao mesmo tempo que falam muito pouco sobre o que movia suas ações – a caridade: gratuidade, amor ao próximo e, principalmente, fidelidade a Nosso Senhor Jesus Cristo e seus mandamentos.

“Não basta a gente ser a favor da vida. A gente tem que proteger a vida”.

Zilda Arns.

Vamos todos ler e divulgar os seguintes textos:

  • Zilda Arns: “O povo não quer ampliação na lei do aborto!” – Post importantíssimo do blog O Possível e o Extraordinário, quando a Dra. Zilda Arns demonstrou a falácia dos dados da Organização Mundial de Saúde sobre abortos no Brasil.
  • Zilda Arns: a mártir em defesa da vida quanto estão em evidência os mensageiros da morte – Post de Reinaldo Azevedo. Trecho: “Zilda celebrava a vida no Haiti. Os contrastes são ainda mais evidentes: enquanto ela morreu para dar a vida — e se opunha ao aborto —, outros viveram para matar, consideram o aborto uma redenção e tentam impô-lo à sociedade como medida de mero bom senso.”
  • Entrevista: Zilda Arns: Médica sanitarista e pediatra – Site Popular Catarinense. Declaração de Zilda Arns: “O aborto é um crime, não apenas contra a criança, que tem direito à vida, mas contra a própria saúde da mulher. Estudos feitos em países que liberam o aborto – e ele é feito em hospitais, com auxílio médico – mostram que as mulheres que passaram por este procedimento têm muito mais chance de desenvolver câncer de mama.”
  • Liberação do aborto volta ao debate na Câmara – Jornal O Estado de São Paulo, 28/06/2007. Em audiência pública na Câmara dos Deputados, Zilda Arns afirma: “Aborto é um crime covarde e trágico porque implica em matar. Aborto legal não é o mesmo que aborto seguro”. Segundo o jornal, “Zilda Arns disse que os defensores da interrupção voluntária da gravidez (nota: eufemismo politicamente correto para aborto) usam ‘números mentirosos’ quando falam em mais de 1 milhão de abortos clandestinos por ano no País”.
  • Relator quer estatísticas mais precisas sobre o aborto – Agência Câmara, 27/06/2007. Sobre a discussão em torno do Projeto de Lei 1135/91, que legaliza o assassinato de bebês ainda no ventre materno no Brasil, outra declaração de Zilda Arns: “A Pastoral da Criança visita mais de 1,5 milhão de famílias por mês e verifica que as mulheres não querem a legalização do aborto, e sim assistência de qualidade e humanizada no pré-natal, no parto e no pós-parto”, disse.
  • “Sou absolutamente contra o aborto” – Entrevista com Zilda Arns na Revista IHU online.
  • Mortalidade materna não é motivo para legalizar aborto, diz Zilda Arns – matéria da Agência Brasil. Zilda Arns fala sobre as orientações da Pastoral da Criança: “Eu aconselho às mulheres que estão grávidas, e se for uma gravidez indesejada por estupro ou por qualquer outra maneira, que levem adiante essa gravidez, procurem a Pastoral da Criança, que é realmente forte em ensinar as mulheres a como levar a gravidez para a frente”.
  • Zilda Arns e o falso pesar de Lula – blog Contra o Aborto. Trecho: “Só o Senhor Deus sabe quem é digno ou não de vê-Lo face a face, mas eu, em minha ótica demasiadamente humana, gosto de pensar que há um bocado de festa no Céu com a chegada de Zilda Arns por lá, e que entre os que lhe acolherão estarão muitos não-nascidos que ela infelizmente não pôde salvar. Os mesmos não-nascidos que Lula e sua turma querem que suas mortes devam ser encaradas como “direito humano”.
  • Íntegra da alestra de Zilda Arns no Haiti, publicada no blog do Grupo de Estudos Veritas. Trecho significativo: “Espera-se que os agentes sociais continuem, além das referências éticas e morais de nossa Igreja, a ser como ela, mestres em orientar as famílias e comunidades, especialmente na área da saúde, educação e direitos humanos. Deste modo, podemos formar a massa crítica das comunidades cristãs e de outras religiões em favor da proteção da criança desde a concepção, e mais excepcionalmente até os seis anos, e do adolescente.” (Destaques meus)

Morre aos 89 anos Dom Boaventura Kloppenburg

Bispo emérito de Novo Hamburgo era um dos nomes mais polêmicos da Igreja


Uma das vozes mais polêmicas da Igreja Brasileira se calou na tarde desta sexta-feira. Conhecido pela crítica acirrada ao marxismo e à teologia da libertação, o bispo emérito de Novo Hamburgo, Dom Boaventura Kloppenburg, morreu, por volta das 14h30min, aos 89 anos, no Hospital Regina, no município do Vale do Sinos.

Ele estava internado desde o dia 26 de abril, por complicações respiratórias. A missa de corpo presente será neste domingo, às 16h, na  Catedral São Luiz de Novo Hamburgo, onde após a cerimônia também será realizado o enterro.

Bispo da diocese da cidade por nove anos, de 1985 a 1994, deixou um legado de polêmicas e erudição. Foi autor de cerca de 90 livros, conforme seu sobrinho e biógrafo, José Alfredo Schierholt. O último, Creio na Vida Eterna, publicado no ano passado, é uma espécie de testamento espiritual.

Desde que se aposentou, ao completar 75 anos, morava com a irmã Josefina Kloppenburg, freira, na casa da pastoral localizada ao lado da catedral da cidade. Nascido em 1919 em Oldenburg, na Alemanha, foi o sétimo de nove filhos, batizado como Carlos José.

Com as dificuldades enfrentadas pela família devido à I Guerra Mundial, a família emigrou para o Brasil em 1924, quando Kloppenburg tinha quatro anos, e se estabeleceu no município gaúcho de Rolante.

Na década de 30, iniciou a vida religiosa no Seminário Menor da Sagrada Família, em Santo Ângelo. Tornou-se franciscano em dezembro de 1941, quando adotou o nome de Frei Boaventura, e foi ordenado em 1946. Foi único brasileiro a participar do Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965.

Preocupado com questões teológicas e pastorais da América Latina, o religioso dirigiu o Instituto de Teologia e Pastoral para a América Latina, em Medellín, na Colômbia. Nos anos 60, quando liderava a editora Vozes, dom Boaventura Kloppenburg admitiu como secretário o então estudante Leonardo Boff. Poucos anos depois, a Teologia da Libertação colocaria os dois religiosos em posições opostas.

— A Teologia da Libertação se baseava no marxismo, e isso eu não pude aceitar — disse em entrevista à Zero Hora, em 1995.

Suas críticas ferozes à Teologia da Libertação — que defende a atuação da Igreja na resolução dos problemas sociais — acabaram lhe granjeando a fama de homem rígido e severo. Mas quem o conhecia ressaltava sua cordialidade e seu bom-humor. Características que lhe valeram a amizade do papa João Paulo II, cultivada desde 1974, quando ambos prepararam um trabalho durante um sínodo de bispos.

Entre 1975 e 1976, Kloppenburg ingressou na Comissão Teológica Internacional, onde conheceu Joseph Ratzinger, hoje o Papa Bento XVI, quando ambos eram padres e foram colegas de estudos. Quando ocupava o posto de bispo auxiliar em Salvador (BA), no início da década de 1980, sentiu saudades do sul do Brasil e, em setembro de 1986, se tornou bispo de Novo Hamburgo.

Frases

“O problema da miséria e da pobreza deve ser resolvido pelo governo e pela sociedade, não pela Igreja”

“O (Leonardo) Boff ficou tão contrariado com as minhas críticas que , quando assumiu a direção da Editora Vozes, proibiu a publicação de minhas obras. Ele, que tanto reclamou da censura do Vaticano, foi o censor mais implacável que eu tive.”

“A preparação e a inteligência de Boff são excelentes. Se ele não tivesse sido tão arrogante poderia estar aí, nos ajudando”

“Existe um ditado que diz: vá reclamar para o bispo. Muitos fiéis seguem esse conselho e a gente acaba cansando”

A trajetória

As principais realizações da vida eclesiástica de Boaventura Kloppenburg:

1919: Nasce em Oldenburg, na Alemanha, em uma família de forte tradição católica e repleta de padres.

1923: Sua família muda-se para Rolante, no Rio Grande do Sul, de onde logo se transfere para uma propriedade rural no interior de Bagé, hoje município de Hulha Negra.

1934: Decidido a virar padre, ingressa no seminário de São Leopoldo, onde estuda Teologia por três anos.

1941: Muda-se para Petropólis, no Rio de Janeiro, para estudar Teologia.

1946: Ordena-se padre e vai estudar Teologia Dogmática em Roma.

1951: Volta para o Brasil, onde ensina na Faculdade de Petrópolis até 1973.

Anos 50 e 60 – Dirige a Editora Vozes e publica, por mais de 20 anos, a Revista Eclesiástica Brasileira. Estuda o espiritismo, a umbanda e a maçonaria em profundidade, escrevendo livros, artigos e folhetos sobre essas seitas.

1962 – 1965: É o único brasileiro a participar do Concílio Vaticano II, sobre o qual publicou uma obra em cinco volumes.

1974 – 1982: Vai para Medellín como reitor do Instituto Pastoral da Colômbia.

1975 – 1990: É o único brasileiro a integrar a Pontifícia Comissão Teológica Internacional.

1982: É nomeado bispo auxiliar de Salvador, na Bahia.

1985: Assume a Diocese de Novo Hamburgo, que abrange 22 municípios, 44 paróquias e cerca de 700 mil fiéis.

1994: Apresenta sua renúncia ao bispado, em 2 de novembro, ao completar 75 anos.

Fonte: Zero Hora.

Meu comentário:

A Dom Boaventura, só poderia dizer: obrigado! Seu livro “Espiritismo: orientação para católicos” ajudou-me imensamente a superar essa doutrina infame, a qual marcou minha adolescência.

E sobre ter fama de “homem rígido e severo”, qualquer um que combata o bom combate será taxado assim pelos inimigos de Nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Igreja.

Que o Pai o tenha em Seus braços!

O que a mídia não disse sobre a mensagem do Papa em sua viagem à Africa

ÁFRICA/CAMARÕES – Os Bispos de Camarões manifestam a sua tristeza, pois os meios de comunicação esqueceram os aspectos essenciais da mensagem africana do Santo Padre sobre a pobreza, sobre a reconciliação, sobre a justiça e a paz

Yaoundé (Agência Fides) – Os Bispos de Camarões estão “indignados” pelo modo que a imprensa apresentou parcialmente a resposta do Papa Bento XVI a um jornalista sobre o empenho da Igreja em combater a difusão da AIDS na África, que “oculta a ação da Igreja na luta contra a AIDS e em cuidar dos doentes”.

“É principalmente estarrecedor”, continua a nota da Conferência Episcopal Camaronense, enviada à Agência Fides, “que a imprensa queira fazer crer na existência de uma insatisfação da opinião pública camaronense durante a visita do Santo Padre, em consequência das suas declarações”.

“O Episcopado camaronense ressalta que os camaronenses receberam com alegria e entusiasmo o Papa Bento XVI, confirmando assim a sua lendária hospitalidade. Não nega a realidade da AIDS, nem os seus efeitos devastadores nas famílias de Camarões”.

Os Bispos destacam que o “Santo Padre coloca o homem no centro das suas preocupações e recorda o ensinamento de Cristo e da Igreja”.

Esta preocupação esta bem presente na vida da Igreja de Camarões, como foi demonstrado “pelo empenho da Igreja católica em relação às pessoas que convivem com o vírus da AIDS, à assistência às pessoas soropositivas e doentes que são uma das prioridades para a Igreja católica”. Um empenho que visa valorizar “a dignidade dos filhos adotivos de Deus”, que nos “obriga a ter um novo olhar sobre o outro e sobre o mundo. Ao invés de buscar paliativos, a Igreja propõe ao homem os valores eternos”.

“A Igreja católica está empenhada diariamente na luta contra a AIDS. Para isso criou as instalações adequadas para acolher, para a assistência e o tratamento das pessoas atingidas pelo vírus HIV. Esta assistência é ao mesmo tempo, moral, psicológica, nutricional, médica e espiritual. Eis a primeira mensagem do Santo Padre sobre a AIDS” afirmam os Bispos.

“Ao lado dessa ação multiforme e constante – continua a declaração- a Igreja, força moral, tem o dever imperativo de recordar aos cristãos que toda prática sexual fora do matrimônio é perigosa e favorece a disseminação da AIDS. Por isso, a Igreja prega a abstinência aos solteiros e a fidelidade conjugal do casal. É o seu dever e não pode deixar de fazê-lo. É esta a segunda mensagem do Santo Padre”.

Uma mensagem articulada que foi mal interpretada, “em consequência, os Bispos de Camarões entristecem-se com o fato de que os meios de comunicação, principalmente ocidentais, tenham esquecido os outros aspectos não menos essenciais da mensagem africano do Santo Padre sobre a pobreza, sobre a reconciliação, sobre a justiça e a paz. Isso é muito grave, uma vez que se conhece o número de mortes causadas por outras doenças na África sobre as quais não há nenhuma publicidade; quando se sabe do número de mortes causadas na África pelas lutas fratricidas, devido à injustiça e à pobreza”. (L.M.)

Fonte: Agência Fides.

Aborto não é «saúde reprodutiva», afirma Papa

Faz-se porta-voz do sofrimento das famílias com a pobreza

LUANDA, sexta-feira, 20 de março de 2009 (ZENIT.org).- Bento XVI afirmou nesta sexta-feira na capital angolana que o aborto constitui a eliminação de uma pessoa, motivo pelo qual não pode ser disfarçado de instrumento de «saúde reprodutiva».

O Papa colocou-se ao lado das famílias africanas que sofrem dificuldades com a pobreza, no discurso que pronunciou no Palácio Presidencial, residência do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, em presença das autoridades políticas, civis e do corpo diplomático em Luanda.

O Santo Padre denunciou que «também aqui se abatem numerosas pressões sobre as famílias: ânsia e humilhação causadas pela pobreza, desemprego, doença, exílio… para mencionar apenas algumas».

«Particularmente inquietante é o jugo opressivo da discriminação sobre mulheres e jovens meninas, para não falar daquela prática inqualificável que é a violência e exploração sexual que lhes causa tantas humilhações e traumas.»

O bispo de Roma confessou que há «uma nova área de grave preocupação: as políticas de quantos, com a miragem de fazer avançar o «edifício social», estão ameaçando os seus próprios alicerces».

«Que amarga é a ironia daqueles que promovem o aborto como um dos cuidados de saúde «materna»! Como é desconcertante a tese de quantos defendem a supressão da vida como uma questão de saúde reprodutiva», afirmou, citando o Protocolo de Maputo, (art. 14).

Por sua parte, assegurou, a Igreja se encontrará «sempre – por vontade do seu Fundador divino – ao lado dos mais pobres deste continente».

«Posso assegurar-vos que ela, através de iniciativas diocesanas e inumeráveis obras educativas, sanitárias e sociais das diversas ordens religiosas, continuará a fazer tudo o possível para apoiar as famílias, nomeadamente feridas pelos trágicos efeitos da AIDS, e promover a igual dignidade de homens e mulheres na base de uma harmoniosa complementaridade», disse.

Fonte: Zenit.

Igreja e AIDS na África

Em 2004, a Santa Sé apresentou a Fundação “O Bom Samaritano”, uma espécie de Fundo Global da Igreja Católica que tem como objectivo ajudar economicamente os doentes mais necessitados, de modo particular os contaminados pelo HIV.

O esforço da Igreja Católica concentra-se na capacitação de profissionais da saúde, prevenção, cuidado, assistência e acompanhamento quer dos doentes quer dos seus familiares.

Dados do ONUAIDS* mostram que mais de um quarto de todas as instituições ligadas ao tratamento dos doentes de AIDS são iniciativa da Igreja Católica, sobretudo nos países mais pobres.

Os religiosos e religiosas da Igreja Católica são responsáveis pelos cuidados e a assistência a 27% dos doentes de AIDS em todo o mundo, uma resposta que nem sempre é visível, obscurecida pela atenção quase exclusiva que se reservou à questão do preservativo.

Os institutos religiosos estão empenhados em várias frentes: tratamento médico, prevenção geral, prevenção da transmissão mãe-filho, cuidados dos órfãos e das famílias atingidas, assistência espiritual, educação sexual e, por fim a pesquisa, em especial para se encontrar uma vacina contra a doença.

A Igreja Católica está particularmente activa na África austral, onde a pandemia da AIDS alcançou a difusão de 30% na população entre 25 e 40 anos e onde houve uma queda da expectativa de vida de 60 para 35 anos.

Segundo a OMS, pelo menos 30% das infra-estruturas de saúde na África estão ligadas a instituições religiosas.

Um projecto: DREAM

A AIDS apresenta-se na África associada a outros problemas: a pobreza, a desnutrição, a tuberculose, a malária, o escasso nível de educação sanitária, só para citar alguns exemplos. Extirpar a infecção por HIV deste contexto, não é possível. É necessária uma maior admissão de responsabilidade: não só e não tanto em relação à doença, a AIDS, mas sobretudo, em relação ao sistema sanitário, o africano.

A luta contra a AIDS, nessa perspectiva, pode tornar-se no banco de prova de uma globalização mais responsável, mais humana, de um empenho em contracorrente em relação ao crescente desinteresse internacional para com a África.

A Comunidade católica de Santo Egídio entendeu responder elaborando e promovendo o programa DREAM (Drug Resource Enhancement against AIDS and Malnutrition), contra a AIDS e a desnutrição.

DREAM representa a realização de um sonho (significado da palavra em inglês), uma abordagem diferente à AIDS que unisse prevenção e terapia, uma abordagem diferente a todo o universo sanitário africano, sem as correntes do pessimismo e da resignação.

Este programa de luta contra o HIV/AIDS na África permitiu assistir mais de 25 mil pacientes, para além de ter oferecido tratamento preventivo a mais de 20 mil adultos e crianças.

Os 19 centros presentes em seis países africanos, incluindo Moçambique e a Guiné-Bissau oferecem antiretrovirais, educação sanitária, testes de diagnóstico, suplementos nutricionais e o controlo e cura de infecções.

Activo desde 2002, o DREAM (Drug Resource Enhancement against AIDS and Malnutrition) está também presente em no Quénia, na Tanzânia, na Nigéria, na Guiné e no Malawi. O programa, totalmente gratuito, revelou-se um dos programas mais eficazes na prevenção e tratamento do HIV/AIDS nos países da África subsaariana.

97% das crianças que nasceram de mães seropositivas que beneficiaram do programa nasceram sãs e, depois de terem iniciado a terapia antiretroviral completa proposta por DREAM, mais de 90% dos adultos vivem bem e estão em condições de recomeçarem a trabalhar e a sustentar a própria família.

800 crianças por dia

Salvar da AIDS 800 crianças por dia é o objectivo da última campanha global lançada pela Caritas, intitulada “HAART” (Highly Active Anti-Retroviral Therapy – terapia antiretroviral altamente activa), promovendo um maior acesso a testes e tratamento do HIV para os menores.

Com a campanha HAART (com um sonoridade semelhante à palavra coração – «heart» – em inglês), a organização católica para a solidariedade e a ajuda humanitária pede a governos e companhias farmacêuticas que desenvolvam tratamentos que podem salvar a vida de centenas de crianças, a cada dia que passa.

Em comunicado oficial, a Caritas recorda que as crianças nos países mais pobres não têm acesso a medicamentos pediátricos, que lhes poderiam permitir uma vida mais longa e saudável. Por outro lado, quando consegue ser testados, já é demasiado tarde, na maioria dos casos.

A organização católica lembra que muitas das crianças que morrem diariamente nem sequer teriam sido afectadas pelo HIV se as suas mães tivessem sido correctamente tratadas durante a gravidez.

A Caritas convida jovens de todo o mundo a unirem-se à campanha, pressionando os governos e companhias farmacêuticas.

Francesca Merico, delegada da “Caritas Internationalis” junto da ONU, em Genebra, diz que “sem tratamento adequado, mais de um terço das crianças nascidas com HIV irão morrer antes do seu primeiro aniversário e metade delas antes dos dois anos de idade”.

Esta responsável acusa as companhias farmacêuticas de não mostrarem interesse nos tratamentos antiretrovirais para crianças porque estes se destinam, sobretudo, “aos países pobres”.

“Como é possível que o lucro se sobreponha às pessoas? Queremos que os líderes políticos digam às crianças do mundo que promoveram e respeitaram o seu direito à saúde”, conclui Francesca Merico.

* Programa das Nações Unidas contra a AIDS.

Fonte: Agência Ecclesia. Os destaques em negrito são meus.

Burrice? Não, esperteza mesmo!

Vejam mais uma pérola:

Ué, ele contradisse sim. Qual o problema de vocês? A igreja não fez voto de pobreza? Pra quê tanto luxo então? O pior cego é aquele que não quer ver! E você sabia que a Igreja Católica é acionista das maiores empresas italianas e uma das maiores acionistas da Nestlè? Já que não podem vender “patrimônio histórico” (como se a riqueza da igreja fossem só “patrimônios históricos”) vendam as ações e revertam o dinheiro aos pobres. Mas é claro que não farão isso, afinal é fácil acusar os outros e não fazer nada a respeito. Concordo integralmente com que o comentador postou: Jesus chicotearia todos do alto clero igual fez com os vendilhões do templo!

Quando bati os olhos no comentário, pensei: rapaz, quanta burrice! Mas, esperem um momento… Burrice coisa alguma. É a esperteza de sempre dos inimigos da Igreja. Cadê a refutação a algum argumento exposto aqui sobre a necessidade de a Igreja ser uma instituição rica? E ainda vem com essa de “pior cego…” Ora, são pessoas como a senhora que se recusam a ver as obras assistenciais da Igreja pelo mundo. E se recusam a ver que, para sustentar essas obras, é necessário dinheiro, muito dinheiro. E, portanto, a Igreja precisa de ser uma organização financeiramente sólida.

Em primeiro lugar, a Igreja Católica não é uma entidade economicamente unificada, portanto é muito mais complicado que aparenta sustentar a instituição tendo em vista que cada diocese é financeiramente praticamente independente da outra. Então, é mais um motivo para o Vaticano ser rico, já que muitas vezes precisa socorrer dioceses e paróquias em dificuldades pelo mundo. Em segundo lugar, a Igreja não fez “voto de pobreza”. Algumas ordens religiosas e prelazias exigem sim, de seus membros, voto de pobreza. Nem todos os religiosos são obrigados a fazer esse voto.

Mas essa gente liga pra qualquer explicação? Claro que não liga. A Igreja tem muito dinheiro e… tem que doá-lo todo! Distribuir! Ah, essas pessoas estão mesmo tão interessadas nos pobres!

Se a “Igreja” (uma diocese, o Vaticano ou uma ordem religiosa) for uma das acionistas da Nestlé, qual o problema se ela utiliza os lucros das ações ou de qualquer outra aplicação financeira para ajudar a se manter economicamente e manter suas obras assistenciais? Ah, não pode, tem que vender as ações! Vende tudo!

Mas tem uma coisinha. Se a Igreja vende todas as suas fontes de renda, daí como irá se manter? Sem ter uma fonte de renda permanente, a Igreja um belo dia abre falência e justamente fanfarrões como a senhora vão sair às ruas, batendo bumbo de felicidade! Está se fazendo de burra ou é burra mesmo? Ou… na verdade a senhora é muito esperta?

Claro que é esperteza. Voltaire, um dos maiores inimigos que a Igreja já teve, pregava que, para destruir a Igreja, é fundamental estrangulá-la economicamente. É isso o que está por trás deste discurso. Se recusam a reconhecer o óbvio porque, na verdade, sabem que uma Igreja fragilizada economicamente teria sua unidade e ação missionária comprometidas.

Repito à pergunta que a comentarista e os outros babões raivosos se recusam a responder: e quanto dinheiro é doado anualmente pela Igreja para instituições de caridade, que cuidam de pessoas ao redor do mundo? Quantos hospitais, abrigos, orfanatos, leprosários dependem financeiramente da Igreja Católica? Qual argumento a senhora e os outros críticos têm para afirmar que a Igreja, sobre a pobreza, só faz “acusar os outros e não fazer nada a respeito”? Claro que não é confusão mental: é cinismo, má-fé mesmo. Vou repetir a estatística: 25% dos doentes de AIDS no mundo inteiro estão sob os cuidados de instituições pertencentes ou dependentes da Igreja Católica. E o que sustenta essas instituições? Dinheiro da Igreja. O que dizer do trabalho de uma instituição como a Ajuda à Igreja que Sofre, que está presente nos lugares mais terríveis do mundo, onde milhões de pessoas sofrem com a fome, a perseguição política, as precárias condições de vida e a desesperança, e a única a ajudá-los é a Igreja Católica? A senhora, se tivesse um pingo de vergonha na cara, reconheceria isso.

Pra encerrar, todas as vezes que ouço essa ladainha mal-intencionada de “por que a Igreja não vende suas coisas e dá para os pobres?” eu me lembro de uma passagem bíblica bastante elucidativa. Trata-se de um trecho do evangelho de São João, capítulo 12, versículos 1 a 8. Grifo as partes mais esclarecedoras:

Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus a Betânia, onde vivia Lázaro, que ele ressuscitara. Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e Lázaro era um dos convivas. Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse: Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?
Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam. Jesus disse: Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura. Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis.

Vocês acham que essas pessoas realmente se interessam pelos pobres? Nada. O sonho mesmo dessa turminha raivosa é destruir a Igreja – senão, pelo menos reconheceriam o que a Igreja sempre fez e ainda hoje faz pelos mais necessitados em todo o mundo. Continuem tentando, vamos lá… Outros, bem mais inteligentes e mais poderosos que vocês, tentaram nos últimos 2000 anos e não conseguiram.

Esquerda e direita na Igreja

Por Olavo de Carvalho.

Já faz tempo que a grande mídia no Brasil – refiro-me sobretudo à de São Paulo, Brasília e Rio — deixou de ser meio de informação confiável e se tornou puro instrumento de manipulação ideológica. O uso que ela faz dos termos para descrever situações e personagens não corresponde nunca à realidade objetiva, mas a um enfoque pré-calculado para produzir determinadas reações públicas. A linguagem-padrão do jornalismo brasileiro segue hoje estritamente a técnica soviética da desinformação. Isto não é modo de dizer, mas uma descrição exata do que acontece.

No caso das questões religiosas, a prova mais clara disso é o progressivo deslocamento do sentido dado aos rótulos “conservador” e “fundamentalista”. No começo, “conservadores” eram os católicos que se opunham às mudanças introduzidas pelo Concílio Vaticano II. Muitos deles foram expulsos da Igreja, como dom Marcel Lefebvre, e hoje constituem um movimento religioso independente, de enormes proporções, cuja existência a mídia jamais menciona. Amputada essa parcela da realidade, o rótulo de “conservadora” passa a ser aplicado à própria ala da hierarquia católica que implementou as mudanças do Concílio. A margem de conservadorismo admitido, portanto, diminuiu consideravelmente. Antes, homens como João Paulo II ou o então cardeal Ratzinger eram o centro, o fiel da balança. Depois a mídia os deslocou para a direita e até para a extrema-direita enquanto dava sumiço nos conservadores genuínos, transformados em “não-pessoas”, sem direito a voz ou presença pública.

Processo análogo sofre o termo “fundamentalista”. Essa palavra designava os adeptos de uma interpretação literalista e legalista da Bíblia. Pouco a pouco, a classe jornalística passou a empregá-lo para rotular qualquer pessoa que seja fiel a uma religião tradicional. Isto significa que a quota de fidelidade religiosa admitida na sociedade “decente” vai se estreitando cada vez mais. É um estrangulamento progressivo, lento e calculado.

Outro exemplo. Até dez anos atrás, todo mundo na Igreja – esquerda e direita — era contra o aborto. Em 1991 os bispos de Chiapas, México, que estavam entre os mais esquerdistas da América Latina, acusaram de auto-excomunhão as militantes feministas que defendiam o aborto. Hoje, a mídia em peso carimba como “conservador” e até “fundamentalista” qualquer católico que seja anti-abortista.

Tudo isso é manipulação cínica, voluntária e consciente. Quem molda a linguagem popular domina a alma do povo. O uso de categorias políticas para descrever as facções da Igreja não é errado em si, pois o clero é composto de seres humanos, e seres humanos têm o direito e a inclinação de se alinhar politicamente. Mas essas categorias devem ser usadas honestamente como termos descritivos apropriados à realidade objetiva, não como instrumentos de manipulação destinados a criar uma falsa realidade politicamente conveniente a determinada facção. A mídia tem inclusive o direito de acompanhar as mutações semânticas quando vêm de fora, mas não o de produzi-las por iniciativa própria, moldando os acontecimentos em vez de descrevê-los.

Em cada grande redação do país existe hoje um forte grupo de iluminados que se autoconstituem donos do pensamento geral. Confrontados com um padrão normal de honestidade intelectual e jornalística, são na verdade criminosos, estelionatários. Um dos mais notáveis mentores intelectuais da esquerda mundial, o filósofo americano Richard Rorty, teve até o cinismo de enunciar a regra que orienta essa gente: não devemos – dizia ele — tentar convencer as pessoas expondo nossa convicção com franqueza, mas ao contrário, “inculcar nelas gradualmente os nossos modos de falar”. É o maquiavelismo lingüístico em estado puro.

João Paulo II e Bento XVI nunca estiveram efetivamente entre os conservadores. Foram transformados nisso por essa obra de engenharia verbal que, deslocando o eixo da linguagem cada vez mais para a esquerda, deforma as proporções da realidade para ludibriar a opinião pública. Complementarmente, essa manobra impõe o estereótipo de que os conservadores são a classe repressora e os progressistas são os coitadinhos oprimidos e perseguidos. Na verdade, jamais algum esquerdista da Igreja sofreu um milésimo das punições impostas à ala conservadora de dom Lefebvre. Os verdadeiros perseguidos da Igreja nunca são mencionados na mídia, embora constituam em certos países da Europa quase um terço da população fiel. No Brasil, os bispos de Campos foram humilhados, censurados e por fim excomungados sem ter feito mal algum. Leonardo Boff ou Gustavo Gutierrez, ao contrário, nunca sofreram punição nenhuma, apenas o período de silêncio obsequioso por alguns meses, e até hoje vivem da propaganda lacrimosa postiça que os mostra como verdadeiros mártires. Toda a grande mídia é cúmplice dessa mentira. O jornalismo no Brasil tornou-se uma forma de alucinação proposital.

Do mesmo modo, o chavão que divide a Igreja em “Igreja dos ricos” e “Igreja dos pobres”, que inicialmente aparecia só na propaganda comunista explícita, foi absorvido pela mídia e tornou-se de uso geral. A Igreja – toda a Igreja – sempre trabalhou pelos pobres. A ela devem-se a invenção dos hospitais, das maternidades, o ensino universal gratuito, a progressiva abolição da escravatura, etc. A “teologia da libertação”, que se auto-embeleza com o título de “Igreja dos pobres”, nada fez pelo povo pobre além de usá-lo como massa de manobra ou bucha de canhão, como o faz na Colômbia e em Cuba. A adoção daqueles estereótipos pela mídia é uma brutal inversão da realidade. Por outro lado, é a ala esquerda da Igreja – e não os conservadores ou mesmo os centristas — que hoje nada em dinheiro de George Soros, da ONU, da Unesco, das Fundações Ford e Rockefeller, e até de organizações abortistas como a Planned Parenthood Foundation e a Sunnen Foundation. Bela “Igreja dos pobres”, essa!

Fonte: site de Olavo de Carvalho.