Richard Dawkins ou da puerilidade científica

Por Tibiriçá Ramaglio.

Não tenho a menor simpatia por eventos literários como a Flip, a Feira Literária de Parati. Considero que eventos como esses são perfeitamente análogos ao Salão do Automóvel, embora não se possa estabelecer uma sólida analogia entre romances e automóveis, contos e motocicletas, mesmo que todos eles sejam meios de transporte.

Porém, se sou contrário à Flip em teoria, sou ainda mais contrário na prática, na medida em que um evento como esse, num país como o nosso, acaba fatalmente se transformando numa celebração da corriola. – Que corriola?, quer saber o leitor. Ora, aquela mesma que se celebra cotidianamente, ainda que para isso não seja necessário realizar nenhum evento especial.

Alguém tinha dúvida de que, depois de ter lançado seu medíocre romance no começo deste ano, Chico Buarque dominaria a cena da Flip realizada no meio desse mesmo ano? É o mesmo que duvidar que o casamento de Gisele Bundchen tenha se transformado na capa da revista Caras na semana subseqüente a sua celebração.

Enfim, no que me toca, um evento como a Flip está destinado a ser algo que só pode estar aquém do que se projetou que fosse, devido a um vício originário no próprio projeto de um evento desse tipo. O resultado, por conseguinte, será sempre uma celebração de celebridades midiáticas e uma efeméride voltada para os aspectos efêmeros e superficiais da literatura, se tanto.

Mas a Flip deste ano conta com um elemento que transforma a minha indiferença em clara antipatia pelo evento: a presença de Richard Dawkins, o arauto do ateísmo. Ao meu ver, Dawkins é, antes de mais nada, um traidor da teoria de Darwin, que ele proclama como tese, quando, para ter cientificidade, ela não pode deixar de ser hipótese, pois a certeza científica, por definição, não pode ser definitiva.

O grau de certeza com que Dawkins apregoa a inexistência de Deus é puramente midiático. Só nas manchetes dos jornais e nas chamadas da propaganda se têm certezas tão peremptórias. Mas se isso não bastasse para demonstrar a presença de espetacularidade e a falta de cientificidade do pensamento dawkinsiano, eis uma foto do demiurgo publicada da revista Veja desta semana, em que Dawkins se encontra na porta de um ônibus londrino, que ostenta o seguinte cartaz publicitário: “There’s probably no God. Now stop worrying and enjoy your life.” (Deus provavelmente não existe. Portanto, pare de se preocupar e aproveite a vida.)

Deixemos de lado o fato de Dawkins se comprazer em posar como garoto propaganda da causa ateísta e vamos pôr em foco somente a proposta feita pelo texto do cartazete, para não nos estendermos demais. Sinceramente, eu até acho bacaninha a tentativa de trazer uma discussão metafísica desse calibre para os meios de comunicação de massa, mas infelizmente a massa não tem se mostrado o fórum mais adequado para a solução de problemas dessa natureza.

Começo, então, pelo “probably”, lembrando que as probabilidades, tais quais a calculou Pascal ao formular sua aposta, são de 50%, o que já deveria invalidar a proposta como um todo. Supondo que não a invalide, por que eu deveria deixar de me preocupar? Lamento, mas me parece que minha preocupação, nesse caso, faz parte integrante da minha possibilidade de aproveitar realmente a vida como o que sou: um homem.

Se me tirarem o prazer de especular sobre a existência de um Criador, estão me tirando em sua totalidade a minha faculdade de refletir. Afinal, se não devo me preocupar com as minhas origens, também não devo me preocupar com o meu fim e já não importa, então, quem eu sou ou o que faço aqui, como também não contam a minha história pessoal e a história nacional e universal em que ela se insere.

A natureza do “aproveitar” que se encontra nessa proposta é completamente alienante, ou antes é a de um aproveitamento exclusivo do presente, do aqui e do agora, típico do discurso publicitário, que visa apenas a atiçar a impulsividade animal do consumidor: “este é o momento, que gostoso que é!” ou ainda “isto é que é, Coca-cola!”.

Trata-se de um aproveitar instintivo e animalesco, como o que todos os animais aproveitariam, mas que efetivamente não aproveitam, pois se trata de um aproveitar uma vida que, supostamente, seria feita só de prazeres, não fosse ela perturbada pela dor (entre as quais a proposta inclui a existência de Deus). Em resumo, trata-se de uma proposta cujo apelo não passa de pueril. De um apelo a aproveitar a vida na Terra do Nunca. Será que uma proposta assim pode mesmo ser feita por alguém que se pretende um cientista?

Fonte: Observatório de Piratininga.

Evolucionismo x fé cristã?

No post Darwinismo fana na Inglaterra e apela à força para impor suas hipóteses, que não foi escrito por mim, mas transcrito do blog Verde, a cor nova do comunismo, recebi este comentário bastante pertinente de Leonel Moura:

Em 1996, o então Papa João Paulo II enviou uma mensagem a Academia Pontifícia de Ciências reconhecendo a validade da Teoria da Evolução como “bem mais do que uma hipótese”. Recentemente, o papa Bento XVI também reconheceu a validade do Evolucionismo. O presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Gianfranco Ravasi, afirmou que “Não existe contraposição entre fé e evolucionismo”. http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid242754,0.htm. “A igreja nunca condenou Darwin e seus escritos”. http://www.estadao.com.br/vidae/not_vid339769,0.htm. Em fevereiro deste ano, foi realizada uma Conferência sobre Darwin no Vaticano em que ficou patente que a única explicação científica para o surgimento das espécies é somente o Evolucionismo, tal qual foi prevista por Darwin 150 anos atrás.

O leitor está corretíssimo na forma como expôs os fatos, apenas discordo de um detalhe do qual falarei abaixo. No geral, alguns esclarecimentos se fazem necessários:

  1. As opiniões dos Papas sobre outros assuntos, que não fé e moral, não são, de forma alguma, infalíveis. Qualquer católico pode discordar do Papa quando ele se pronuncia a respeito de outros assuntos. Ou então, todo católico seria obrigado a gostar de Bob Dylan, porque João Paulo II gostava das músicas dele… Portanto, qualquer católico pode discordar tanto de João Paulo II quanto de Bento XVI a respeito desses pronunciamentos sobre a teoria da evolução.
  2. É verdade que pode não existir “contraposição entre fé e evolucionismo” se for considerada uma premissa: desde que o evolucionismo não exclua a possibilidade de haver um Criador, um Ser Trancendente – e é o que cientistas “ateus a toas” como Richard Dawkins afirmam, transformando o evolucionismo em um discurso panfletário pró-ateísmo. Na verdade, o ponto abordado pelo texto não é tão a idéia do evolucionismo em si, mas a utilização da teoria de Darwin como propagadora do ateísmo.
  3. Se essa conferência realizada no Vaticano defendeu que “a única explicação científica para o surgimento das espécies é somente [sic] o Evolucionismo”, foi uma baita pisada de bola! Não existe ainda nenhuma prova científica definitiva da validade da teoria de Darwin – por enquanto, o evolucionismo ainda é apenas uma hipótese, e muito difícil de ser demonstrada cientificamente. De forma bastante objetiva, comenta Olavo de Carvalho: “Não sei se a evolução biológica aconteceu ou não. Ninguém sabe.”

Gostaria de dizer que não tenho opinião formada sobre o assunto. Pessoalmente, não acredito que a fé em Deus e nos dogmas católicos seja totalmente incompatível com uma teoria da evolução que reconheça a Deus como princípio criador de todo o universo. Mas trata-se apenas de uma opinião. Posso indicar sobre este assunto os seguintes textos:

Entre os selvagens, os fracos de corpo e mente são logo eliminados. Nós, civilizados, fazemos o possível para evitar essa eliminação; construímos asilos para os imbecis, os aleijados, os doentes; instituímos leis para proteger os pobres… Isso é altamente prejudicial à raça humana.

E o William Murat, do blog Contra o Aborto, me indicou o blog Desafiando a Nomenklatura Científica, de Enézio de Almeida, para enriquecer ainda mais essa discussão – repasso essa indicação a todos.

Darwinismo fana na Inglaterra e apela à força para impor suas hipóteses

No segundo centenário da nascença de Darwin [foto], mais da metade (51% x 40%) de seus conterrâneos acham que o evolucionismo não conseguiu explicar a complexidade da vida na Terra. E que, portanto, um desígnio inteligente deve ter presidido o aparecimento de um universo ordenado.

Além do mais, um terço dos britânicos acredita na Criação divina. Os dados são de enquete da firma ComRes e foram noticiados pelo diário “The Telegraph” de Londres.

A imagem do evolucionismo vem se deteriorando pronunciadamente no mundo todo. Mas piorou bem após um dos seus máximos apologistas, o biólogo Richard Dawkins, promover a campanha do chamado “ônibus-ateu”: cartaz colados nos ônibus convidando a esquecer de Deus.

Com isso, ele patenteou uma coisa que o evolucionismo astutamente escondia: que a teoria é usada como um véu científico para promover o ateísmo.

Por isso, Marx e os teóricos socialistas aderiram irrestritamente e sem provas – que até agora não apareceram – à teoria darwiniana para tirar Deus da origem dos seres criados.

Entretanto, os evolucionistas enfurecem quando alguém propõe analisar friamente seus dogmas.

Richard Dawkins no 'ônibus ateu'

Na Inglaterra, o biólogo Michael Reiss, foi obrigado a renunciar do cargo de Diretor de Educação da Royal Society, só pelo fato de sugerir que o criacionismo poderia ser discutido nas aulas, não como um erro, mas como uma interpretação do mundo.

Falando no Festival da Ciência, na Universidade de Liverpool, o Prof. Reiss observou que um décimo das crianças provém de famílias que acreditam mais no criacionismo do que no ponto de vista evolucionista.

Nessa situação, ele julga ser mais eficaz incluir a discussão sobre o criacionismo junto com as teorias científicas antes do que martelar as cabeças das crianças para mudar-lhes a opinião.

Reiss perdeu o cargo por causa dessa moderada proposta.

'Ônibus ateu', Barcelona

Positivamente, com atitudes desta o evolucionismo assume os ares de uma crença fundamentalista fanática. Ele não quer ouvir qualquer opinião em algo discordante de seus tabus absolutos e inverificáveis.

Sem provas nem argumentos convincentes, o evolucionismo recorre à força do governo para reprimir os dissidentes ou a imposições ideológicas de juízes infiéis. Parece pesadelo de novelas como 1984. Mas, o policiamento das mentes está se tornando a realidade do evoluído século XXI. E os evolucionistas estão na vanguarda da repressão.

Ainda na Grã-Bretanha, Paul Woolley, diretor da associação Theos disse: “Darwin está sendo usado por certos ateus hoje em dia para promover sua causa. O resultado é que, dada a falsa opção entre evolução e Deus, o povo está recusando a evolução.”

O líder ateu-evolucionista Dawkins indignou-se por causa dos resultados da pesquisa da ComRes, realizada sobre um total de 2.060 adultos. Muito grosseiramente, Dawkins disse à imprensa que grande parte da população inglesa é “ignorante como um porco” em matéria de ciência, segundo informou The Telegraph.

A falta de argumentos convincentes, xingatório e desrespeito… E isso é ainda chamado de ciência! É a ciência que se insurgiu contra a Igreja e virou uma caricatura do que deveria ser.

Fonte: Verde: a cor nova do comunismo.