Historiador ou sapateiro?

Pois é, de vez em quando eu não resisto e interrompo os trabalhos na minha dissertação de mestrado pra botar ordem aqui na casa. Tô pensando em abrir uma seção de “humor” aqui no blog. Vejam, por exemplo, que maravilha essa última pérola que recebi:

Olha, li os comentários do pessoal e as respostas do dono deste blog. Não entendo nada de homossexuais nem de psicólogos milagreiros, mas o que vi, e fiquei pasmo, foi o nível de agressividade do senhor ou senhora JORNADA CRISTÃ (sem trocadilhos, é que não sei se se trata de um homem ou de uma mulher) ao responder a todos os questionamentos que vão contra o seu ponto de vista.

**** Não, não. Você não está sabendo distinguir as coisas – e age assim porque não é uma pessoa de boas intenções. Não estou concorrendo ao miss Simpatia, não sou candidato ao cara mais legal do mês, este blog não participa de concursos de popularidade, não tenho perfil no Orkut para ter um milhão de amigos e ser adorado por eles. Eu respondo agressivamente a quem vem com pedras na mão. Já expliquei aqui, explico de novo: quem vier educadamente discutir, defendendo pontos de vista diferentes, será sempre acolhido, bem recebido – como já aconteceu aqui neste blog. Quem vier com insultos, xingamentos, estupidez, não vai ter respostinha bem educada. Simples assim.

Uma demonstração pura e direta da falta de educação, do egocentrismo, da grosseria, da estupidez e da falta de tolerância que é marca registrada dos católicos, dos evangélicos e de todos os demais religiosos. Que coisa feia! Mas é bom pra quem não acredita, ver com seus próprios olhos!

**** Pois essa sua frase é a demonstração pura e direta do seu preconceito contra religiosos em geral. Baseado no que leu em meu blog, cujo conteúdo é apenas de minha responsabilidade, de mais ninguém, chega à brilhante conclusão de que a falta de educação e bla, bla, bla, é “marca registrada dos católicos, dos evangélicos e de todos os demais religiosos” – vejam bem, todos, não escapa um. Se os religiosos são assim, essas pestes, o que dizer sobre os 80 por cento dos comentários que recebo de gente xingando a mim, à Igreja, o Papa e etc, alguns com as palavras mais chulas contidas em qualquer dicionário escatológico? Por acaso é justo eu julgar todos aqueles que não são católicos a partir dos idiotas que aparecem por aqui deixando seus excrementos?

Quantas instituições católicas existem para cuidar dos mais carentes, dos mais pobres, dos mais desvalidos? Preciso enumerá-las? Preciso lembrar ao sr. historiador que foi a Igreja Católica quem inventou o conceito de “assistência social” e aplicou-o, levando conforto e alívio ao sofrimento de tantas e tantas pessoas no decorrer de dois mil anos? Repetindo um dado que já citei aqui, 25 por cento dos doentes de AIDS no mundo são tratados em instituições católicas, ou diretamente apoiadas pela Igreja Católica, independentemente de qualquer preceito moral.

Então, a “marca registrada” dos cristãos é o “egocentrismo”, a “grosseria”, a “estupidez”, a “falta de tolerância”. O senhor chegou a essa maravilhosa descoberta lendo o meu blog?

Por acaso, você é o tolerante?

Você é o humilde?

Quer um adjetivo polido para qualificar este seu comentário? Que tal… “estúpido”?

Você é um almofadinha folgado fingindo educação, isso sim!

Vejam que interessante: na imprensa, o que mais tem é jornalista anti-católico cuspindo na Igreja, em seus dogmas, ensinamentos, práticas e no clero. Quando um católico se defende de forma contundente, dando nome aos bois, chamando idiota de idiota, estúpido de estúpido, vigarista de vigarista, aparece unzinho se sentindo incomodado! Ai, tadinho! Muito sensível, você.

Então, se alguém entra aqui no meu blog e desrespeita a minha crença, a minha fé, insulta meus sentimentos religiosos, eu devo ser delicadinho? Devo tratar com respeito a quem me falta com o respeito? Vou oferecer um chazinho pra quem vem com burrice pro meu lado? Chega um folgado aqui falando bravatas e eu devo ouvi-lo de cabeça baixa? Vou discordar civilizadamente de quem quer destruir a Igreja? Vou ser simpático com quem espinafra o ensinamento milenar da Igreja baseado apenas em senso comum?

Não vou não. Mas não vou mesmo.

Ah, a propósito, acho que por aqui ainda não sabem mas as teorias do Freud já foram todas por água abaixo perante as novas correntes acadêmicas da psicologia. Sua história é considerada mais como a de um sujeito pervertido, com obsessões sexuais por membros de sua própria familia, do que propriamente um cientísta. Mas isso não vem ao caso.

****A propósito, aqui há um problema de interpretação de texto. Ao citar Freud, entre outros psicólogos e psiquiatras, em uma discussão nos comentários sobre o post do julgamento da psicóloga Rozangela Justino, não entrei no mérito da validade de tudo aquilo que esses homens defenderam. Para quem achou que não ficou claro, é simples: não há unanimidade na psiquiatria sobre a natureza das relações homossexuais. Alguns grandes estudiosos foram unânimes em rejeitar ou pelo menos questionar a normalidade dessas relações. É sobre isso que estou falando, não estou defendendo este ou aquele pensador na totalidade de seu pensamento.

Em síntese: não apelei para um argumento de autoridade, ao afirmar que Sigmund Freud, Alfred Adler, Viktor Frankl e Carl Jung defendiam determinado ponto de vista (ao menos parcialmente). O que quis dizer é que esses quatro, que estão seguramente entre os mais importantes psiquiatras do século XX pela amplitude de seus trabalhos, têm uma argumentação que precisa ser refutada a respeito desse assunto, o homossexualismo, para que se possa afirmar que há um consenso na psicologia e na psiquiatria a respeito desse tema. E isso ainda não aconteceu.

Poranto, o comentarista aqui construiu um “boneco de palha” e destruiu-o, crente de que estava refutando qualquer coisa que eu tivesse dito. Sem perceber, desviou-se completamente do assunto, pior ainda: festejou igual criança em dia de malhação do Judas (“acho que por aqui ainda não sabem”…). Que coisa mais patética.

E outro problema é afirmar convicto que as teorias freudianas “já foram todas por água abaixo”. Isso é extremamente complicado, bastante discutível. São atitudes igualmente imprudentes exaltar ou desmerecer por completo a psicanálise e a obra de Freud. Eu não sou psicanalista, nem tenho tanta simpatia assim pelo médico austríaco. Até afirmei no texto sobre Viktor Frankl publicado aqui neste blog:

Ao contrário de Sigmund Freud, que dizia que a força motivadora do ser humano era o “princípio do prazer”, e de Alfred Adler, outro psiquiatra austríaco (autor da expressão “complexo de inferioridade”), que dizia que a “busca de superioridade” (“vontade de poder”) era o que determinava as ações dos indivíduos, Frankl afirmava sem titubear: a sua teoria, a logoterapia, “concentra-se no sentido da existência humana, bem como na busca por este sentido”. O desejo de encontrar um significado para a própria vida é o que faz a vida valer a pena. O homem é livre para escolher seu caminho e encontrar o sentido para sua existência. A vontade de sentido é o que move o ser humano.

Então, nesta questão em particular (entre outras, como a universalidade do Complexo de Édipo), Freud está superado sim. Mas mesmo Viktor Frankl era tão gentil, cavalheiro e honesto, que fazia questão de ressaltar a importância dos estudos de Freud para sua formação. Ele disse algo como “Freud era um gigante, mas eu, pequenino como sou, subi à altura de seus ombros e vi coisas que ele não conseguiu perceber”. Desculpem-me, a frase não é exatamente essa, mas o espírito do pensamento de Viktor Frankl é esse: muito do que a psicologia e a psiquiatria descobriram nos últimos cem anos deve-se ao pioneirismo de Freud. Isso não pode ser negado ou jogado fora.

Espero que publiquem este meu comentário e não façam como outros blogs de cristãos por ai que não publicam os coments quando não gostam. E, por favor, evitem os argumentos bobões como: “Ah, não vão refutar senhores doutores???!!!” Rrsrsrssr!

**** Você precisa tanto assim do seu comentário ser publicado aqui neste blog tão insignificante, mantido por um sujeito tão, de acordo com suas palavras, egocêntrico, grosseiro, estúpido e intolerante? Tá precisando de um xodó? De uma namorada? De um cafuné? Ou de um chute no traseiro pra criar vergonha na cara e deixar de ser tão arrogante, prepotente e metido a besta?

Mas se por outro lado alguém quiser entrar num imbróglio comigo, o que seria bem típico de gente como vocês, peço por gentileza que venha com cabedal. Pois eu detesto gente ignorante, não falo a toa, e tenho preparo pra isso.

**** Ah, você tá precisando consertar sapato, bolsa, casaco, por isso tá pedindo cabedal? Olha, pelo conteúdo de sua argumentação, é melhor mesmo você mudar de ramo de atividade. Consertar sapatos é algo que tem muito mais a ver com o nível intelectual que você demonstrou aqui (com todo o respeito aos sapateiros, é claro). Vem cá, com qual objetivo você quer conversar? É pra mostrar suposta erudição? A quem? Você é preconceituoso, fingido, um bocó que pensa que entende alguma coisa de psicologia mas só dá vexame em julgamentos pra lá de precipitados… Qual é a sua, rapazinho? Quem você pensa que é?

Gabriel Heinrich é historiador formado pela Unifor/CE com especialização em antropologia na Columbus university, EUA, 2006. Reside atualmente na cidade de Fortaleza onde presta serviços de consultoria para empresas privadas no setor de recursos humanos e pesquisa social.

**** Gente, ele tem especialização em antropologia lá nos Istêitis, como estou impressionado!!! Como diria o Didi Mocó: ai, que mêda!!! Atenção vendedores de cabedais, entrem em contato com o digníssimo sr. Gabriel e preparem um estoque reforçado para atendê-lo; como podem ver, ele está precisando urgentemente de boa quantidade de cabedal.

Do abismo à plenitude: homenagem a Viktor Frankl

Reproduzo aqui texto que publiquei em 21 de março de 2005 no site “Abacaxi Atômico” a respeito de Viktor Frankl e a logoterapia. Lembro-me, com muita saudade, do curso “Renascer Jovem”, ministrado pelo Padre Tonico, que era baseado na literatura desse grande psiquiatra austríaco. Boa leitura a todos!

Aos homens não basta saber que existem, mas para quê existem.

Viktor Frankl em Psicoterapia e Sentido da Vida.

No próximo sábado, dia 26 de março [de 2005], uma das figuras humanas mais extraordinárias do século XX estaria fazendo aniversário de 100 anos. Estou me referindo a Viktor Frankl, psiquiatra austríaco. Provavelmente você nunca ouviu falar deste cara, mas certamente conhece a expressão “vazio existencial” – foi ele quem a criou nos idos dos anos cinqüenta. Embora seja um ilustre desconhecido em nosso país, seu principal livro Em Busca de Um Sentido (Man’s Search for Meaning) vendeu mais de cinco milhões de cópias apenas nos Estados Unidos e foi considerado, segundo matéria do New York Times de novembro de 1991, um dos dez mais influentes livros nos EUA.

Frankl nasceu em Viena. Aos 14 anos, na escola, fez a um professor uma pergunta que mudaria o curso de sua vida.

Enquanto estudante de 14 anos no ginásio, eu fiz algo que era muito incomum na ocasião. Eu tive um professor de Ciências Naturais que era muito distante, que ensinava do modo como uma pessoa esperaria que os cientistas o fizessem. Um dia ele afirmou que a vida é simplesmente um processo de combustão, nada além de um processo de oxidação. Levantando repentinamente eu o questionei, “Mas Professor, então que sentido a vida têm?”

Claro que um reducionista/materialista não é capaz de responder a esta pergunta, porque para ele não existe nada mais que a matéria. O absurdo é, nas palavras de Frankl, “promover sua própria incredulidade sob a aparência de ciência”. Quantos sabichões estufam o peito, orgulhosos de tanto saber, mas cuja arrogância é ainda maior que a inteligência que possuem. O fato de a ciência materialista não conseguir uma resposta para isso, não quer dizer que essa inquietação não exista. Mais que isso, negar uma resposta para essa pergunta é negar a própria humanidade do ser humano.

E afinal, qual é o sentido da vida? Frankl sempre buscou encontrar e extrair um significado de todos os eventos que aconteciam em sua vida. Oportunidades não faltaram. Formou-se médico em 1930 e trabalhou em um hospital psiquiátrico em Viena, sendo responsável por milhares de pacientes suicidas. Perdeu o melhor amigo executado pelo regime nazista. Judeu, foi prisioneiro nos campos de concentração nazistas de Auschwitz e Dachau, onde ficou por quase três anos. Ao ser libertado, descobriu que havia perdido quase toda sua família: foram mortos seu pai e sua mãe, além de sua esposa e seu irmão. Somente sua irmã, que fugiu da Europa antes da guerra, permanecia viva.

Ao invés de se deixar consumir pelo rancor, a amargura, o ódio e o ressentimento, Frankl reconstruiu sua vida, pois tinha objetivos a cumprir – metas traçadas durante sua experiência nos campos de concentração, onde, nos momentos mais duros, ele se lembrava de sua esposa e seus familiares, na esperança de revê-los novamente, e carregava consigo a determinação de terminar um livro cujo manuscrito havia sido destruído ao ser preso. Após a sua libertação, ele retomou o trabalho interrompido e reescreveu o manuscrito perdido, de onde publicou o livro The Doctor and the Soul. Em seguida, lançou Man’s search for Meaning (Em Busca de Um Sentido, lançado no Brasil pela editora Vozes), livro em que narra sua experiência pessoal nos campos de concentração – e daí retira lições de fundamental importância para o desenvolvimento de sua teoria psicoterapêutica: a logoterapia.

Durante o cativeiro, Frankl observou que aqueles que sobreviviam à violência, aos maus tratos, aos trabalhos forçados e à fome, quase sempre eram justamente aqueles que conseguiam encontrar um significado para seu sofrimento e mantinham uma esperança de saírem com vida dos campos, seja porquê almejavam reencontrar seus entes queridos ou voltar a trabalhar naquilo que os realizava. Mesmo aqueles prisioneiros fisicamente mais fortes e mais saudáveis, se perdessem a esperança e a vontade de viver, morreriam logo. A determinação de Frankl em sair do campo para continuar a escrever seu livro e para reencontrar sua família ajudam a explicar como ele próprio sobreviveu a condições subumanas de tratamento, aos trabalhos forçados, à subnutrição – para completar, conseguiu se reestabelecer de um ataque de febre tifóide no final da guerra.

Ao contrário de Sigmund Freud, que dizia que a força motivadora do ser humano era o “princípio do prazer”, e de Alfred Adler, outro psiquiatra austríaco (autor da expressão “complexo de inferioridade”), que dizia que a “busca de superioridade” (“vontade de poder”) era o que determinava as ações dos indivíduos, Frankl afirmava sem titubear: a sua teoria, a logoterapia, “concentra-se no sentido da existência humana, bem como na busca por este sentido”. O desejo de encontrar um significado para a própria vida é o que faz a vida valer a pena. O homem é livre para escolher seu caminho e encontrar o sentido para sua existência. A vontade de sentido é o que move o ser humano.

Frankl diz que o ser humano é livre para assumir uma postura frente à realidade que o cerca. Todo ser humano é livre – e ninguém pode tirar do ser humano esta liberdade.

Até mesmo numa situação onde você não tem nenhuma liberdade externa, quando as circunstâncias não lhe oferecem qualquer escolha de ação, você retém a liberdade para escolher sua atitude ante uma situação trágica. Você não se desespera porque esta escolha está sempre com você até seu último momento de vida.

Mas esta liberdade deve ser precedida pela responsabilidade.

É por isso que eu recomendei nos EUA que, além da Estátua da Liberdade na Costa Leste, deveria haver a Estátua da Responsabilidade na Costa Oeste.

Ou seja: somos livres para assumirmos uma postura frente ao mundo, mas somos responsáveis por esta escolha. Temos que assumir então, em conseqüência de nossa liberdade, a responsabilidade por tais escolhas, com as conseqüências que advêm de nossas ações. Cabe a cada ser humano perceber e superar as suas culpas. Se percebemos que a vida realmente tem um sentido, percebemos também que somos úteis uns aos outros. “Ser um ser humano é trabalhar por algo além de si mesmo.”

Assim sendo, o sentido da vida pode ser encontrado por uma pessoa através de três caminhos:

1) o exercício de um trabalho que seja importante, ou a realização de um feito, uma missão, que dependa de seus conhecimentos e de sua ação, e que faça com que a pessoa se sinta responsável pelo que faz;

2) o amor a uma pessoa ou a uma causa, uma idéia, o que estabelece uma responsabilidade para com a pessoa amada ou à causa defendida;

Um pensamento me traspassou: pela primeira vez em minha vida enxerguei a verdade tal como fora cantada por tantos poetas, proclamada como verdade derradeira por tantos pensadores. A verdade de que o amor é o derradeiro e mais alto objetivo a que o homem pode aspirar. Então captei o sentido do maior segredo que a poesia humana e o pensamento humano têm a transmitir: a salvação do homem é através do amor e no amor. Compreendi como um homem a quem nada foi deixado neste mundo pode ainda conhecer a bem-aventurança, ainda que seja apenas por um breve momento, na contemplação da sua bem-amada. Numa condição de profunda desolação, quando um homem não pode mais se expressar em ação positiva, quando sua única realização pode consistir em suportar seus sofrimentos da maneira correta – de uma maneira honrada -, em tal condição o homem pode, através da contemplação amorosa da imagem que ele traz de sua bem-amada, encontrar a plenitude. Pela primeira vez em minha vida, eu era capaz de compreender as palavras: “Os anjos estão imersos na perpétua contemplação de uma glória infinita”.

3) diante de um sofrimento inevitável, assumir uma postura de buscar um significado e utilidade para a dor, pois através da experiência cada pessoa pode contribuir para a vida de outras pessoas.

Frankl foi submetido, junto com outros milhões de pessoas, à experiência degradante e desumanizante dos campos de concentração, onde os indivíduos eram reduzidos a um nível infra-humano, sendo considerados menos ainda que animais. O prisioneiro era desprovido de todos os seus bens, suas roupas, seus objetos e até de seus nomes. Mas ainda assim ele e outros se mantiveram firmes no propósito de sobreviverem – porque suas vidas tinham um sentido. E, ao assumirem seu sofrimento com dignidade, Frankl e tantos outros deram ao mundo um inestimável e vivo testemunho de transcendência. O ser humano existe para transcender, para ultrapassar limites.

Num mundo assolado pelo consumismo materialista, pela negação da humanidade do ser humano, pela banalização pura e simples do prazer (pois, segundo os niilistas, a vida não tem nenhum significado) e pelo vácuo de sentido experimentado por milhões e milhões de pessoas que simplesmente não conseguem encontrar uma utilidade para sua existência, a voz quase solitária de Viktor Frankl tornou-se referência para tantas outras pessoas. Sua coragem, determinação, caráter e despreendimento levaram-no às alturas do espírito humano, bem acima de Freud, Adler, Skinner, entre outros pioneiros, dos quais, diga-se de passagem, com elegância inaudita, ele próprio reconhece as contribuições e seus méritos. Mas as teorias destes precursores são incompletas, porque não abarcam o ser humano em sua totalidade, em sua potencialidade de realizar-se, transcender-se e doar-se. Finalizo este texto com palavras de Viktor Frankl:

Dentro de cada um de nós há celeiros cheios onde nós armazenamos a colheita da nossa vida. O significado está sempre lá, como celeiros cheios de valiosas experiências. Quer sejam as ações que fizemos, ou as coisas que aprendemos, ou o amor que tivemos por alguém, ou o sofrimento que superamos com coragem e resolução, cada um destes eventos traz sentido à vida. Realmente, suportar um destino terrível com dignidade e compaixão pelos outros é algo extraordinário. Dominar seu destino e usar seu sofrimento para ajudar os outros é o mais alto de todos os significados para mim.

Viktor Frankl faleceu em 2 de setembro de 1997, aos 92 anos.

Alguns textos e sites sobre Viktor Frankl e a logoterapia

Site oficial do Viktor Frankl Institut
Biografia e obras de Viktor Frankl
A mensagem de Viktor Frankl – texto de Olavo de Carvalho
Coletânea de pensamentos de Viktor Frankl
Sociedade Brasileira de Logoterapia