Mensagem do dia (09/10/2011)

Cristão, convidado para o banquete da Eucaristia, banquete da Igreja, banquete das núpcias do Cordeiro, qual é o traje de festa? É a veste do teu Batismo, aquela veste branca, que deves conservar pura pela tua vida, pelas tuas obras, pelo teu procedimento! Não aconteça ser tu esse homem que entrou na festa sem o traje apropriado! É o que aconteceria se viesses, é o que acontecerá se vieres para esta Eucaristia santa com uma vida enodoada pelas ações contrárias ao que o Evangelho do Reino te ensina!

Dom Henrique Soares da Costa.

Mensagem do dia (19/03/2011)

Se comparares José com o resto da Igreja de Cristo, não é verdade que é um homem particularmente escolhido, pelo qual Cristo entrou no mundo de maneira regular e honrosa? Pois se toda a Santa Igreja é devedora para com a Virgem Maria porque foi a Ela que foi dado receber Cristo, após Ela, é a São José que deve um reconhecimento e um respeito sem paralelo.

São Bernardino de Siena.

Mensagem do dia (11/09/2010)

O que a Igreja combate é o erro, onde quer que ele se manifeste; o que ela recusa é a injustiça, em qualquer lugar onde se encontre. As suas armas, pacíficas, consistem em denunciar o que é contrário ao direito natural e à lei divina, em proclamar a verdade “opportune, importune”, em promover a justiça com força e perseverança.

Albert Galter.

Não julgar – e não se manter calado diante do pecado

Recebi um longo comentário. Reproduzo aqui apenas alguns trechos para os meus prezados leitores conferirem o nível intelectual de algumas pessoas que não conseguem ficar caladas e sentem uma necessidade enorme de expressarem suas opiniões – como se fossem realmente importantes, imprescindíveis… Infelizmente, virou moda escrever primeiro, pensar depois. Ou nunca. Os grifos são meus.

[Rozangela Justino] Criou polêmica em cima de um assunto que já é polêmico.Conseguiu o ódio do público gay.E, de quebra, conseguiu alguns cristões como “seguidores”…

Rozangela Justino trabalha com isso já faz anos, nunca buscou aparecer coisa nenhuma. Cismaram que era um crime o trabalho dela de ajudar pessoas insatisfeitas com seu desejo sexual. A militância gay é quem quer aparecer e criar polêmica.

Como diria a própria bíblia “não julgues para não seres julgado”, então os próprios seguidores dessa idéia não deveriam julgar tanto o pecador, quanto o seu pecado, certo?

Errado. Muito errado. É interessante como algumas pessoas espertinhas selecionam determinados trechos da Bíblia enquanto ignoram outros, tudo para sustentar suas idéias pessoais, como se a verdade estivesse a seu serviço. Jesus diz em Mateus 18, 15-18:

Se teu irmão tiver pecado contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele somente; se te ouvir, terás ganho teu irmão. Se não te escutar, toma contigo uma ou duas pessoas, a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se recusa ouvi-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano. Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu.

O que Jesus está dizendo aí?

  1. Jesus ordena que alertemos o irmão do seu pecado, e de forma discreta, evitando escândalos ou fofocas;
  2. Jesus ordena que insistamos, para “resolver a questão”;
  3. Jesus ordena para que acionemos a Igreja, a instituição a qual ele delegou sua própria autoridade (Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu);
  4. Caso o pecador se recuse a ouvir também a Igreja, este deve ser considerado excluído da mesma. Ou seja: todo aquele que se recusa a reconhecer-se pecador está automaticamente excluído da Igreja Católica e, por isso mesmo, privado de seus sacramentos. Esta decisão é pessoal, foi a própria pessoa que se retirou da Igreja, pela sua insistência em permanecer no pecado, recusando a Graça salvífica oferecida por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Portanto, a missão da Igreja é salvar o pecador do pecado. E ela assim o faz obedecendo ao que Jesus mandou – notem bem: Jesus não pede, ele manda. “Não julgar” não significa calar-se diante do pecado, ao contrário do que a comentarista insinua.

Se você acha errado, ponha o joelho no chão e ore, reze por “nós pecadores”, em vez de tentar virar a sociedade contra nós.Não rotule, não difame, não tire conclusões preciptadas.A quebra do celibato, a virgindade até o casamento também não é considerado pecado?
Então por que não vejo uma pessoa que quebra esse voto, sendo espancada?sendo ofendida? sendo chamada de doente? (e esse é só um exemplo)

Eu não acho nada. O cristianismo ensina: relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são imorais, abomináveis, pecado gravíssimo contra a castidade. Rezar por todos os pecadores é obrigação dos cristãos, não precisa você vir ironicamente lembrar-nos disso. Agora, onde é que você está vendo em algum pronunciamento da Igreja que estamos tentando “virar a sociedade” contra vocês, homossexuais? Mania de perseguição virou moda, agora? Então um padre dizer que atos homossexuais são pecaminosos é crime terrível? Advertir sobre os riscos espirituais advindos da prática do homossexualismo (sobre os de saúde, nem me fale, mas isso é assunto para outro dia…) é perseguição?

O “Grupo Gay da Bahia” queimou foto do Papa Bento XVI em manifestação durante sua visita ao Brasil, em maio de 2007. Claro, claro, ofender ao líder máximo dos católicos é apenas uma “crítica”.

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Na última parada gay em São Paulo, um cidadão de nome José Roberto Fernandes vestiu-se de Papa levando consigo um cálice que continha fichas brancas, simbolizando hóstias, além de preservativos. O cidadão, que pensa que é católico, dizia fazer “um alerta à hipocrisia da Igreja” (bocejos) e revelou que participa da Eucaristia – coitado dele, pois São Paulo apóstolo assim escreve na Primeira Carta aos Coríntios (11, 27-29):

Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. Que cada um se examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação.

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Foto: Daigo Oliva/G1.

Um pecador que se recusa a abandonar o pecado e a lutar contra ele e participa da Eucaristia, comendo o pão do Senhor, e ainda por cima não distingue o corpo do Senhor de uma camisinha está caminhando alegremente para o inferno. É um dever cristão alertá-lo para os riscos que está correndo.

Mas… veja como são as coisas. Se o rapaz sai alegremente ao lado do “namorado” (este, com uma fantasia que debocha dos bispos, os sucessores dos Apóstolos e dirigentes da Igreja) ridicularizando o Santo Padre, o sucessor de São Pedro, chefe máximo da Igreja Católica, e ainda faz troça do maior de todos os sacramentos, do qual ele mesmo diz participar, em um ato blasfemo que insulta os verdadeiros católicos – sim, àqueles que têm um pingo de amor por Sua Igreja e por seu líder… Isso é uma brincadeira irreverente.

Você já viu um católico fanático (têm aos montes, basta você ser contra o aborto por exemplo e já é considerado um) espancar um gay? Pregar publicamente a violência contra os homossexuais? Já viu algum membro da Igreja queimando fotos ou agredindo uma pessoa homossexual em nome da Igreja? Algum carola queimou a foto do sr. Luiz Mott em público?

Quer dizer: os católicos podem ser ofendidos e serem feitos de chacota, isso é direito, liberdade de expressão, etc. Falar que práticas homossexuais são imorais, ah isso não pode! É crime.

Afinal de contas julgamento por julgamento…Não existe pecadinho ou pecadão.

Segundo esse raciocínio torto, pisar no pé de uma pessoa e dar um tiro na cabeça da mesma seriam a mesmíssima coisa.

Ao meu entender, vocês sendo contra a pesquisa com células tronco de células totipotentes de inseminações artificiais não realizzadas, ou até mesmo do aborto,acreditam na formação da vida logo após a fecundação e formação do zigoto.Mesmo havendo inúmeros estudos dizendo que não é bem assim, e outros que indicam que sim que é assim sim.

Pedir lógica à moça seria demais. Vejam: caso não haja consenso na comunidade científica sobre o momento em que começa uma vida humana, como ela admite, haveria a possibilidade de 50 por cento de estarmos certos ou errados ao afirmarmos que a vida começa no momento da concepção. Ora, se não há certeza de que aquele embrião é um ser humano, também não há certeza contrária, certo? Muito bem. Então, ao destruir aquele embrião, há uma possibilidade em 50 por cento de se estar matando uma pessoa. Não seria no mínimo prudente então evitar a destruição de embriões, pela simples dúvida (que é legítima, qualquer pessoa honesta tem que admitir) de que pode-se estar cometendo um crime contra vidas humanas?

Se vocês acreditam piamente em só uma verdade assim como séculos atrás acreditava-se que a Terra era quadrada, que o façam.

Terra quadrada? Quem acreditava que a Terra era quadrada? Você fumou ou cheirou alguma coisa antes de escrever isso?

Só não se achem no direito de julgar o pecador ou o pecado que seja, por que pelo pouco que sei, acredito que Deus nenhum deu autonomia a nenhum mero humano a julgar nada, nem ninguém.

Você não sabe é nada. Deus, através de Jesus Cristo, deu autonomia à sua Igreja de transmitir aos homens a Palavra de Deus, conforme lhe foi ensinada. E a Palavra de Deus é clara: relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo são pecaminosas. Como se não bastasse a Bíblia, há o Magistério da Igreja bastante explícito a esse respeito. Simples, assim.

No mais, não custa repetir: é por amor aos homossexuais que devemos nós católicos alertá-los e conscientizá-los de seu pecado. É pelo desejo sincero de que se salvem, pois “assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”. (Lucas 15, 7).

Missão cumprida: Papa consegue fazer a paz ressoar na Terra Santa

Balanço do Pe. Federico Lombardi

JERUSALÉM, sexta-feira, 15 de maio de 2009 (ZENIT.org).- O Pe. Federico Lombardi, S.J., diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé,considera que Bento XVI cumpriu a missão que se havia proposto na Terra Santa: fazer que a paz ressoe nos diferentes âmbitos religiosos, sociais e políticos.

“Nesta última viagem, o Papa falou muito de paz, como havia prometido – explica o sacerdote: trinta discursos, uma só mensagem, que ele repete sem cansar-se neste único tema, com inúmeras variações: paz entre israelitas e palestinos; paz entre judeus, muçulmanos e cristãos; paz na Igreja, entre as confissões e ritos; paz na sociedade e na família; paz entre Deus, o homem e as criaturas; paz nos corações, no Oriente Médio, no mundo… Paz, paz, paz.”

“Ele falou muito, mas também escutou, pelo menos o mesmo ou muito mais”, continua afirmando, ao fazer um balanço para Octava Dies, o semanário do Centro Televisivo Vaticano, desta visita que, de 8 a 15 de maio, levou o Santo Padre à Jordânia, Israel e Territórios Palestinos.

“Bento XVI é um Papa da escuta – continua constatando o porta-voz vaticano. Quantas pessoas falaram, quantas coisas lhe disseram, com quanta paixão, com quanta diversidade de atitude e de perspectivas!”

Segundo o Pe. Lombardi, “o Papa realizou uma peregrinação aos lugares, mas, antes ainda, aos corações. Não só visitou os lugares mais santos do cristianismo, mas também os do judaísmo e do islã: Yad Vashem, o Muro das Lamentações, a Cúpula da Rocha. Ele assumiu os sentimentos de todos os peregrinos das três religiões às quais pede acesso aos lugares santos. Um Papa cristão, mas um Papa para todos, acima das divisões. Um exemplo a ser seguido”.

O porta-voz vaticano recorda que “quando João Paulo II esteve na Terra Santa, o muro não existia. Também aqui veio valentemente o novo Papa peregrino para pedir a Deus e aos homens que derrubem os muros de divisão, começando pelos que fecham e dividem os corações. Nunca mais derramamento de sangue! Nunca mais terrorismo! Nunca mais a guerra!”.

“Com este grito termina a peregrinação da esperança, em um momento crucial para o porvir da paz na Terra Santa. O Papa fez tudo o que podia e continuará fazendo-o. Que Deus acompanhe agora todos os esforços dos agentes da paz, religiosos, civis e políticos”, conclui o Pe. Lombardi.

Fonte: Zenit.

Notícias que não saem no jornal: situação crítica dos cristãos no Paquistão

As famílias cristãs de Karachi “fechadas em casa” pelo terror dos talibãs; pena de morte para quem blasfema

Karachi (Agência Fides) – Temendo a escalada da violência talibã, constatada a fraqueza do governo, da polícia e das instituições civis, as famílias cristãs da cidade de Karachi, agredidas na semana passada pelos grupos talibãs armados, estão aterrorizadas e fechadas em suas casas. É o que comunica à Agência Fides, Pe. Mario Rodriguez, Diretor das Pontificas Obras Missionárias (POM) no Paquistão, expressando preocupação e alarme pela expansão da violência dos grupos militares islâmicos no país, não somente na província da Fronteira do noroeste, mas também nas principais cidades paquistanesas.

Pe. Rodriguez afirma: “os talibãs giram ameaçando nos bairros os cristãos da cidade aterrorizando as mulheres e convidando as pessoas a se converterem ao Islã. Acontecem episódios de violência, perseguições e maus-tratos improvisos. São militares armados com arma de fogo e kalashnikov. Estamos chocados por esta situação e por esta onda de violência insensata, que as autoridades não deveriam permitir: a polícia tem o dever de defender todos os cidadãos das agressões”.

O Diretor das POM pede atenção e apoio a todos os cristãos do mundo e convida a rezar porque as minorias cristãs no Paquistão estão passando por um dos momentos mais obscuros e difíceis da sua história.

“Esperamos a ajuda do Senhor e pedimos ao governo que recupere o controle da situação, em todo o país. Enquanto isso, as famílias cristãs estão aterrorizadas e não saem das suas casas. São obrigadas a se isolar”.

A Igreja vive esta situação buscando envolver a sociedade civil (inclusive grupos muçulmanos moderados) no combate ao extremismo religioso.

Dom Lawrence Saldanha, Arcebispos de Lahore e presidente da Conferência Episcopal do Paquistão, nas últimas semanas enviou uma carta a todos os líderes políticos e institucionais do Paquistão, assinalando a situação de terror e violência à qual são submetidas as minorias religiosas, sob a pressão dos grupos integralistas islâmicos, falando da presença de uma “máquina homicida de terror em nome da religião”. Hoje, o Arcebispo assinala: “Existe o temor fundamentado de que os episódios de violência ocorridos em Karachi possam se repetir em outras partes do país. Os cristãos já sofrem injustiças e violências por causa da iníqua lei sobre a blasfêmia, aplicada contra eles. Agora é a sua própria sobrevivência que está em perigo”. O Arcebispo se pergunta preocupado: “O governo estará apto a salvar os cristãos? O governo e o exército saberão salvar o estado democrático do Paquistão?”

Enquanto isso, outra péssima notícia para as minorias religiosas veio do sistema jurídico nacional: pelo crime de “blasfêmia” (profanar o nome do Profeta Maomé) previsto no art. 295.C do Código Penal do Paquistão, agora está prevista a pena de morte, e foi cancelada a opção da prisão. A Corte Suprema, com efeito, numa recente sentença, tornou a pena de morte obrigatória. A Igreja há tempos denuncia o abuso da lei sobre a blasfêmia e a sua aplicação para penalizar ou eliminar cidadãos de fé não- islâmica. (PA)

Fonte: Agência Fides.

Diretora de ONG ugandense: distribuir preservativos não ajuda a sair da confusão

Apresentou seu testemunho em EncuentroMadrid

Por Patricia Navas

MADRI, segunda-feira, 30 de março de 2009 (ZENIT.org).- «Um preservativo não nos faz sair da confusão na qual vivemos, não nos faz protagonistas; só a pertença a Deus nos liberta dela», afirmou a fundadora e diretora da ONG de atenção a aidéticos em Uganda Meeting Point International, Rose Busingye, neste domingo, 29 de março, em EncuentroMadrid.

A especialista participou em uma mesa redonda titulada Uma nova laicidade: o protagonismo das obras, com a qual concluiu a sexta edição de EncuentroMadrid, encontro formativo-festivo anual organizado pelo movimento Comunhão e Libertação.

Este ano, EncuentroMadri congregou no Recinto de Feira Casa de Campo cerca de 15 mil pessoas, segundo a organização, entre 25 e 29 de março.

Com uma ampla experiência como enfermeira, Busynge considera que distribuir preservativos para combater a AIDS não ajuda as pessoas a saírem da confusão. Busynge assegura aos enfermos com os quais trata que o valor de sua pessoa é maior que o da doença e explicou sua experiência com alguns deles, que pediram para ser batizados após conhecer o cristianismo.

A enfermeira protagoniza o documentário Greater, ganhador do Babelgum Online do Festival de Cannes e Prêmio do Público no Festival 2007 de Nova York sobre Cinema e AIDS, que foi projetado durante o fim de semana no Teatro Auditório da Casa de Campo.

EncuentroMadrid também contou com o testemunho de protagonistas de outras iniciativas leigas, como o da presidente da Associação Famílias para a Acolhida, Belém Cabello, e o diretor do colégio Newman de Madri.

Em um campo mais teórico, o encontro contou com a intervenção de políticos, juristas e filósofos como o francês Remige Brague, que destacou que «a questão da laicidade se gera no seio do cristianismo».

Brague destacou que para que haja laicidade é preciso haver Igreja e Estado «e não há Igreja mais que no cristianismo». Também acrescentou que a Igreja foi uma instância secularizadora, pois o Império queria ser sagrado e produzir o sagrado.

Fonte: Zenit.

“Morte ao bispo!”

Por Percival Puggina.

No Brasil e em diversos lugares onde ainda persistem restrições ao aborto, o Dia Internacional da Mulher foi assinalado por passeatas e manifestações favoráveis à sua legalização. Esse polêmico tema, sem dúvida, é o que mais claramente define sobre quais bases morais uma sociedade deseja situar-se.

Sou contra o aborto porque, com robusta base científica e filosófica, sei que a vida do embrião e do feto é vida humana distinta da vida da mãe e que nenhum direito pode prevalecer contra o direito à vida de um ser humano inocente. Ponto. Embora católico e conhecedor da doutrina da Igreja sobre o assunto, tenho-a como totalmente dispensável para fundar minha convicção como cidadão. Aliás, a orientação da Igreja sobre o tema mudou acompanhando a Ciência. Foi ela, a Ciência, foram os médicos, foram os embriologistas que informaram ser humana a vida do embrião e do feto.

A posição da lei brasileira é clara e boa: a) o aborto é crime; b) esse crime só não implica penalização em caso de gravidez decorrente de estupro ou que ponha em risco a vida da mãe. Não preciso mencionar aqui os atropelos administrativos e legais praticados no Brasil com portarias que violentaram o crime de estupro com o objetivo de favorecer o aborto, fazendo com que, para sua realização, seja suficiente a declaração da vítima. É como emitir-se norma dispensando a perícia para o pagamento de indenização a vítimas de incêndio com danos materiais. Falou, está falado.

Os defensores do aborto tentam fazer chover para cima. Usam sofismas berrantes e sustentam, com o ar mais sério do mundo, tolices que constrangeriam um ruminante. Assim, por exemplo, uma desembargadora gaúcha aposentada declarou outro dia, num debate de tevê, que “se a lei não penaliza o aborto em certas condições, então ela o autoriza”. Até o parafuso que sustenta o quadro instalado na minha parede, ao lado do aparelho de TV, balançou a cabeça em reprovação. Se não penalizar for o mesmo que autorizar, então, doutora, a lei brasileira autoriza o crime de menor! Ora bolas! O que a lei brasileira faz, mesmo reconhecendo a natureza sempre criminosa do ato, é levar em conta, nesses dois casos, que suas condicionantes são tão graves que a condenação criminal seria uma violência inaceitável.

O caso da menina pernambucana potencializa todas essas condições: a vítima do estupro tem nove aninhos, o estuprador era seu padrasto e a gravidez, para agravar ainda mais o quadro, era de gêmeos. Temos aí um criminoso que deveria passar o resto da vida atrás das grades, para nunca mais chegar perto de uma criança e uma mãe corresponsável pela inominável violência praticada contra sua filha, porque, ou ela sabia o que estava acontecendo ou tinha a obrigação de saber o que estava acontecendo. Mas quem vem sendo execrado perante a opinião pública? O bispo, que simplesmente enunciou um princípio, tornando clara uma pena espiritual que os próprios envolvidos se autoaplicaram e à qual não parecem atribuir maior importância.

“Morte ao bispo!” clama, quase uníssona, a mídia internacional. Um tarado, uma mãe com muito a explicar a respeito do que acontecia sob seu teto, mas o monstro da história é … o bispo.

Atravessamos o border line da esquizofrenia social. Vivemos numa sociedade que jogou os valores morais no lixão de suas próprias desordens e libertinagem. Ela não mais aceita que alguém insinue que existe o certo e o errado, o bem e o mal, a verdade e a mentira. O certo, o bem e a verdade são impronunciáveis porque implicam coisas tão infames quanto exame de consciência, juízo moral, sentimento de culpa, arrependimento, perdão e reparação. Estamos construindo um mundo sem essas coisas e aparece um bispo para estuprar nossa insensibilidade! Moral é coisa que só se cobra de políticos, não é mesmo?

Fonte: Percival Puggina: a política como ela deve ser.

Caso Williamson: porta-voz vaticano pede mais objetividade aos jornalistas

Pe. Lombardi afirma que é o momento de virar a página

Por Kris Dmytrenko

CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 4 de março de 2009 (ZENIT.org).- O sacerdote jesuíta Federico Lombardi pede aos meios de comunicação que não cedam à tentação de apontar com o dedo com tanta facilidade os defeitos de comunicação dentro da Igreja.

Em uma entrevista concedida a ZENIT, o diretor da Sala de Informação da Santa Sé defende o sistema de comunicação interno e externo da Santa Sé, muito criticado nos últimos dias.

Os jornalistas que cobrem o Vaticano descreveram de diferentes maneiras o gesto de Bento XVI de revogar a excomunhão dos quatro bispos lefebvristas, julgando o fato muitas vezes como um «tropeço», quando não como um «desastre».

«Falar desta crise em termos apocalípticos me parece excessivo -observa o padre Lombardi. O ano passado foi um ano de grandes êxitos comunicativos para o pontificado».

O porta-voz recorda a viagem apostólica de 2008 aos Estados Unidos, definindo-a de «esplêndida», e também destaca a «ótima comunicação» durante o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus e durante a visita papal à França.

«Esquece-se muito depressa dessas experiências positivas -comenta. Isso não é justo, mas, lamentavelmente, é parte de nosso mundo, assim como a comunicação».

Frente aos riscos do sensacionalismo, o padre Lombardi pediu que os jornalistas olhem os fatos «com um pouco de distanciamento e objetividade».

Leia o restante da matéria aqui.

O silêncio na liturgia

O site La Buhardilla de Jerónimo traduziu e publicou uma entrevista que o  monsenhor Guido Marini, Mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias, concedeu à revista Radici Cristiane. O texto, na íntegra em espanhol, está aqui.

Para quem não sabe, monsenhor Guido se encarrega de preparar as cerimônias das quais o Papa participa, assim como todos os atos nas viagens ao exterior do Pontífice.

Transcrevo adiante em português trecho da entrevista que mais me chamou a atenção:

Qual é, em sua opinião, a importância do silêncio na liturgia e na vitalidade da Igreja?

Tem uma importância fundamental. O silêncio é necessário na vida do homem porque o homem vive de palavras e de silêncios. O silêncio é ainda mais necessário na vida do crente, que ali encontra um momento insubstituível da própria experiência do mistério de Deus. A vitalidade da igreja e, na Igreja, a liturgia, não estão subtraídos dessa necessidade. Aqui, o silêncio quer dizer escuta e atenção ao Senhor, a sua presença e a sua Palavra; e, junto a isso, implica a atitude de adoração. A adoração, dimensão necessária do ato litúrgico, expressa a incapacidade humana de pronunciar palavras, permanecendo “sem palavras” ante a grandeza do mistério de Deus e a beleza de seu amor.

A celebração litúrgica é composta por palavras, cantos, músicas, gestos… Também o silêncio e momentos de silêncio fazem parte dela. Se esses momentos faltaram, ou não foram suficientemente enfatizados, a liturgia não seria plena, porque estaria privada de uma dimensão insubstituível de sua natureza.

Dom Williamson pede perdão a vítimas do Holocausto e à Igreja

Em uma declaração emitida nesta quinta-feira

LONDRES, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Dom Richard Williamson, um dos quatro bispos da Fraternidade Sacerdotal São Pio X de quem o Papa retirou a excomunhão, pediu perdão nesta quinta-feira às vítimas do Holocausto e à Igreja pelas declarações em que havia negado a amplitude desse crime contra a humanidade.

Em uma declaração publicada ao regressar a Londres, após ter sido expulso pelo governo da Argentina, o prelado explica que «o Santo Padre e o meu Superior, bispo Bernard Fellay, solicitaram que eu reconsidere as observações que fiz na televisão sueca quatro meses atrás, pois suas consequências têm sido muito pesadas».

Segundo explica, «observando essas consequências, posso verdadeiramente dizer que lamento ter feito essas observações, e que se eu soubesse de antemão todo dano e dor que elas dariam origem, especialmente para a Igreja, mas também para os sobreviventes e parentes das vítimas da injustiça sob o Terceiro Reich, eu não as teria feito».

O prelado afirma que na televisão sueca limitou-se a dar uma «opinião de uma pessoa que não é um historiador, uma opinião formada há 20 anos com base nas provas disponíveis então, e raramente expressa em público desde então».

Segundo Dom Williamson reconhece, «os eventos das últimas semanas e os conselhos de membros da Fraternidade São Pio X persuadiram-me da minha responsabilidade por tanto sofrimento causado».

«Para todas as almas que ficaram verdadeiramente escandalizadas com o que eu disse, diante de Deus, peço perdão», afirma.

E conclui: «como o Santo Padre tem dito, todo ato de violência injusta contra um homem fere toda a humanidade».

Um porta-voz da Conferência Episcopal Católica da Inglaterra e Gales esclareceu nessa quarta-feira que Dom Williamson, assim como os outros bispos da Fraternidade São Pio X, não estão em comunhão com a Igreja, motivo pelo qual não podem celebrar os sacramentos na Igreja Católica.

No dia 12 de fevereiro passado, Bento XVI afirmou, falando da Shoá, que «está claro que toda negação ou minimização deste terrível crime é intolerável e ao mesmo tempo inaceitável».

Fonte: Zenit.

Update às 20:15 – a Zenit publicou a declaração do bispo Williamson na íntegra. Segue abaixo:

Pedido de perdão de Dom Williamson a vítimas do Holocausto e à Igreja

Declaração emitida nesta quinta-feira

LONDRES, quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Publicamos a declaração emitida nesta quinta-feira pelo bispo Richard Williamson, da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, com a qual pede perdão à Igreja e às vítimas do Holocausto pelo dano causado por suas declarações.

* * *

O Santo Padre e o meu Superior, bispo Bernard Fellay, solicitaram que eu reconsidere as observações que fiz na televisão sueca quatro meses atrás, pois suas consequências têm sido muito pesadas.

Observando essas consequências, posso verdadeiramente dizer que lamento ter feito essas observações, e que se eu soubesse de antemão todo dano e dor que elas dariam origem, especialmente para a Igreja, mas também para os sobreviventes e parentes das vítimas da injustiça sob o Terceiro Reich, eu não as teria feito.

Na televisão sueca, eu manifestei apenas a opinião (…”eu penso”…”eu acho”…) de uma pessoa que não é um historiador, uma opinião formada há 20 anos com base nas provas disponíveis então, e raramente expressa em público desde então. No entanto, os eventos das últimas semanas e os conselhos de membros da Fraternidade São Pio X persuadiram-me da minha responsabilidade por tanto sofrimento causado. Para todas as almas que ficaram verdadeiramente escandalizadas com o que eu disse, diante de Deus, peço perdão.

Como o Santo Padre tem dito, todo ato de violência injusta contra um homem fere toda a humanidade.

+ Richard Williamson,

Londres, 26 de fevereiro de 2009.

[Traduzido do inglês por Zenit]

Na festa da Cátedra de São Pedro, Papa pede que rezem por ele

Vejam o que disse hoje o Papa Bento XVI na oração do Ângelus hoje, dia em que se comemora a festa da Cátedra de São Pedro:

Neste domingo celebra-se também a festa da Cátedra de São Pedro, importante acontecimento litúrgico que coloca na luz o ministério do Sucessor do Príncipe dos Apóstolos. A Cátedra de Pedro simboliza a autoridade do Bispo de Roma, chamado a desenvolver um peculiar serviço para todo o Povo de Deus. Rapidamente depois do martírio dos santos Pedro e Paulo, à Igreja de Roma é, de fato, reconhecido o papel primordial em toda comunidade católica, papel atestado já no II século por Santo Inácio de Antioquia (Aos Romanos, Pref.: Funk, I, 252) e por Santo Irineu de Leão (Contra as heresias III, 3, 2-3). Este singular a específico ministério do Bispo de Roma foi reforçado pelo Concílio Vaticano II.

(…)

Caros irmãos e irmãs, esta festa me oferece a ocasião para pedir-vos que me acompanhem com vossas orações, para que possa cumprir fielmente a grande missão que a Providência Divina me confiou qual Sucessor do apóstolo Pedro. Invocamos por isso a Virgem Maria, que ontem aqui, em Roma, celebramos com o belo título de Nossa Senhora da Confiança. A Ela pedimos também que nos ajude a entrar com as devidas disposições de vontade no tempo da Quaresma, que iniciará quarta-feira próxima com o sugestivo Rito das Cinzas. Abra-nos, Maria, o coração à conversão e à escuta dócil da Palavra de Deus.

Rezemos pelo Papa! Peçamos a Virgem Maria que cubra Bento XVI com seu manto e o proteja das injúrias, das calúnias e das perseguições. Viva o Papa!

Fonte: Alocução de Bento XVI na festa da Cátedra de São Pedro e Bento XVI pede orações para cumprir sua missão (Zenit).

Herói da fé: bispo opositor da cidade chinesa de Xiwanzi libertado após dois anos e meio na prisão

Ele foi preso por consagrar uma Igreja sem o consentimento da Associação Patriótica. As autoridades chinesas o consideravam apenas como um padre, e não permitiam que ele realizasse cerimônias maiores. Dois padres e vinte fiéis da diocese de Xiwanzi ainda estão presos. Em Hebei, dois bispos ainda estão “desaparecidos” após muitos anos.

Hong Kong (AsiaNews/UCAN) – Leão Yao Liang, bispo opositor de Xiwanzi, foi posto em liberdade logo após o ano novo chinês. Ele tinha sido levado pela polícia em 30 de julho de 2006. Oficiais do governo chinês já o tinham advertido que não deveria desempenhar seu trabalho como bispo ou estar a frente de atividades da Igreja que envolvessem considerável número de pessoas.

O bispo Yao, de 85 anos, é um bispo não-autorizado, não-reconhecido pelo governo e não é membro da Associação Patriótica, uma igreja que não aceita a autoridade do Papa e se mantém sob a autoridade do governo comunista chinês. Provavelmente, ele foi preso porque as autoridades descobriram que ele consagrou uma Igreja no condado de Guiyang em julho de 2006 sem o consentimento da Associação Patriótica. O bispo e cinco dos vinte padres que concelebravam a missa foram detidos por violarem regulamentos de assuntos religiosos.

Enquanto esteve na prisão, bispo Yao foi mantido em vários locais, sempre em isolamento. Agora, as autoridades permitem que ele veja pessoas, mas ele não está autorizado a organizar grandes assembléias. Em Xiwanzi, não foi nem permitido aos fiéis organizarem uma celebração pelo seu retorno.

A diocese de Xiwanzi (Hebei) é uma diocese da Igreja proscrita, fiel ao Papa, que conta com quinze mil fiéis e está situada a cerca de 260 quilômetros ao norte de Pequim, quase na fronteira com a Mongólia Interior. Durante meses a polícia, apoiada pela Associação Patriótica, tem realizado uma campanha contra padres e bispos da Igreja não-autorizada pelo governo. De acordo com fontes locais, há ainda vinte fiéis e dois padres no cárcere, presos por organizarem manifestações e protestos de desobediência pela libertação de seu bispo.

Ainda há dois bispos da área de Hebei – a região chinesa com maior concentração de católicos – detidos pela polícia, permanecendo presos em local ignorado: um deles é o bispo João Su Zhimin, da diocese de Baoding, que tem 75 anos de idade. Ele foi preso em 1996 e desapareceu. Em novembro de 2003 foi mandado para um hospital em Baoding, sob a guarda da polícia, onde foi tratado de problemas cardíacos e oculares. Mas, poucos dias depois, ele desapareceu novamente.

O outro bispo desaparecido é Cosme Shi Enxiang, da diocese de Yixian, hoje com 86 anos. Ele está preso desde 13 de abril de 2001. Sagrado bispo em 1982, antes disso esteve preso por 30 anos. Foi preso novamente em dezembro de 1990, libertado em 1993. Está em isolamento total desde sua última prisão.

Fonte: Asia News. Tradução de Matheus Cajaíba. Para ler o texto original em inglês, clique aqui.

Esquerda e direita na Igreja

Por Olavo de Carvalho.

Já faz tempo que a grande mídia no Brasil – refiro-me sobretudo à de São Paulo, Brasília e Rio — deixou de ser meio de informação confiável e se tornou puro instrumento de manipulação ideológica. O uso que ela faz dos termos para descrever situações e personagens não corresponde nunca à realidade objetiva, mas a um enfoque pré-calculado para produzir determinadas reações públicas. A linguagem-padrão do jornalismo brasileiro segue hoje estritamente a técnica soviética da desinformação. Isto não é modo de dizer, mas uma descrição exata do que acontece.

No caso das questões religiosas, a prova mais clara disso é o progressivo deslocamento do sentido dado aos rótulos “conservador” e “fundamentalista”. No começo, “conservadores” eram os católicos que se opunham às mudanças introduzidas pelo Concílio Vaticano II. Muitos deles foram expulsos da Igreja, como dom Marcel Lefebvre, e hoje constituem um movimento religioso independente, de enormes proporções, cuja existência a mídia jamais menciona. Amputada essa parcela da realidade, o rótulo de “conservadora” passa a ser aplicado à própria ala da hierarquia católica que implementou as mudanças do Concílio. A margem de conservadorismo admitido, portanto, diminuiu consideravelmente. Antes, homens como João Paulo II ou o então cardeal Ratzinger eram o centro, o fiel da balança. Depois a mídia os deslocou para a direita e até para a extrema-direita enquanto dava sumiço nos conservadores genuínos, transformados em “não-pessoas”, sem direito a voz ou presença pública.

Processo análogo sofre o termo “fundamentalista”. Essa palavra designava os adeptos de uma interpretação literalista e legalista da Bíblia. Pouco a pouco, a classe jornalística passou a empregá-lo para rotular qualquer pessoa que seja fiel a uma religião tradicional. Isto significa que a quota de fidelidade religiosa admitida na sociedade “decente” vai se estreitando cada vez mais. É um estrangulamento progressivo, lento e calculado.

Outro exemplo. Até dez anos atrás, todo mundo na Igreja – esquerda e direita — era contra o aborto. Em 1991 os bispos de Chiapas, México, que estavam entre os mais esquerdistas da América Latina, acusaram de auto-excomunhão as militantes feministas que defendiam o aborto. Hoje, a mídia em peso carimba como “conservador” e até “fundamentalista” qualquer católico que seja anti-abortista.

Tudo isso é manipulação cínica, voluntária e consciente. Quem molda a linguagem popular domina a alma do povo. O uso de categorias políticas para descrever as facções da Igreja não é errado em si, pois o clero é composto de seres humanos, e seres humanos têm o direito e a inclinação de se alinhar politicamente. Mas essas categorias devem ser usadas honestamente como termos descritivos apropriados à realidade objetiva, não como instrumentos de manipulação destinados a criar uma falsa realidade politicamente conveniente a determinada facção. A mídia tem inclusive o direito de acompanhar as mutações semânticas quando vêm de fora, mas não o de produzi-las por iniciativa própria, moldando os acontecimentos em vez de descrevê-los.

Em cada grande redação do país existe hoje um forte grupo de iluminados que se autoconstituem donos do pensamento geral. Confrontados com um padrão normal de honestidade intelectual e jornalística, são na verdade criminosos, estelionatários. Um dos mais notáveis mentores intelectuais da esquerda mundial, o filósofo americano Richard Rorty, teve até o cinismo de enunciar a regra que orienta essa gente: não devemos – dizia ele — tentar convencer as pessoas expondo nossa convicção com franqueza, mas ao contrário, “inculcar nelas gradualmente os nossos modos de falar”. É o maquiavelismo lingüístico em estado puro.

João Paulo II e Bento XVI nunca estiveram efetivamente entre os conservadores. Foram transformados nisso por essa obra de engenharia verbal que, deslocando o eixo da linguagem cada vez mais para a esquerda, deforma as proporções da realidade para ludibriar a opinião pública. Complementarmente, essa manobra impõe o estereótipo de que os conservadores são a classe repressora e os progressistas são os coitadinhos oprimidos e perseguidos. Na verdade, jamais algum esquerdista da Igreja sofreu um milésimo das punições impostas à ala conservadora de dom Lefebvre. Os verdadeiros perseguidos da Igreja nunca são mencionados na mídia, embora constituam em certos países da Europa quase um terço da população fiel. No Brasil, os bispos de Campos foram humilhados, censurados e por fim excomungados sem ter feito mal algum. Leonardo Boff ou Gustavo Gutierrez, ao contrário, nunca sofreram punição nenhuma, apenas o período de silêncio obsequioso por alguns meses, e até hoje vivem da propaganda lacrimosa postiça que os mostra como verdadeiros mártires. Toda a grande mídia é cúmplice dessa mentira. O jornalismo no Brasil tornou-se uma forma de alucinação proposital.

Do mesmo modo, o chavão que divide a Igreja em “Igreja dos ricos” e “Igreja dos pobres”, que inicialmente aparecia só na propaganda comunista explícita, foi absorvido pela mídia e tornou-se de uso geral. A Igreja – toda a Igreja – sempre trabalhou pelos pobres. A ela devem-se a invenção dos hospitais, das maternidades, o ensino universal gratuito, a progressiva abolição da escravatura, etc. A “teologia da libertação”, que se auto-embeleza com o título de “Igreja dos pobres”, nada fez pelo povo pobre além de usá-lo como massa de manobra ou bucha de canhão, como o faz na Colômbia e em Cuba. A adoção daqueles estereótipos pela mídia é uma brutal inversão da realidade. Por outro lado, é a ala esquerda da Igreja – e não os conservadores ou mesmo os centristas — que hoje nada em dinheiro de George Soros, da ONU, da Unesco, das Fundações Ford e Rockefeller, e até de organizações abortistas como a Planned Parenthood Foundation e a Sunnen Foundation. Bela “Igreja dos pobres”, essa!

Fonte: site de Olavo de Carvalho.

O maior de todos os pecados: negar o pecado

Um dos pontos mais contestados da catequese tradicional da Igreja pela sociedade e pelos próprios católicos é o ensino católico referente à sexualidade. A Igreja proibe tudo: sexo fora do casamento, homossexualismo, pornografia… Em contrapartida, a modernidade oferece uma “libertação” para isso, soprando nos ouvidos de todos uma proposta sedutora: você pode ser católico, bom cristão, basta seguir alguns mandamentos podendo descartar outros.

Infelizmente, a maioria dos que se dizem católicos “escolhe” quais os mandamentos da Igreja quer seguir – e essa atitude é muito mais grave que o pecado em si: é o desprezo pelo próprio conceito de pecado. Esse “self-service” espiritual tem conseqüências muito sérias, tornando o fiel cada vez mais desligado da Igreja e dos preceitos cristãos. O Papa torna-se um cara legal, mas com umas idéias meio ultrapassadas, e eu com meu senso crítico apuradíssimo é que devo decidir o que é melhor para mim. Portanto, se a Igreja diz que isso ou aquilo é pecado, primeiro eu tenho que consultar a minha sabedoria imensa para discernir e comprovar, de acordo com o meu julgamento, se tal coisa é ou não pecado.

Vamos refletir um pouco.

O ataque à moral sexual cristã é uma das frentes de batalha dos militantes anti-cristãos – ou vocês acham que a revolução sexual veio do nada, foi algo espontâneo, que chegou como um vendaval para “acabar com séculos de repressão (sic) da cultura ocidental católica” logo que um bando de malucos resolveu tirar a roupa na França e em Woodstock pra transar adoidado? A revolução sexual prega a absoluta desmoralização do magistério da Igreja no que diz respeito a castidade, casamento, sexo. A cultura ocidental a partir dos anos 60 abraçou o hedonismo sem contestação alguma, tornando-se a principal divulgadora de uma cultura libertária, negacionista, visando a construção de uma “nova sociedade”.

Ora, para construir uma “nova sociedade”, você tem que destruir a velha, certo? E qual o principal fundamento da “velha” e “antiquada” sociedade? O cristianismo, ora bolas, e a Igreja Católica, que tem um Papa para encher o saco de todo mundo, lembrando o que é certo e o que é errado. Uma nova sociedade “libertária” não pode ter “certo” e “errado”, tem que ter cidadãos “conscientes” que vão fazer as próprias escolhas morais, sem parâmetros pré-definidos.

A destruição da Igreja Católica e do Cristianismo tem que acontecer por dentro, como previa o pensador comunista italiano Antonio Gramsci. Você descaracteriza a doutrina católica, cria dúvidas e confusões entre os fiéis, a partir do que dizem leigos e eclesiásticos engajados não com a Igreja, mas com este projeto de “nova sociedade”. E, para a concretização deste admirável mundo novo, a Igreja Católica e o Cristianismo são obstáculos sérios, que devem ser removidos. Para isso, devem ser descaracterizados. As Igrejas devem se tornar um clubinho onde as pessoas vão para não se sentirem entediadas, cantam, lêem alguma coisa para se sentirem edificadas e voltam pra casa. Muito simples. “Mas, na minha moral individual, mando eu!” Manda nada, idiota: você já está sendo manipulado pela revolução pregada por Gramsci e seus sequazes.

O que os iluminados promotores da “nova sociedade” não percebem (ou talvez, ao contrário, percebam muito bem) é que uma escolha moral só pode ser feita de maneira consciente a partir de valores morais, que não são escolhidos por si mesmos! Ou então, a moral torna-se relativa… cada indivíduo tem sua própria moral, daí tudo se torna permitido, como adivinhou Dostoiévski.

O estrago provocado pela relativização do pecado entre os fiéis foi tão grande que, para a maioria dos cristãos hoje (e mesmo entre os que se dizem “praticantes”), o sexto mandamento foi praticamente abolido – ou “modificado” para “não farás sexo sem amor” ou “não colocarás um baita chifre na cabeça do seu namorado”. Ou quem sabe, “não farás sexo com mais de uma pessoa – ao mesmo tempo, pelo menos”. Ou o mais popular de todos, “não farás sexo sem usar a camisinha”. A mentalidade de que a Igreja só aconselha em matéria sexual e seus conselhos não precisam ser seguidos disseminou-se, e o que temos hoje são pais católicos permitindo que o filho leve a namoradinha pra dormir com ele em casa, no sábado à noite, e domingo de manhã todo mundo vai à missa e comunga numa boa.

Não existe escolha: ou você é um católico por inteiro ou não é nada, ou você se reconhece pecador e fica de joelhos todas as noites pedindo perdão a Nosso Senhor Jesus Cristo por todas as besteiras que você fez ao longo do dia, ou você é um farsante. E pecado não é aquilo que você quer que seja, não é uma definição pessoal – já cansei de ouvir católicos vira-latas estufando o peito pra dizer “pecado é aquilo que minha consciência julga como tal”. Não foi a Igreja que inventou que sexo fora do casamento é pecado, não foi o Papa que disse que homossexualismo é pecado, não foi o bispo Dom José das Couve que afirmou que métodos anti-concepcionais artificiais são moralmente inaceitáveis.

Se você realmente é católico, sabe que a Igreja tem a assistência divina do Espírito Santo, o Espírito da Verdade. E o que a Igreja define como pecado é aquilo que o Espírito Santo lhe inspirou – não somente através da Bíblia, mas da Tradição Oral e do Magistério da Igreja (leia sobre o assunto no Curso de Bíblia do Padre Tonico).

O ponto é esse: a mudança de costumes tem como objetivo a desmoralização da autoridade moral do cristianismo, particularmente da Igreja Católica. As pessoas vêem os “avanços” da modernidade e comentam: “o mundo mudou, mas a Igreja é muito atrasada…” Caramba, a Verdade não muda. E quando você começa a duvidar de um ensinamento da Igreja, do Cristianismo, da Bíblia, abre uma caixa de Pandora na sua cabeça. Se um mandamento da Igreja é furado, por que os outros também não estariam sujeitos à falibilidade?

O católico tem que obedecer à Igreja e ser submisso ao Papa. Sem isso, no way: não é católico, é simplesmente um imbecil que acha que é católico e permanece indiferente ao pecado.

Vejam um exemplo maravilhoso, bastante elucidativo. Você vai ao padre para se confessar – essas confissões moderninhas, de frente para o padre, cara a cara, fora do confessionário, parece mais um bate papo, só falta a cervejinha. Você começa falando: “Padre, eu pequei… Transei com minha namorada…” O padre olha pra você com uma cara de benevolência e lhe pergunta: “Você ama sua namorada?” E você responde “Amo, padre… Sou apaixonado por ela, mas foi um momento de fraqueza…” Daí o padre lhe interrompe: “Mas isso não é pecado! É algo maravilhoso, você está expressando seu amor por ela”, e tome blá-blá-blá digno de programa da Ana Maria Braga. “O que não pode é sexo sem amor, mas você não está pecando”. E você, ainda meio confuso, pergunta: “Mas padre, sexo antes do casamento não é pecado?” O padre, com sua sabedoria pai d’égua, responde: “Meu querido, a Igreja aconselha… Mas hoje em dia, as coisas estão muito mudadas…”

Daí você sai aliviado com os conselhos maravilhosos do padre (“Não esqueça a camisinha, hein… Vocês não estão preparados para terem um bebê…) e já planeja a próxima ida ao motel com a queridinha para comemorar – dessa vez, sem neuras, sem culpa, sem nenhum impedimento “divino”.

Vou contar outra, mas peço que não espalhem… Uma vez, um padre (que inclusive tempos depois abandonou a batina para se juntar com uma mulher divorciada, que morava perto da igreja, para escândalo de toda a comunidade…) me contou que um colega de sacerdócio absolveu em uma confissão e permitiu que recebesse a eucaristia um travesti que vivia com outro homem, tendo como justificativa a fidelidade que havia entre o “casal”. O padre não aconselhou que o travesti vivesse a castidade e que evitasse a relação homossexual: ele fez vistas grossas a esse pecado gravíssimo, que afasta a pessoa da Graça de Deus, e orientou o fiel como se essa prática fosse lícita, permitindo-o que comungasse. Provoca escândalo muito maior que essa união, pecado condenado reiteradamente por Deus na Bíblia e pelo Magistério da Igreja, a atitude do padre. Ninguém tem o “poder” de estabelecer pecados ou revogá-los.

Vejam o que diz o Catecismo da Igreja Católica, que está acima da autoridade de qualquer padre moderninho, sobre sexo fora do casamento e homossexualismo:

2353 A fornicação é a união carnal fora do casamento entre um homem e uma mulher livres. É gravemente contrária à dignidade das pessoas e da sexualidade humana, naturalmente ordenada para o bem dos esposos, bem como para a geração e a educação dos filhos. Além disso, é um escândalo grave quando há corrupção de jovens.

2357 A homossexualidade designa as relações entre homens e mulheres que sentem atração sexual, exclusiva ou predominante, por pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade se reveste de formas muito variáveis ao longo dos séculos e das culturas. Sua gênese psíquica continua amplamente inexplicada. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a tradição sempre declarou que “os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados”. São contrários à lei natural. Fecham o ato sexual ao dom da vida. Não procedem de uma complementaridade afetiva e sexual verdadeira. Em caso algum podem ser aprovados.

Portanto, sinto muito, mas tenho uma péssima novidade para todos: pecado não é aquilo que você quer que seja pecado, não é aquilo que você acha que seja pecado, não é aquilo definido pela sua consciência, pela sua cabecinha oca. Pecado é um dado objetivo, revelado por Deus à Igreja Católica, através da assistência divina do Espírito Santo a ela. Jesus veio ao mundo para ensinar o que é certo e o que é errado, não para fazer turismo ou distribuir vinho para a galera encher a cara.

E o pecado maior de todos, aquele que Deus não perdoa e nem perdoará nunca, o pecado contra o Espírito Santo é… negar o próprio pecado!!! Colocar-se como Deus, juiz supremo, e negar um pecado é uma ofensa gravíssima a Deus, não somente à Igreja. Repetindo: a desmoralização do Cristianismo em geral e da Igreja Católica, em particular, passa pela relativização do conceito do que seja o pecado, pela disseminação da idéia de que o certo e o errado partem do julgamento de um indivíduo, não de uma ordem superior a que esse indivíduo, conscientemente, deve seguir.

“Ah, mas e agora??? Eu sou pecador!!!” Não brinca!!! Eu também sou. Eu, Raimundo e todo mundo… A misericórdia de Deus é infinita para todos aqueles que pedem perdão. Mas como pedir perdão sem ter a consciência do pecado? Como pedir perdão se o orgulho não permite o reconhecimento da própria infração?

Quem não aceita a existência do pecado, não é capaz de pedir perdão. E por isso, não o receberá. Este é o pecado contra o Espírito Santo: pecar contra a Graça santificadora do Pai e recusar-se a aceitar o seu perdão.

Mais notícias sobre a repercussão do levantamento das excoumunhões

Não é fácil ser católico, um católico fiel a Nosso Senhor Jesus Cristo e à Sua Igreja – não estou falando de ser católico vira-lata, para isso, basta latir besteiras contra o Magistério da Igreja, o Papa… e ainda ter a cara de pau de dizer “eu sou católico, mas…” Isso é muito fácil. Difícil é ser católico de verdade.

Imaginem então ser padre. Agora, imagine ser bispo… E imagine ser Papa.

Bento XVI levantou as excomunhões aos bispos lefebvrianos e despertou a ira de setores da Igreja Católica e de líderes judaicos. Até o vigarista do Hans Küng abriu sua boca para proferir suas costumeiras imbecilidades.

Posto aqui links para duas matérias jornalísticas de interesse:

Papa se aproxima de tradicionalistas
Perdão a bispos excomungados em 1988 provoca diálogo entre setores da Igreja Católica

O Vaticano, os lefebvrianos e o antissemitismo

Faz parte das obrigações de um católico fiel estar bem informado sobre o que acontece em sua Igreja!

Polêmica sem fim: o Concílio Vaticano II – ruptura ou continuidade?

Esses últimos dias foram bastante movimentados para nós, católicos. A revogação da excomunhão aos bispos ordenados pelo arcebispo francês Marcel Lefebvre reascendeu a discussão sobre a validade do Concílio Vaticano II e à obediência a seus decretos. Zenit publicou ontem artigo relacionado ao assunto. Transcrevo um trechinho:

Concílio, eixo do magistério de Bento XVI, segundo cardeal Bertone

Rejeita que o Concílio tenha suposto «uma ruptura» na história da Igreja

ROMA, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- «Alguns sustentam que o Concílio Vaticano II supôs uma nova ‘Constituição’ na Igreja, mas isso é absurdo», como manifestaram todos os papas até agora, inclusive Bento XVI: assim explicou o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado Vaticano, em uma conferência sobre o pensamento do Papa Bento XVI, por ocasião do 60º aniversário da fundação do Círculo de Roma, segundo recolhe L’Osservatore Romano em sua edição de ontem.

O cardeal Bertone afirmou que a tese que uma ruptura entre a Igreja anterior e posterior ao Concílio é «falsa», pois «a constituição essencial da Igreja vem do Senhor, que se entregou a nós para que pudéssemos alcançar a vida eterna e, partindo desta perspectiva, estamos em situação de iluminar também a vida no tempo e o próprio tempo».

Para o purpurado, o Vaticano II gerou «duas interpretações opostas: a da descontinuidade e a ruptura, que obteve simpatia da mídia e de uma parte da teologia moderna», e «a da reforma e a renovação na continuidade da única Igreja que o Senhor deu, e que é a que está, silenciosamente, mas cada vez de modo mais visível, dando fruto».

Portanto, o Papa atual, acrescentou, «inscreve-se a título pleno no grupo de pontífices que disse ‘não’ à hermenêutica da descontinuidade e ‘sim’ à da reforma, tal como explicou João XXIII na abertura do Concílio e confirmou Paulo VI no discurso de conclusão».

Leia o restante da matéria aqui.

O cardeal Bertone parece afirmar o que os tradicionalistas negam veementemente: a validade do que ensina o Concílio Vaticano II. Ao mesmo tempo, desmente a idéia modernista de que o Concílio fez surgir uma “nova Igreja”, o que é um absurdo, dado que a Igreja de Cristo sempre foi assistida pelo Espírito Santo desde sua fundação e o próprio Senhor Jesus lhe prometeu proteção e assistência até o fim dos tempos (Mt 16,18-19; Mt 28,18-20). Portanto, a idéia de uma Igreja “renovada” é descabida, afinal de contas o Espírito Santo jamais deixou de assisti-la.

E qual a minha opinião? Nenhuma. Minha opinião é irrelevante. Pretendo estudar com carinho todos os 21 concílios ecumênicos realizados no decorrer da História da Igreja – mas isso fica pra depois que eu encerrar meu mestrado. Claro, pretendo estudar também o Concílio Vaticano II, e somente aí serei capaz de dizer alguma coisa que valha a pena ser lida. Mas, por enquanto, apenas relato aqui de forma tímida o que está acontecendo.