Segunda Guerra Mundial: 70 anos depois, poloneses culpam tanto o nazismo quanto o comunismo pela eclosão do conflito

Por Gabriela Baczynska e Denis Dyomkin.

GDANSK, Polônia (Reuters) – O presidente polonês, Lech Kaczynski, alertou na terça-feira contra tentativas de reescrever a história, enquanto quase 20 líderes europeus se reuniam na costa do Báltico para marcar o 70o aniversário do início da Segunda Guerra Mundial.

A Rússia e seus ex-aliados do Leste Europeu estão em atrito por causa do papel exercido em 1939 pelo então ditador soviético Josef Stálin, cujo acordo com a Alemanha nazista permitiu a invasão da Polônia e o início da guerra.

Enquanto os russos se orgulham profundamente da sua vitória sobre as forças de Adolf Hitler em 1945, os poloneses, bálticos e outros dizem que Stálin também foi diretamente responsável pelo início da guerra, ao dividir a Polônia com Hitler e anexar os países bálticos.

“(Precisamos) nos opor às tentativas de escrever de novo a história, de questionar as verdades da Segunda Guerra Mundial, a escala das vítimas do nazismo e também do comunismo totalitário”, escreveu Kaczynski no diário polonês Rzeczpospolita.

Ecoando essa ideia, Adam Michnik, que foi dissidente do regime comunista polonês, escreveu na Gazeta Wyborcza que “para nós, como para muitos democratas russos, Stálin foi um criminoso e agressor”. “O criador das terras do Gulag (prisões para dissidentes) é inteiramente comparável a Hitler.”

Numa cerimônia realizada antes do alvorecer em Westerplatte, na costa do Báltico, onde os alemães dispararam os primeiros tiros no começo da invasão da Polônia, em 1o de setembro de 1939, Kaczynski comparou o assassinato de 20 mil oficiais poloneses pela União Soviética na floresta de Katyn e em outros lugares ao genocídio nazista contra os judeus.

“Qual é a comparação entre o Holocausto e Katyn? Há uma coisa ligando esses crimes, embora sua escala fosse diferente. Os judeus pereceram porque eram judeus, os oficiais poloneses pereceram porque eram oficiais poloneses”, disse.

“Não é que a Polônia tenha de aprender as lições da humildade. Não temos razão para isso. Outros têm – os que causaram a guerra”, disse o presidente, um nacionalista conservador, em uma reunião de veteranos de guerra e funcionários do governo.

A Polônia quer que Moscou se desculpe pela decisão de Stálin de matar todo um batalhão polonês em Katyn em 1940.

Durante décadas, os russos atribuíram essas mortes aos nazistas, só admitindo a responsabilidade de Stálin após o fim do regime soviético.

Fonte: Veja.com.

Rabino defende canonização de Pio XII

No prólogo de um livro

Por Antonio Gaspari

ROMA, segunda-feira, 15 de junho de 2009 (ZENIT.org).- É um rabino americano. Até setembro de 2008, ele teve dúvidas sobre a idoneidade de Pio XII para sua beatificação, e agora reza pelo pontífice e propõe reconhecer o Papa Eugenio Pacelli como santo.

Ele o explica no prólogo do último livro de Sor Margherita Marchione, “Papa Pio XII. Un antologia di testi nel 70 anniversario dell’incoronazione” (Papa Pio XII. Uma antologia de textos no 70º aniversário da coroação), editado em italiano e em inglês pela Livraria Editora Vaticana.

O rabino Erich A. Silver, do Templo Beth David, em Cheshire, responsável pela melhoria das relações entre o Judaísmo e a Igreja Católica, explica as causas da sua mudança de opinião.

“Eu achava que ele poderia ter feito mais”, escreveu Silver no prólogo do livro. “Eu queria saber se realmente havia um colaborador, um antissemita passivo, enquanto milhões eram assassinados, alguns à vista do Vaticano.”

“Então – relata o rabino – em setembro de 2008, vim a Roma, convidado por Gary Krupp, para participar de um simpósio organizado por Pave The Way Foundation, no qual se estudaria o papel de Pio XII durante o Holocausto.”

Naquela ocasião, o rabino Silver conheceu Sor Marchione e outras 50 pessoas, entre rabinos, sacerdotes, estudiosos e jornalistas que haviam estudado e investigado a fundo sobre o tema.

Para Silver, aquele simpósio foi um choque, e assim escreve: “As provas que eu vi me convenceram de que sua única motivação (de Pio XII) foi salvar todos os judeus que ele pudesse”.

A imagem negativa de Pio XII, segundo Silver, começou com a publicação do jornal “O Vigário”, com a difusão de mentiras e com o hábito de não investigar os fatos históricos.

Assim, muitas pessoas foram convertidas em “instrumento dos que detestavam Pio XII porque sempre foi anticomunista”, explica.

“Vale destacar que, depois do fim da guerra e até sua morte, os judeus o elogiaram continuamente, reconhecendo-o como salvador”, acrescenta.

E o rabino afirma: “Eu espero que a canonização de Pio XII possa acontecer sem problemas, para que não somente os católicos, mas o mundo inteiro possa conhecer o bem realizado por esse homem de Deus”.

Na parte final de sua introdução ao livro, Silver recorda que no 50º aniversário da morte de Pio XII, no sermão de Yom Kippur, “eu falei da necessidade de corrigir os erros do passado”.

“Depois de tudo, Eugenio Pacelli é um amigo especial de Deus, um santo; cabe a nós reconhecer este fato”, recorda.

Entrevistada por Zenit, Sor Margherita Marchione, conhecida como Fighting Nun (a freira lutadora) e autora de outros 15 livros sobre a figura de Pio XII, recorda seu encontro com o Papa Pacelli em 1957, em uma viagem à Itália para investigar sobre o poeta Clemente Rebora.

Para Sor Margherita, Pio XII é a maior personalidade da época da 2ª Guerra Mundial.

“Este Papa, no silêncio e no sofrimento, sem armas nem exército, conseguiu salvar muitas vidas humanas e aliviar muitas penas: esta é a verdade histórica”, afirma.

Sor Margherita demonstrou que Pio XII foi inimigo acérrimo do nazismo e do comunismo.

Sobre sua relação com os judeus, Sor Margherita pôde demonstrar que “Pio XII salvou mais judeus que qualquer outra pessoa, inclusive Oskar Schindler e Raoul Wallemberg”.

E explica: “Durante a guerra, Pio XII fez mais que qualquer outro chefe de Estado, como os presidentes dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt ou Winston Churchill, que podiam servir-se de meios militares”.

“O único chefe de Estado que salvou milhares de judeus foi Pio XII, que não tinha meios militares”, acrescenta.

E conclui: “Por este motivo, Pio XII merece ser reconhecido como beato”.

Fonte: Zenit.

Em defesa de Pio XII – As razões da história

Cidade do Vaticano (Agência Fides) – Por uma gentil concessão do Autor, publicamos a introdução do livro “Em defesa de Pio XII – As razões da história” de Giovanni Maria Vian, edições Marsilio.

Pio XII? Um papa distante, pelos traços tão embaçados a ponto de não serem reconhecidos ou, caso contrário, de contornos muito carregados, mas porque foram deformados por uma representação polêmica de tal forma áspera e persistente a ponto de obscurecer a realidade histórica. É esta a imagem que hoje prevalece de Eugenio Pacelli, eleito para a sede de Pedro na véspera da última guerra mundial. Destino singular para o primeiro romano pontífice que, no caminho aberto pelo antecessor, torna-se popular e realmente visível em todo o mundo. Devido à incipiente e tumultuada modernidade, também da comunicação, que o papa de Roma quis e soube utilizar: das seguidas viagens – que o levaram à Europa e a América como diplomata e secretário de Estado – do novo tipo de mensagens de rádio, das grandes manifestações públicas nas capas das revistas, do cinema a um meio recém-surgido e destinado a grandes feitos como a televisão. Destino ainda mais singular quando se pensa no prestígio geralmente reconhecido nele em vida e nos juízos positivos quase unânimes que em 1958, há meio século, acompanharam o seu desaparecimento.

Como foi possível, então, uma destruição semelhante da imagem, ocorrida em poucos anos, mais ou menos a partir de 1963? Os motivos são principalmente dois. O primeiro está nas difíceis escolhas políticas realizadas por Pio XII desde o início do pontificado, depois durante a tragédia bélica e, enfim, na época da guerra fria. A linha assumida nos anos do conflito pelo papa e pela Santa Sé, contrária aos totalitarismos, mas tradicionalmente neutra, foi concretamente favorável à aliança anti-hitlerista e caracterizou-se por um esforço humanitário sem precedentes, que salvou muitíssimas vidas humanas. Essa linha era anticomunista e, por isso, já durante a guerra, o papa começou a ser mostrado pela propaganda soviética como cúmplice do nazismo e dos seus horrores. A segunda razão foi o advento do sucessor, Angelo Giuseppe Roncalli. Este último, descrito já muito tempo antes do conclave como candidato (e depois eleito papa) «de transição», em razão principalmente da idade avançada, logo foi saudado como «o papa bom », e nitidamente cada vez mais oposto ao antecessor: pelo caráter e o estilo radicalmente diferente, mas também pela decisão inesperada e clamorosa de convocar um concílio.

Os elementos principais que explicam a mudança da imagem do papa Pacelli são, portanto, a escolha anticomunista de Pio XII e a contraposição a João XXIII. Contraposição que ficou acentuada principalmente depois da morte desse último e a eleição de Giovanni Battista Montini (Paulo VI), que foi favorecida pela polarização dos contrastes, na época do Vaticano II, entre conservadores e progressistas, que transformaram em símbolos contrapostos os dois papas falecidos. Enquanto isso, em meio às acusações soviéticas e comunistas, repetidas com insistência durante a guerra fria, teve papel decisivo o drama Der Stellvertreter («O vigário») de Rolf Hochhuth, representado pela primeira vez em Berlim em 20 de fevereiro de 1963 e centrado no silêncio de um papa pintado como indiferente diante da perseguição e do extermínio dos judeus.

Diante da extensão da polêmica na Inglaterra, para defender Pio XII veio o cardeal Montini – já um estreito colaborador de Pacelli – com uma carta à revista católica «The Tablet» que chegou na redação no dia da sua eleição ao pontificado, 21 de junho, e foi publicada também no «L’Osservatore Romano» de 29 junho: «Uma atitude de condenação e protesto, como a que critica o Papa por não ter agido, teria sido, além de inútil, danoso; isso é tudo». Severa, e marcada por palavras escolhidas atentamente, a conclusão de Montini: «Não se brinca com esses assuntos e com os personagens históricos que conhecemos com a fantasia criativa de artistas de teatro, não suficientemente dotados de discernimento histórico e, que Deus não queira, de honestidade humana. Porque, de outra forma, neste caso, o verdadeiro drama seria outro: o daquele que tenta descarregar sobre um Papa, extremamente consciencioso de seu próprio dever e da realidade histórica, e um Amigo, imparcial, sim, mas fidelíssimo ao povo germânico, os horríveis crimes do Nazismo alemão. Pio XII tem igualmente o mérito de ter sido um “Vigário” de Cristo, que procurou cumprir corajosamente e integralmente, como podia, a sua missão; mas poder-se-á atribuir à cultura e a arte uma injustiça teatral como essa?».

Como papa, muitas vezes, Montini voltou a falar de Pacelli, de quem quis defender a obra de paz e a «venerável memória» em 5 de janeiro de 1964, despedindo-se em Jerusalém do presidente israelita, enquanto que no sacrário dedicado às vítimas da perseguição nazista o cardeal decano Eugène Tisserant acendia seis tochas em memória dos milhões de judeus exterminados. Quando «Paulo pisou em terra israelita, naquela que foi a etapa mais significativa e “revolucionária” da sua missão palestina, todos alertaram» – recordou Giovanni Spadolini sobre «o Resto do Carlino» de 18 de fevereiro de 1965, depois das primeiras representações em Roma do drama de Hochhuth e as consequentes polêmicas suscitadas – «que o Pontífice pretendia responder, no próprio coração do calor nacional judaico, aos sistemáticos ataques do mundo comunista que não deixavam de encontrar alguma cumplicidade ou condescendência também nos corações católicos». Para o histórico leigo era muito claro o papel da propaganda comunista na mitificação negativa de Pacelli, com uma consciência de que na representação pública das décadas seguintes quase desapareceu, para dar lugar a uma instrumental e denigritória associação da figura de Pio XII à tragédia da Shoah, diante da qual teria se calado ou até mesmo teria sido cúmplice.

A questão do silêncio do papa tornou-se preponderante, muitas vezes transformando-se em polêmica furiosa, provocando reações defensivas, com frequência somente apologéticas, e tornando mais difícil a solução de um problema histórico real. Questionamentos e acusações para os silêncios e a aparente indiferença de Pio XII diante das incipientes tragédias e dos horrores da guerra vinham, com efeito, de católicos: como de Emmanuel Mounier, já em 1939, nas primeiras semanas do pontificado, e mais tarde de personalidades polonesas no exílio. O próprio Pacelli muitas vezes se questionou sobre a sua atitude, que foi então uma escolha consciente e sofrida de tentar a salvação do maior número possível de vidas humanas mais que denunciar continuamente o mal com o risco real de horrores ainda maiores. Como destacou ainda Paulo VI, segundo quem Pio XII agiu «de acordo com o que as circunstâncias, avaliadas por ele com intensa e conscienciosa reflexão, lhe permitiram», de forma que não se pode «apontar a vilania, o desinteresse, o egoísmo do Papa, se desgraças numerosas e desmedidas devastaram a humanidade. Quem defendesse o contrário, ofenderia a verdade e a justiça » (12 de março de 1964); Pacelli foi, de fato, «alheio a atitudes de consciente omissão de alguma possível intervenção sua sempre que estivessem em perigo os valores supremos da vida e da liberdade do homem; mais do que isso, ele ousou sempre tentar, em circunstâncias concretas e difíceis, na medida de seu poder, evitar qualquer gesto desumano e injusto» (10 de março de 1974).

Assim, a interminável guerra sobre o silêncio do papa Pacelli acabou por obscurecer a relevância objetiva de um pontificado importante, ou melhor, decisivo na passagem da última tragédia bélica mundial, através do gelo da guerra fria e as dificuldades da reconstrução, para uma época nova, de algum modo sinalizada no anúncio da morte do pontífice, que deu ao cardeal Montini a sua diocese em 10 de outubro de 1958: «Desaparece com Ele uma era, uma história se cumpre. O relógio do mundo marca um tempo que se encerrou». Uma era, que compreende os anos assustadores e dolorosos da guerra e os tempos difíceis do pós-guerra, que se quer esquecer nos seus aspectos reais. Junto com o papa que a enfrentou, inerme. E logo também foi esquecido o seu governo, atento e eficaz, de um catolicismo que se tornava cada vez mais mundial, o seu ensinamento imponente e inovador em muitíssimos âmbitos, que, de fato, preparou o concílio Vaticano II e que por este, em parte, foi retomado, a aproximação da modernidade e a sua compreensão. Além disso, para o nó historiográfico já intricado – ao qual Paulo VI quis contribuir para desfazer com a publicação dos arquivos vaticanos de milhares de Actes et documents du Saint-Siège relatifs à la seconde guerre mondial, em doze volumes a partir de 1965 – juntou-se aquele da causa de canonização. A preparação dela e a de João XXIII foi anunciada justamente naquele ano pelo próprio Montini no concilio, na tentativa de combater a contraposição dos dois antecessores e, assim, o uso instrumental das suas figuras, tornadas quase símbolos e bandeiras de tendências opostas do catolicismo.

Após meio século da morte de Pio XII (9 de outubro de 1958) e passados setenta anos da sua eleição (2 de março de 1939) parece, no entanto, formar-se um novo consenso historiográfico sobre a relevância histórica da figura e do pontificado de Eugenio Pacelli, o último papa romano. A questo reconhecimento quis contribuir «L’Osservatore Romano» publicando uma série de textos e contribuições de históricos e teólogos, judeus e católicos, aqui reelaborados e reunidos junto com as intervenções de Bento XVI e do seu secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone. Raciocinando sobre o caso Pio XII, Paolo Mieli mostrou a inconsistência da «lenda negra» e disse estar convicto de que os próprios historiadores reconhecerão a importância e a grandeza de Pacelli. Andrea Riccardi sintetizou a formação e a carreira do futuro papa e reconstruiu o significado do seu pontificado. A sensibilidade do ensinamento teológico de Pio XII diante da modernidade e a sua incidência no catolicismo seguinte foram ressaltadas por Rino Fisichella. E pelos discursos do papa Gianfranco Ravasi fez aparecer o seu mundo cultural. Póstuma, a comovente evocação de Saul Israel – escrita na época da devastadora tempestade que atingiu o povo judeu, na frágil proteção de um convento romano – exprime a realidade mais profunda da proximidade e da amizade entre judeus e cristãos, mas principalmente a fé no único Senhor que abençoa e protege todos, «sob as asas onde a vida não teve início e não nunca terá fim». (Giovanni Maria Vian) (Agência Fides 9/6/2009).

Fonte: Agência Fides.

Apresentados no Yad Vashem novos documentos favoráveis a Pio XII

Andrea Tornielli relata um encontro privado que aconteceu em Jerusalém

Por Antonio Gaspari

ROMA, terça-feira, 24 de março de 2009 (ZENIT.org).- No domingo e na segunda-feira passados, dias 8 e 9 de março, no transcurso de um congresso a portas fechadas, organizado pelo Yad Vashem (Museu do Holocausto) e pelo Studium Theologicum Salesianum de Jerusalém, um grupo de investigadores discutiu sobre Pio XII e a Shoá para fazer um balanço do estado atual das investigações.

Andrea Tornielli, conhecido vaticanista italiano e autor de vários livros sobre Pio XII, presente no encontro em qualidade de delegado, relata em um artigo publicado pelo jornal italiano «Il Giornale» (14 de março) que «os especialistas reunidos a portas fechadas não enfrentaram o problema da controvertida didascalia (um pavilhão do novo museu da Shoá apresenta Pio XII de forma negativa, afirmando que não protestou de modo algum pela carnificina em curso contra o povo de Israel). Mas se discutiu livremente, tentando enfrentar, com tempos limitados, todos os aspectos da figura de Pio XII».

Para conhecer quais são os novos documentos apresentados no encontro e os resultados alcançados, Zenit entrevistou Andrea Tornielli.

– O que aconteceu no encontro a portas fechadas organizado pelo Yad Vashem e pelo Studium Theologicum Salesianum de Jerusalém?

– Tornielli: Historiadores e investigadores, que escreveram ensaios e realizaram investigações sobre Pio XII, sentaram-se ao redor de uma mesa para discutir sobre o estado da investigação sobre o Papa Pacelli e a Shoá.

– Qual era o objetivo do encontro?

– Tornielli: O objetivo era proporcionar um quadro o mais completo possível do estado da questão. Não tínhamos como «missão» falar da didascalia, que apresenta negativamente Pio XII no museu de Yad Vashem. Nós nos encontramos e confrontamos, oferecendo documentos.

– Quem participou?

– Tornielli: A delegação de especialistas convidados pelo Studium Theologicum Salesianum de Jerusalém, por iniciativa do núncio apostólico, Antonio Franco, e de Roberto Spataro SdB, estava representada pelos professores Thomas Brechenmacher, Jean Dominique Durand, Grazia Loparco, Matteo Luigi Napolitano e eu. Os especialistas convidados pelo Yad Vashem eram Paul O’Shea, Michael Phayer, Susan Zuccotti e Sergio Minerbi. No primeiro dia esteve presente também Dina Porat.

– Que temas foram abordados?

– Tornielli: Discutimos sobre vários temas: a existência ou não de uma ruptura entre o Pacelli público e o privado, o juízo do núncio Pacelli para o nazismo, o acordo com a Alemanha em 1933, a reação às deportações e sobretudo o assalto ao gueto de Roma, o número de judeus salvos nos conventos da capital, os «ratlines» que permitiram a fuga de criminosos de guerra.

Fonte: Zenit. Para ler o restante da entrevista, clique aqui.

A verdade sobre Pio XII: novos documentos descobertos revelam esforços do Papa para salvar judeus

Zenit publica hoje um texto importantíssimo: mais provas sobre as ações do Papa Pio XII em favor dos judeus durante a Segunda Guerra mundial. Contra as calúnias, só existe uma arma: a verdade. Continuam mentindo contra esse abençoado Pontífice, e continuarão, na medida em que essas mentiras são divulgadas pela mídia com o intuito de desmoralizar o Papado e a própria Igreja Católica.

Por que Pio XII evitou mencionar diretamente a perseguição aos judeus em seus pronunciamentos? Ora, isso iria adiantar alguma coisa? O efeito seria certamente o oposto: a perseguição nazista aumentaria ainda mais, e se voltaria contra os católicos com mais intensidade.

Transcrevo o texto em sua íntegra. Leiam e repassem a seus amigos e conhecidos. A verdade haverá de se impor.

Novos documentos provam amizade do Papa Pio XII com judeus

Descobertas recentes da Pave The Way Foundation

NOVA YORK, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009 (ZENIT.org).- Documentos descobertos recentemente provam que Pio XII teve gestos de amizade e proteção para com o povo judeu antes, durante e depois da 2ª Guerra Mundial. Assim divulgou ontem, através de um comunicado, a Fundação Pave The Way (PWTF), que se dedica a promover o diálogo entre as religiões.

As descobertas foram realizadas pelo historiador alemão Michael Hesemann, autor da obra The Pope Who Defied Hitler. The Truth About Pius XII («O Papa que desafiou Hitler. A verdade sobre Pio XII»). Hesemann, assessor da PWTF, revela ter encontrado uma série de documentos no Arquivo Secreto Vaticano que acreditam numerosas intervenções do Papa Pacelli a favor dos judeus.

Uma das descobertas é a de uma intervenção do arcebispo Pacelli, então núncio apostólico na Baviera, datada de 1917, através do governo alemão, para pedir que os judeus da Palestina fossem protegidos frente ao Império Otomano da Turquia.

O Dr. Hesemann mostra também que em 1917, o futuro Pio XII utilizou sua influência pessoal para que o então representante da Organização Sionista Mundial, Nachum Sokolov, fosse recebido pessoalmente por Bento XV para falar sobre uma pátria judaica na Palestina.

Em 1926, Dom Pacelli animou os católicos alemães a apoiarem o Comitê Pró Palestina, que apoiava os assentamentos judaicos na Terra Santa.

Estas descobertas se unem às provas oferecidas pelo próprio presidente da PTWF, Gary Krupp, das quais o congresso sobre Pio XII celebrado em setembro de 2008 em Roma apresentou mais de 300 páginas de documentos originais, que contêm detalhes de como se levou a cabo a ordem do Papa, durante a guerra, de esconder os judeus em Roma.

Estes documentos, que podem ser baixados no site da fundação, recolhem, entre outros, um manuscrito de uma freira, datado de 1943, que detalha as instruções recebidas do Papa, assim como uma lista de judeus protegidos.

Outro dos documentos é um informe do US Foreign Service, do cônsul americano em Colônia, que informa sobre o «novo Papa» em 1939. O diplomata se mostra surpreso pela «extrema aversão» de Pacelli a Hitler e ao regime nazista, e seu apoio aos bispos alemães em sua oposição ao nacional-socialismo, ainda à custa da supressão das Juventudes Católicas alemãs.

Também se oferece um documento de 1938, assinado pelo então Secretário de Estado Eugenio Pacelli, no qual ele se opõe ao projeto de lei polonesa de declarar ilegal o sacrifício kosher, ao entender que esta lei «suporia uma grave perseguição contra o povo judeu».

Já como Papa, durante a guerra, Pio XII escreveu um telegrama ao então regente da Hungria, almirante Miklós Horthy, para que evitasse a deportação dos judeus, e este acedeu, o que se estima que salvou cerca de 80 mil vidas. Ao governo brasileiro pediu que aceitasse a 3 mil «não arianos».

Outro dos documentos que PTWF oferece é uma entrevista com Dom Giovanni Ferrofino, secretário do núncio no Haiti, Dom Maurilio Silvani. O prelado afirma que duas vezes por ano recebia telegrama cifrado da parte de Pio XII que remetia ao general Trujillo, presidente da República Dominicana, para pedir-lhe em nome do Papa 800 vistos para os judeus, com o qual se estima que pelo menos 11 mil judeus foram salvos por esta via.

Também se ofereceram provas de que o Vaticano falsificou secretamente certidões de batismo para permitir que muitos judeus migrassem como «católicos».

Uma descoberta pessoal

O empenho da PWTF obedece à própria determinação de seu presidente, Gary Krupp, judeu americano, que reconhece que cresceu «desprezando Pio XII», até que leu o livro de Dan Kurzman, A Special Mission: Hitler’s Secret Plot to Seize the Vatican and Kidnap Pope Pius the XII. Nele se recolhe o testemunho do general Karl Wolff, que detalha o plano de Hitler de assaltar o Vaticano e raptar o Papa Pio XII. Sabe-se que havia espiões no Vaticano e franco atiradores alemães a menos de 200 jardas das janelas papais.

A mesma restrição das declarações públicas do Papa, que foi fonte de críticas contra ele, explica-se pelo aumento dos castigos nos campos de concentração, testificado por ex-prisioneiros, cada vez que altos cargos eclesiásticos falavam contra o regime nazista.

Outra descoberta que fez Krupp mudar de sentimentos, segundo suas próprias declarações, foi a prova de que «O Vigário», a famosa obra do comunista alemão Rolf Hochhuth, apoiou-se em documentos vaticanos manipulados, como parte de um complô secreto da KGB para desacreditar a Santa Sé. Esta informação foi revelada pelo Tenente General Ion Mihai Pacepa, o agente da KGB de mais alto escalão que desertou.

Gary Krupp assegurou estar «surpreso ao pesquisar pessoalmente artigos do New York Times e do Palestine Post entre 1939 e 1958. Não pude encontrar nem um só artigo negativo sobre Pio XII».

O esclarecimento sobre a figura de Pio XII foi assumido como objetivo pela PWTF para «eliminar um obstáculo que afeta 1 bilhão de pessoas» para o entendimento entre judeus e católicos. «Por justiça, nós, judeus, devemos ser conscientes dos esforços desse homem, em um período em que o resto do mundo havia nos abandonado».

«É o momento de reconhecer Pio XII pelo que fez, não pelo que não disse», acrescenta Krupp, que considera que a causa de que esta «lenda negra» permaneça é, por um lado, «a rejeição dos críticos de Pio XII de consultar e revisar a documentação recentemente desclassificada do Arquivo Secreto Vaticano», e por outro, «a negativa da maior parte dos meios de comunicação de dar cobertura às informações positivas sobre Pio XII».

História do Estado Vaticano e a Segunda Guerra Mundial

Hoje, Zenit noticia o congresso “Um pequeno território para uma grande missão”, que começou ontem, no Palácio Lateranense de Roma. O evento, organizado pelo governo da Santa Sé, acontece até amanhã e faz parte das comemorações dos 80 anos do nascimento do Estado Vaticano.

A fala do cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado de Bento XVI, chamou-me a atenção em um ponto específico: o Vaticano e a Segunda Guerra Mundial. Transcrevo aqui o trecho:

O secretário de Estado Vaticano fez um percurso pelos principais fatos históricos que a Santa Sé teve de enfrentar desde seu nascimento como Estado independente.

Recordou assim que apenas dez anos depois de sua fundação, estourou a 2ª Guerra Mundial, período durante o qual a Santa Sé desenvolveu «uma intensa ação de promoção da paz e da caridade, mas com notáveis limitações».

«Pensemos no fato de que os diplomatas acreditados na Santa Sé dos países em guerra com a Itália tiveram de abandonar Roma ou que a própria ação eclesial, diplomática e caritativa da Santa Sé estava condicionada pelo controle do Estado Italiano», assinalou o cardeal.

O purpurado afirmou que, com o reconhecimento da soberania territorial, o Estado Vaticano pôde interagir também com representantes diplomáticos na guerra com a Ásia, que foram acolhidos pela Santa Sé.

Também afirmou as obras de caridade que o Papa Pio XII pôde desenvolver em toda a Europa durante a guerra, «socorrendo materialmente as populações afetadas e permitindo contatos entre aqueles a quem a guerra havia separado».

Roma foi ocupada militarmente desde setembro de 1943 até junho de 1944; «o Estado da Cidade do Vaticano se encontrava rodeado de um poder político-militar, o Reich alemão, com o qual a Santa Sé tinha muitos conflitos abertos», destaca o purpurado.

Recordou também os lugares de refúgio que serviram para albergar muitas vítimas durante a 2ª Guerra Mundial: o Seminário Pontifício Maior de Latrão, a Abadia de São Paulo Fora dos Muros e as Vilas Pontifícias de Castel Gandolfo, assim como mosteiros, conventos, institutos e paróquias de Roma.

Para ler o texto na íntegra, clique aqui.

O Papa Pio XII é constantemente criticado por um suposto silêncio diante das atrocidades nazistas. Alguns chegam ao cúmulo de acusá-lo de ser cúmplice de Hitler, dizendo que o Papa não fez nada em prol dos perseguidos pelo regime alemão, especialmente os judeus.

Embora de maneira tímida, o cardeal lembrou das limitações das ações do Papa diante da terrível realidade que a Igreja tinha que encarar. É um primeiro passo para se refletir sobre o que realmente poderia ter sido feito – e o que foi feito pela Igreja para ajudar os refugiados e os ameaçados pela perseguição.

Assim que for possível, prometo publicar aqui em JORNADA CRISTÃ alguns textos muito interessantes sobre o assunto.