Mensagem do dia (14/06/2016)

O verdadeiro conhecimento não é formado apenas pelo acúmulo de informações; pelo menos não o é a verdadeira cultura. Aqueles que julgam que um homem culto é um homem erudito enganam-se, porque qualquer débil mental pode alcançar a erudição; não poderá, porém, alcançar um grau elevado de cultura. Há cultura quando há conhecimento de nexos e se é capaz de realizar as ilações mais amplas, quando se tem uma visão coordenada do conhecimento específico com o genérico, quando não se é apenas um monstro de conhecimento parcial, mas se desenvolve uma ampla visão geral.

Mário Ferreira dos Santos.

Jornais, Igreja e Estado

Por Carlos Alberto Di Franco.

O Brasil é um país de expressiva maioria católica. A informação de religião, portanto, merece atenção especial. A quantidade da informação religiosa, em geral, é bastante razoável. Alguns riscos, no entanto, ameaçam a qualidade da cobertura jornalística. Sobressai, entre eles, a falta de especialização, o razoável desconhecimento técnico e, reconheçamos, certa dose de preconceito. Acresce a tudo isso o amadorismo, o despreparo e a falta de transparência da comunicação eclesiástica. Recentes episódios, lamentáveis, evidenciam a urgente necessidade de profissionalização da comunicação institucional da Igreja.

A Igreja Católica, instituição de grande presença e influência na agenda pública brasileira, é sempre notícia. Trabalhar a informação religiosa com rigor e isenção é um desafio. Muitas vezes ganhamos. Outras, perdemos. Em sua primeira viagem à África, o papa Bento XVI reafirmou a oposição da Igreja ao uso dos preservativos. Os jornais afirmaram que Bento XVI teria dito que “a camisinha agrava a aids”. Errado. O que o papa disse e tem repetido é que a verdadeira luta contra a aids passa pela “humanização da sexualidade”. A mera distribuição de preservativos é, segundo a Igreja, uma estratégia equivocada. A Igreja prega abertamente que a fidelidade dentro do casamento heterossexual, a castidade e a abstinência são a melhor maneira de combater a aids. Tal postura não decorre de uma histeria conservadora. Resulta, na verdade, de conceitos antropológicos profundos, embora, reconheço, politicamente incorretos. Podemos concordar ou discordar, podemos achar que se trata de uma exigência excessiva, mas não podemos desqualificar por baixo.

A mídia dá foco absoluto ao que a Igreja faz ou fará. Gente de todas as denominações cristãs (e até mesmo sem qualquer profissão religiosa) dá opiniões sobre os caminhos que a Igreja Católica deve adotar. Se a Igreja estivesse de fato fora do tempo, anacrônica e ultrapassada, poucos se dariam a esse trabalho. A eleição de Bento XVI, por exemplo, foi um case jornalístico interessante. A cobertura, lá fora e aqui, foi quantitativamente exuberante. Do ponto de vista da qualidade, no entanto, ficou bastante aquém do que poderíamos ter feito. Ficaram, alguns jornais, reféns de declarações de reduzidos e conhecidos desafetos do então cardeal Ratzinger. Criou-se, assim, uma falsa imagem do novo papa. Bento XVI seria um eclesiástico duro, quase intratável. Quem o conhece, e nós o vimos de perto aqui no Brasil, sabe que se trata de um brilhante intelectual, mas também de um homem simples, cordial, com uma ponta de timidez que desarma e cativa.

Agora, como papa, por óbvio, defende o núcleo fundamental da fé católica. Sem essa defesa, muitas vezes na contramão dos modismos de ocasião, a Igreja perderia sua identidade. Se os papas procurassem o “sucesso” – que parece ser a medida suprema da realização para os que tudo medem pelos ibopes -, bastaria que, esquecendo-se da verdade que custodiam, se tivessem bandeado pouco a pouco, como fazem certos “teólogos”, para os “novos valores” (em linguagem cristã, contravalores) que cada vez mais tentam dominar o mundo.

É patente que, na hora atual, vivemos uma encruzilhada histórica em que são incontáveis os que parecem andar pela vida sem norte nem rumo, entre as areias movediças do niilismo. O papa teve sempre plena consciência dessa situação e, em vez de sentir a tentação daqueles teólogos que aspiram aos afagos do mundo para dele receberem diploma de “modernos” e “progressistas”, ele dá, diariamente, a vida por uma verdade que pode resgatar este mundo, sem se importar com que o chamem de retrógrado, conservador ou desatualizado. Ou será que se espera um papa que deixe de ser cristão para ser mais bem aceito?

Pretende-se que, perante este deslizamento do mundo para baixo, com a glorificação de todo nonsense moral, o papa exerça a sua missão acompanhando a descida, cedendo a tudo e se limitando a um vago programa socioecológico, a belos discursos de paz e amor e a um ecumenismo em que todos os equívocos se podem abraçar e congraçar, porque ninguém acredita mais em coisa alguma, a não ser em viver bem? Mas a coerência doutrinal da Igreja, por vezes conflitante com certas posturas comportamentais, tem sido um fator de defesa e elevação ética das sociedades.

O crescimento da Igreja, como salientou Bento XVI, dá-se “muito mais por atração”, nunca por imposição. Entre uma pessoa de fé e um fanático existe uma fronteira nítida: o apreço pela liberdade. O sectário assume a sua convicção com intolerância. O fanático impõe. A pessoa de fé, ao contrário, assenta serenamente em seus valores. Por isso, a sua convicção não a move a impor, mas a estimula a propor, a expor à livre aceitação dos outros as ideias que acredita dignas de serem compartilhadas.

A correta informação sobre a Igreja passa pelo reconhecimento de seu papel na sociedade e pelo seu direito de transitar no espaço público. Caso contrário, cairíamos no laicismo antidemocrático. O Estado é laico, mas não é ateu. O laicismo militante pretende ser a “única verdade”racional, a única digna de ser levada em consideração na cultura, na política, na legislação, no ensino, etc. Por outras palavras, o laicismo é um dogmatismo secular, algo tão pernicioso quanto o clericalismo do passado.

Tentar expulsar a Igreja do debate em defesa da vida, por exemplo, é arbítrio laicista. A independência é um bem para a Igreja e para o Estado. Mas não significa ruptura e, muito menos, virar as costas para o Brasil real, uma nação de raízes culturais cristãs. Informar com isenção é um desafio. E é aí que mora o fascínio da nossa profissão.

Fonte: Estadão.

PT: o partido do aborto

Eu ia escrever sobre isso, mas o Jorge Ferraz, do Deus Lo Vult!, já o fez, e muito bem neste post aqui. A cúpula da quadrilha aprovou uma resolução contrária a CPI do aborto, em que reitera a convicção do PT em liberar a matança de bebês no Brasil ainda no ventre de suas mães. A parte mais bonita do texto é essa aqui, que não resisto em comentar:

Tratar desse tema criminalizando as mulheres, impondo valores religiosos ou morais, é apostar no autoritarismo que queremos que não exista em nossa sociedade.

Esse trecho é uma pérola da hipocrisia, do cinismo, da falta de moral, exatamente o que caracteriza o PT. Vamos voltar à perguntinha básica: o que é aborto? Responder a essa pergunta é “impor valores religiosos ou morais?” Quais as conseqüências de um aborto para a saúde da mulher e para a sociedade? Por que os corajosos (sic) abortistas se eximem de responder a essas perguntas? Que moralidade é essa, que sonega informações básicas ao público em geral e às próprias mulheres?

A frase “apostar no autoritarismo que queremos que não exista em nossa sociedade” é bastante reveladora. Trata-se da velha retórica espúria de esquerdistas: aqueles que são contrários ao que nós defendemos, baseiam suas crenças em moralismos religiosos. São as forças do atraso. Novamente, a tática absurda e cada vez mais disseminada de desqualificar o discurso do oponente apenas por ele ter sido proferido por um adversário, sem ter a necessidade de provar ou refutar argumentos. O PT é a mentira ambulante, que se traveste de liberdade para pregar o assassinato de bebês. Autoritarismo bom é o autoritarismo do PT.

Um católico realmente fiel à sua Igreja e à moral católica não vota no PT. O PT é inimigo dos valores éticos, morais, do cristianismo, da vida, enfim. Arrisco-me a dizer: se não reagirmos, o PT vai arruinar este país para sempre.

Algumas estatísticas sobre aborto nos Estados Unidos

Alguns dados sobre a prática do aborto nos Estados Unidos, tiradas do site TheUnChoice.com. Depois, meus comentários:

  • 64% dos abortos realizados envolvem algum tipo de coerção de outras pessoas à mulher que aborta;
  • 84% das mulheres que realizaram aborto não estavam plenamente informadas;
  • 52% das mulheres que abortaram o filho disseram sentir-se apressadas em fazê-lo e 54% se sentiram inseguras, mas ainda assim…
  • 67% não receberam aconselhamento;
  • 79% não foram informadas sobre alternativas ao aborto;
  • Coerção pode degenerar em violência;
  • Homicídio é a principal causa de morte de mulheres grávidas;
  • Risco de morte para as mulheres é 62% maior após realizar aborto;
  • 31% das mulheres sofrem complicações de saúde após praticarem aborto (nota: estamos falando dos Estados Unidos, onde o aborto é legalizado e realizado em clínicas onde há “segurança”);
  • 65% sofrem sintomas de estresse pós-traumático;
  • 60% das mulheres que praticaram aborto afirmaram depois: “parte de mim morreu”;
  • Adolescentes são seis vezes mais propensas a cometer suicídio, em um período de seis meses após a prática de um aborto;
  • O risco de depressão clínica é 65% maior após um aborto;
  • Taxas de suicídio são 6 vezes maiores entre mulheres que praticaram aborto.

Detalhes (em inglês) aqui.

O que me deixa mais aborrecido, irritado, agressivo mesmo, é a quantidade de papagaios, que não sabem absolutamente nada sobre o assunto e repetem os slogans, batendo bumbo por aí: “ah, a mulher tem direito sobre o próprio corpo”, “aborto é um assunto íntimo”, “tem que haver o direito à escolha”… “Ah, eu quero dar minha opinião…”

Ainda que houvesse um “direito à escolha”, como escolher alguma coisa de forma consciente se você não recebe a informação adequada? Como sustentar a falácia de que os grupos e militantes abortistas na verdade querem legalizar o aborto para diminuir sua ocorrência, quando está claro que esses grupos se opõem ao direito à informação, e na realidade fazem apologia ao aborto seja por motivos financeiros ou ideológicos?

Estamos falando dos Estados Unidos, onde o aborto é legal até o momento do parto do bebê! E os dados indicam: 84% das mulheres que fazem aborto afirmaram depois do ato que não estavam plenamente informadas sobre o que iriam fazer. E 67% dessas mulheres não receberam qualquer tipo de aconselhamento.

Como acreditar na sinceridade dos militantes abortistas, quando pregam, com a cara mais limpa, que a liberação do aborto iria diminuir sua prática – e dizem defender sua legalização argumentando exatamente desta maneira para a opinião pública? Como não considerar isso uma falácia? Se querem a diminuição do número de abortos, o que esses militantes fazem para conscientizar as mulheres dos males que o aborto provoca, e assim dissuadi-las de praticarem tal ato?

Uma propaganda anti-aborto, uma notinha na imprensa e um comentário

Lá vou eu de novo falar de aborto. Na verdade, o tema é apenas pano de fundo; o que pretendo abordar é a sutileza do jornalista em manipular a informação que pretende divulgar, fazendo associações discretas, mas ainda assim notáveis, entre ser pró-vida e ser “retrógado”, “moralista” ou “reacionário”.

A matéria saiu em um blog do Ig, com o título Propaganda antiaborto usa imagem de Obama como exemplo. Reproduzo-a aqui, com meus comentários:

Não demorou muito para as primeiras críticas da direita contra Barack Obama começarem a aparecer. Obama liberou novamente o financiamento para entidades que apóiam o aborto e planejamento familiar na última semana, atitude definida como “decepcionante” pelo Vaticano.

Mas a polêmica maior veio com o anuncio publicado pelo Catholic Vote, um projeto de católicos, sem laços formais com a igreja, mas de grande influência na mídia e política dos EUA.

O anúncio, de título “Vida: imagine o potencial”, gerou polêmica ao usar a imagem de Barack Obama, um filho de casal interracial, abandonado pelo pai e com infância pobre, como possível vítima de aborto. Assista abaixo:

httpv://www.youtube.com/watch?v=V2CaBR3z85c

O anúncio diz:

“O futuro dessa criança é um lar em pedaços
Ele será abandonado por seu pai
Sua mãe solteira vai ter dificuldades para criá-lo
Apesar dos desafios que ele vai enfrentar
Esta criança
Vai se tornar
O 1º presidente negro dos Estados Unidos
Vida: imagine o potencial”

E aí? Polêmico mesmo ou estão querendo apenas tirar o foco das primeiras decisões de Barack Obama? Deixe seu comentário!

O texto já começa com uma sutileza digna de um elefante em uma loja de louças.

Sem criticar a propaganda em si, o iluminado colunista cutuca: “Não demorou muito para as primeiras críticas da direita contra Barack Obama começarem a aparecer.”

“Não demorou muito” quer dizer: o cara mal tomou posse e vocês já estão criticando? Que bando de impertinentes! Deviam calar a boca e ir pra casa.

Claro que esse comentário está de acordo com a lógica de jardim de infância que prevalece no jornalismo brasileiro, que trata seus leitores como dementes. Exemplo clássico: esquerda = bonzinhos, direita = malvados. Quem é contra o aborto, é de direita; logo, quem é contra o aborto é malvado.

Veja o anúncio. Se não souber inglês, veja a tradução. Estão falando alguma mentira ali? Alguma incorreção? Alguma imprecisão? Tem alguma coisa errada com o anúncio que o invalide, que tire sua credibilidade?

Depois, o arremate fantástico: “E aí? Polêmico mesmo ou estão querendo apenas tirar o foco das primeiras decisões de Barack Obama? Deixe seu comentário!”

O meu comentário é que já passou da hora de reagir frente a notinhas tão idiotas. O que o iluminado escriba quis dizer com “tirar o foco das primeiras decisões de Barack Obama”? Ora, esse anúncio é um tapa de luvas no presidente abortista justamente por uma de suas primeiras decisões – rever a proibição de financiamentos públicos do governo norte-americano para a prática de abortos nos Estados Unidos e no resto do mundo. Trata-se de uma referência, ainda que implícita, aos rumos políticos adotados por Obamba neste assunto. Ora, como o anúncio então poderia “tirar o foco” de uma das “primeiras decisões” do novo presidente, se o que faz é justamente chamar a atenção do público para ela? Que pergunta estúpida é essa, que encerra o texto apenas com o intuito de confundir o leitor?

Esse é o nível a que chegou a imprensa brasileira: o fundo do poço. E não se surpreendam, porque lá embaixo tem um alçapão.

P.s.: antes que eu me esqueça, já incluí o Catholic Vote na lista de links favoritos.

Notícia da Folha sobre a Marcha pela Vida – e eu faço algumas perguntinhas, quem pode me responder?

Essa notinha publicada na Folha Online tem direito a comentários. Vamos lá:

Obama reafirma apoio ao aborto enquanto milhares protestam em Washington

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu nesta quinta-feira o direito das mulheres de praticarem o aborto. A declaração foi feita em comentário escrito sobre o 36° aniversário da decisão da Suprema Corte sobre o caso “Roe versus Wade”, que estabeleceu o entendimento de que o aborto é legal em todo o país.

Em português claro: Obama defendeu o direito das mulheres de matarem o próprio filho dentro do ventre. Ou aborto é outra coisa que não seja isso e eu não estou sabendo?

“A decisão de 1973 não somente protege a liberdade e a saúde das mulheres, mas representa um princípio mais amplo: que o Governo não deve se intrometer em assuntos familiares mais íntimos”, disse Obama, defendendo ainda que todos precisam trabalhar para evitar a gravidez indesejada, reduzir a necessidade de abortos, e apoiar as mulheres e as famílias nas escolhas que fizerem.

Permitir aborto é não se intrometer em “assuntos familiares mais íntimos”. Hum. Vamos seguir esse brilhante “rassiossímio”: quando o marido enche a esposa de pancada, a gente não deve se intrometer, então? Não se trata de “assuntos familiares mais íntimos”? Por que não legalizar a pedofilia? São assuntos de família também. A maioria absoluta dos casos de abusos sexuais contra menores acontecem entre parentes próximos. E isso também é assunto de família. E como são íntimos! Se eu posso matar meu filho antes de ele nascer para evitar maiores problemas e inconvenientes para mim, o que me impede moralmente de abusar dele depois de ele já ter nascido?

Ou algumas pessoas devem ter direitos e outras não devem? O que retira do feto o seu status de “pessoa humana”: a “liberdade da mãe”? Então a liberdade, o direito de escolha de alguém é superior ao direito à vida de outrem?

Aborto é realmente uma coisa indefensável. Quem defende essa aberração está com um parafuso a menos, pra dizer o mínimo.

As declarações foram divulgadas enquanto dezenas de milhares de opositores ao aborto realizavam um protesto em Washington contra a legalidade da prática. A manifestação, que acontece uma vez por ano desde 1974, incluiu uma marcha até a Suprema Corte para exigir que Obama “impeça a morte intencional” dos que ainda não nasceram.

A tradicional “guerra de números”: a imprensa, fazendo questão de minimizar a importância da Marcha pela Vida, diminui o número de seus participantes. Reparem que mimo: nem mesmo o nome do evento foi mencionado na matéria! E qual o nome do evento? Marcha pela Vida. Porque entre a vida e a morte, qual é a escolha a ser feita?

A Folha, assim como a imprensa em geral, já fez sua escolha. E não foi pela verdade, muito menos pela vida.

“Queremos que Obama seja um defensor dos direitos humanos, dos quais o mais fundamental é defender a vida dos inocentes, dos que não nasceram”, disse Julio Hurtado, um manifestante colombiano. Muitos participantes do protesto disseram que o apoio de Obama ao aborto aumentou a necessidade de tornarem a mensagem deles mais visível.

Mudança

Obama venceu a corrida presidencial com um forte apoio das mulheres, e defendeu durante a campanha o direito de decidir sobre sua própria gravidez, o que causou a repulsa dos ativistas contra o aborto.

Novamente, eu pergunto: quais as conseqüências desse “direito de decidir sobre a própria gravidez”? Por que tantos eufemismos para dizer o óbvio? Interromper a gravidez = aborto = morte do feto = morte de um ser humano dentro da barriga da própria mãe, sem direito à defesa.

Ou eu estou errado? Ou aborto é na verdade uma operação de apendicite, sei lá? Ou é pra tirar o baço… Aborto é pra tirar o quê do corpo da mulher? Alguém pode me responder?

O que a mídia tenta fazer é uma verdadeira lavagem cerebral, um controle dos pensamentos e das próprias ações. Em primeiro lugar, tira-se o significado da palavra “aborto” da discussão, trocando-se para eufemismos e slogans como “interrupção da gravidez”, “liberdade de escolha”, “direito de decidir”. Assim, manipula-se a informação para que a “opinião pública” perca a noção do que aquilo realmente significa.

Em segundo lugar, toda a discussão sempre se dá com relação à mulher, mas nunca em função do que está dentro da barriga dela. Trata-se de um aborto; a mulher tem direitos? Sim. Mas espere um pouco: a mulher que se recusa a ser mãe é a única envolvida no ato de abortar? É só a ela que isso diz respeito? Os abortistas dizem: “sim”. Mas, peraê: o que está dentro da barriga dela? (a) Um amontoado de células; (b) Um alien do filme O 8º Passageiro; (c) Uma lombriga; (d) O filho (ou filha, afinal feto também tem sexo, não é? Ou nunca ouviram falar de “aborto seletivo“?) que ela está gerando em seu ventre.

Essa pergunta nunca é respondida de forma satisfatória por quem defende o aborto. “Ah, não sabemos exatamente quando a vida começa”. Se não tem certeza, então mata-se o que está lá dentro assim mesmo? O que é que está dentro da barriga da mãe, será que alguém pode responder isso? Será que apenas uma parte da discussão é que conta? “Ah, mas é o direito da mulher…”, repetem os papagaios. Direito da mulher fazer o quê, afinal de contas?

O ex-presidente George W. Bush regularmente manifestou apoio aos manifestantes na marcha anual. Em uma gravação endereçada aos manifestantes, no ano passado, ele disse que a biologia confirma que desde o início, cada feto é uma pessoa com seu próprio código genético.

E isso que o Bush falou é mentira?

Veja como a imprensa é tendenciosa: imparcialidade é narrar o que acontece com uma neutralidade sapiencial, como se um jornalista estivesse do alto o Olimpo analisado os pobres mortais. Veja que texto limpinho, com uma narração bem equilibrada, sóbria… O Bush disse isso, não que isso seja verdade, ainda mais que foi o Bush quem falou, mas isso também não quer dizer que seja mentira… E tudo vira uma questão de opinião.

Grupos como a Organização Nacional da Mulher (NOW, em inglês) também realizaram nesta quinta-feira atos de pressão para que Obama reverta as restrições ao envio de fundos americanos a organizações de planejamento familiar no exterior que “realizam ou promovem” o aborto.

Detalhe: para minimizar a importância da Marcha pela Vida, que levou às ruas de Washington mais de duzentas mil, talvez trezentas, vindas do país inteiro, para protestar contra o aborto, a Folha emenda com um “ato de pressão” de uma entidade pró-aborto. Essa é a imparcialidade, estão vendo? Pois bem, quantas pessoas participaram desse ato pró-aborto? Ele é realizado todos os anos? Qual a sua relevância?… Se eu juntar uma meia dúzia de gatos pingados pra protestar contra ou a favor de alguma coisa, trata-se de um grupo, não é verdade? Pois bem, qual o tamanho desse grupo? Por que não aprofundar na comparação entre as duas manifestações?

Agora, essa novidade do Obama é de uma hipocrisia ímpar. O governo americano vai dar dinheiro para organizações que promovam o aborto no mundo inteiro. E desde quando quem promove o aborto e lucra com ele está interessado em limitar o número de abortos? Essas restrições, impostas pelo governo Reagan, retiradas por Bill Clinton e novamente colocadas em prática por Bush, reduziram sensivelmente o número de abortos nos Estados Unidos. Isso é fato.

Ora, qualquer pessoa sensata que não tenha sido abortada pela própria mãe, percebe que, para reduzir o aborto, tem que haver algum tipo de cerceamento à sua prática. O que Obama está fazendo é justamente o contrário. E as milhares de clínicas de aborto norte-americanas agradecem comovidas pelo apoio presidencial. Você acha realmente que isso tem alguma coisa a ver com “escolha” ou “direito da mulher em decidir”? Isso tem a ver com dinheiro, ora bolas. Deixem os idiotas acreditarem que essa militância pró-aborto luta pela liberdade feminina… Sim, lutam pela liberdade de ganhar muito dinheiro.

A opinião pública americana sobre o aborto tem sido bastante estável nas últimas décadas, com pesquisas mostrando uma pequena margem de vantagem àqueles que defendem o procedimento em todos ou na maioria dos casos. A questão continua entre as mais polêmicas entre os americanos.

Hum… Veja o que é manipular estatísticas. “Uma pequena margem de vantagem àqueles que defendem o procedimento em todos ou na maioria dos casos.” Sim. Mas, veja: apenas 11% dos americanos é a favor do aborto sem nenhuma restrição. 88% dos entrevistados são totalmente contrários ao aborto ou manifestam restrições, que são inexistentes pela lei norte-americana. Se a mulher quiser matar o próprio filho cinco minutos antes do parto, ela está amparada pela lei para fazê-lo. Essa “antecipação do parto” é considerada aborto – livre exercício da liberdade, do direito a fazer o que bem quiser. Traduzindo: embora esses 88% por cento incluam aqueles favoráveis ao “direito de escolha”, mesmo estes querem restrições, como limitar o aborto ao tempo de gestação.

E é isso o que querem impor aqui no Brasil, sem que a mídia revele exatamente o que significa. Essa é a imparcialidade da imprensa: relata a formiga, mas omite o elefante. Trata o aborto como “interrupção da gravidez”, “direito da mulher ao próprio corpo”, mas omite e distorce dados e conceitos fundamentais para que a opinião pública esteja corretamente informada sobre o debate. E sem informação, não pode existir debate honesto – muito menos democracia.

Viva os manifestantes da “Marcha pela Vida!” Que Deus abençõe a todos eles.

Perseguição à Igreja pela mídia: dois pesos e duas medidas nos escândalos de pedofilia nos Estados Unidos

Um assunto que pretendo que seja recorrente aqui em JORNADA CRISTÃ é a perseguição aos cristãos que atualmente ocorre em muitos lugares do mundo – e isso inclui a campanha de difamação promovida pela mídia ao cristianismo em geral e à Igreja Católica em praticular.

Isso diz respeito ao que é publicado em jornais, revistas, publicações impressas em geral e também em sites da internet de agências de notícias, além do que é veiculado na televisão e no rádio. Assuntos relacionados ao cristianismo e ao catolicismo aparecem, na maioria das vezes, imputando-lhes um viés negativo. Pronunciamentos de autoridades eclesiásticas (principalmente do próprio Papa) são deturpados, tendo seu contexto distorcido ou sendo adulterados mesmo, na maior cara de pau, mediante truques como “erros” de tradução, “adaptações” tendenciosas, “comentários” parciais; parágrafos são retirados, afirmações são interpoladas, e apartir dessas “alterações” são elaboradas manchetes com conteúdo “bombástico” do tipo “Para o papa, salvar gay é tão importante quanto salvar florestas”, sobre um pronunciamento feito por Bento XVI na segunda-feira, dia 22. Veja o post a respeito do blog Pai, perdoai-lhes; eles não sabem o que escrevem e tire você mesmo as conclusões sobre o que verdadeiramente o Papa disse:

O discurso do Papa está aqui, em italiano. Essa frase do Papa, segundo a qual “salvar gay é tão importante quanto salvar florestas”, simplesmente não existe. Verdade que a [agência] Reuters não colocou isso entre aspas, mas o fato é que no discurso não há nada nem remotamente parecido com isso.

O referido blog é de grande importância, pois o autor é um jornalista católico empenhado em defender a Igreja de tantas calúnias, tantas besteiras e tanta ignorância presentes na imprensa e na mídia. Em parte, tantos erros divulgados se explicam pela verdadeira doutrinação ideológica que ocorre em praticamente todas as faculdades de comunicação do país. Certa vez, o presidente chileno Salvador Allende disse: “O compromisso do jornalista de esquerda não é para com a verdade, mas sim para com a revolução”. Essas palavras são reveladoras. A imensa maioria de jornalistas formados nas faculdades de comunicação está empenhada com o processo revolucionário em curso atualmente nos países ocidentais; e uma das prioridades desse processo é justamente a destruição dos valores cristãos. Minar a autoridade moral da Igreja é de fundamental importância para atingir esse objetivo – assim, vale tudo: e mentir, ainda que descaradamente, é o de menos.

Mas há um outro aspecto interessante nessa campanha difamatória dos órgãos de comunicação: o que os jornalistas NÃO noticiam. Muitas informações são deliberadamente sonegadas ao público, impossibilitando que cada pessoa faça seu julgamento de forma correta, sem ser manipulada.

Qual a defesa do cidadão católico? A internet. Essas informações, sonegadas ao grande público pelos grandes veículos de (des)informação, estão disponíveis em muitos sites, e JORNADA CRISTÃ fará o que estiver em seu alcance para divulgar e disseminar notícias e reportagens que sejam ocultados pelos meios de comunicação convencionais. Conhecendo os fatos, podemos contra-atacar: como católicos, temos a obrigação moral de defender nossa Igreja contra aqueles que querem destruí-la.

O exemplo maravilhoso de hoje é uma reportagem publicada no excelente site World Net Daily. Este veículo noticioso é um dos mais prestigiados dos Estados Unidos e é um manancial de notícias sobre fatos deliberadamente ignorados pela grande mídia, merecendo a atenção de todo aquele que queira estar sempre bem informado sobre vários assuntos.

O texto foi publicado no sábado, 20 de dezembro último. A matéria assinada por Drew Zahn trata sobre assédios e abusos sexuais nas escolas norte-americanas, enfatizando os casos envolvendo professoras e alunos. Traduzo algumas partes da reportagem (original aqui):

De acordo com um importante estudo encomendado em 2004 pelo Ministério da Educação dos Estados Unidos – o mais categórico até a data – quase 10 por cento dos estudantes de escolas públicas norte-americanas têm sido objeto de abordagem sexual indesejada por funcionários das escolas, e, nesses casos, 40 por cento dos autores dessas abordagens eram mulheres.

Aqui, o texto que mais nos interessa:

Intitulado “Educator Sexual Misconduct: A Synthesis of Existing Literature” (“Conduta sexual imprópria do educador: uma síntese da literatura existente”) e de autoria do Professor Charol Shakeshaft, da Virginia Commonwealth University, o relatório trouxe à luz surpreendentes estatísticas.

Compare os números com os escândalos envolvendo a Igreja Católica, muito noticiados.

Um estudo realizado pela Conferência Episcopal Norte-Americana concluiu que 10.667 jovens foram molestados sexualmente por sacerdotes entre os anos de 1950 e 2002.

O estudo do Professor Shakeshaft, porém, estima que cerca de 290.000 estudantes sofreram algum tipo de abuso físico sexual por algum funcionário de escola pública entre os anos de 1991 e 2000.

Se funcionárias do sexo feminino forem responsáveis por 40 por cento desses crimes, isso significa que os Estados Unidos poderiam estar enfrentando uma média de mais de 11.000 casos de mulheres abusando de alunos na escola todos os anos – em outras palavras, mais casos em um ano que os notificados em 50 anos de abusos de sacerdotes católicos.

(Os grifos em negrito são meus).

Veja bem: em um ano, nas escolas públicas norte-americanas, foram notificados MAIS QUE O DOBRO de casos de abuso sexual de crianças e adolescentes que os ocorridos nas Igrejas Católicas daquele país em… cinqüenta anos!

E todos se lembram muito bem dos escândalos recorrentes durante a década de 90, e tantos processos e indenizações milionárias, isso sem falar na humilhação da Igreja promovida pela imprensa em geral e o pedido de perdão do Papa João Paulo II.

A mídia fez um escarcéu imenso pelos abusos cometidos por sacerdotes católicos. E sobre os abusos cometidos nas escolas norte-americanas, o que foi dito? Por que o silêncio? Vocês realmente acreditam que se trata de um deslize, de uma mera falta de atenção para a gravidade dos fatos?

A repetição contínua dessas omissões, falsificações, trapaças, distorções, é verificada por qualquer pessoa que busque informação em diversas fontes. Uma pessoa prudente acaba por desconfiar de tudo, simplesmente tudo, o que é noticiado pela grande mídia, pelos principais órgãos de imprensa escrita e falada. Não há como negar a articulação existente entre eles para desmoralizar por completo a Igreja junto à opinião pública.

É claro que os escândalos envolvendo sacerdotes são não apenas reprováveis, mas são motivo de vergonha para todos os fiéis e devem ser punidos com o máximo rigor. São intoleráveis e não podem ser encobertos em nenhuma hipótese. Entretanto, qual o interesse da imprensa em fazer estardalhaço sobre os casos de pedofilia na Igreja, enquanto silencia completamente sobre esses inúmeros crimes que ocorrem em instituições laicas?