Sobre a Inquisição: aos palpiteiros com mentalidade formada pelo livro didático

A Inquisição e sua “Leyenda negra”

Desideologização e revisão histórica

Infelizmente, ainda hoje, pessoas com a mentalidade formada pelo professor do Ensino Médio, que falava abrobrinhas e uma porção de besteiras, continuam difundindo os velhos chavões sobre a Inquisição, sem levar em consideração a desideologização do assunto e os recentes estudos históricos. Quem não leva isso em consideração não passa de palpiteiro.

Grande especialista no assunto, Agostino Borromeo afirma que os pesquisadores têm os elementos necessários para fazer uma história da Inquisição sem cair em preconceitos negativos ou na apologética propagandista. Borromeo foi o coordenador do livro «Atas do Simpósio Internacional “A Inquisição”» de onde tirei diversas citações para este artigo. No volume, Agostino Borromeo recolhe as palestras de um congresso internacional que reuniu ao final de outubro de 1998 historiadores universalmente reconhecidos especializados em tribunais eclesiásticos.

«Hoje em dia –afirmou em uma coletiva de imprensa de apresentação do livro, o professor da Universidade «La Sapienza» de Roma– os historiadores já não utilizam o tema da Inquisição como instrumento para defender ou atacar a Igreja». Diferentemente do que antes sucedia, acrescentou o presidente do Instituto Italiano de Estudos Ibéricos, «o debate se encaminhou para o ambiente histórico, com estatísticas sérias».

O especialista constatou que, à «lenda negra» criada contra a Inquisição em países protestantes, opôs uma apologética católica propagandista que, em nenhum dos casos, ajudava a conseguir uma visão objetiva. Isto se deve, entre outras coisas –indicou–, ao «grande passo adiante» dado pela abertura dos arquivos secretos da Congregação para a Doutrina da Fé (antigo Santo Ofício), ordenada por João Paulo II em 1998, onde se encontra uma base documental amplíssima.

Borromeu ilustrou alguns dos dados possibilitados pelas «Atas do Simpósio Internacional “A Inquisição”». A Inquisição na Espanha que era dirigida pelos Reis, afirmou, em referência ao tribunal mais conhecido, celebrou entre 1540 e 1700, 44.674 juízos. Os acusados condenados à morte foram 1,8%.

Pelo que se refere às famosas «caçadas de bruxas», o historiador constatou que os tribunais eclesiásticos foram muito mais indulgentes e humanos que os civis. Dos 125.000 processos de sua história, a Inquisição espanhola condenou à morte 59 pessoas. Na Itália, acrescentou, foram 36 e em Portugal 4. “Ao contrário do que se divulga, o número de pessoas condenadas a pena máxima era muito pequeno.”

Borromeo ainda afirma que muitas vezes os condenados eram executados em efígie (categoria da justiça penal medieval), isto é, onde bonecos eram queimados para representar aqueles que foram condenados à revelia. Tais penas, segundo o direito penal vigente na época eram chamadas de penas substitutivas, isto é, as haviam penas que eram executadas em efígies. Uma vez que a pessoa do condenado não era encontrada, ou tinha fugido, desaparecido ou se suicidado, fazia-se uma efígie, aplicando-se nela a pena.

Relata V. Hentig que ‘‘o castigo em efígie desempenhou importante papel no processo inquisitorial espanhol. Lemos que a Inquisição condenou à morte na Espanha, entre 1481 e 1809, 31.912 pessoas, das quais foram executadas em efígie 17.659”.

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/index.shtml.

Algumas afirmações dos especialistas

“Portanto, contrariamente ao que se pensa, apenas uma pequena porcentagem do procedimento inquisitorial se concluía com a condenação à morte.” (Adriano Garuti, La Santa Romana e Universale Inquisizione, p. 415 in L´Inquisizione, Atti del simpósio internazionale. Cittá del Vaticano, 2003)

“A inquisição podia haver causado um holocausto de bruxas nos países católicos do Mediterrâneo, mas a história demonstra algo muito diferente, a Inquisição foi aqui a salvação de milhares de pessoas acusadas de um crime impossível.” (Gustav Henningsen, La inquisición y las brujas, p. 594. L´Inquisizione, Atti del simpósio internazionale. Cittá del Vaticano, 2003)

“A documentação correspondente a Idade Moderna, ao contrário das fontes correspondentes ao medievo, é tão abundante, que nos permite com grande segurança calcular o número de bruxas queimadas pela inquisição. As cifras, por inesperadas, resultam assombrosas. Para Portugal é 4. Para Espanha, 59, para Itália, 36.” (Gustav Henningsen, La inquisición y las brujas, p. 582. L´Inquisizione, Atti del simpósio internazionale. Cittá del Vaticano, 2003)

“Su exagerada suposição de que o santo Ofício, nesses dois séculos (XV-XVI), havia queimado a 30.000 bruxas, faz tempo que deixou de ser levado em consideração pela ciência.” (Gustav Henningsen, La inquisición y las brujas, p. 576. Atti del simpósio internazionale. 2003.)

“Não foi a Inquisição quem iniciou a perseguição às bruxas, senão a justiça civil nos Alpes e na Croácia” (Gustav Henningsen, La inquisición y las brujas, p. 576.L´Inquisizione, Atti del simpósio internazionale. Cittá del Vaticano, 2003)

“O certo é que, ao contrário do que comumente se crê, as perseguições de bruxas não se deveram a iniciativa da Igreja, foram manifestação de uma crença popular, cuja bem documentada existência se remonta a mais remota antiguidade.” (Gustav Henningsen, La inquisición y las brujas, p. 568. L´Inquisizione, Atti del simpósio internazionale. Cittá del Vaticano, 2003)

“Dos processos que se vão publicando e também das biografias de inquisidores que vão aparecendo, se pode constatar que estes eram em geral pessoas com uma formação jurídica elevada e que suas atuações foram muito majoritariamente conforme ao direito, ainda que houvesse sem dúvida abusos.” (Arturo Bernal Palácios, El estatuto jurídico de la Inquisición, p. 152. L´Inquisizione, Atti del simpósio internazionale. Cittá del Vaticano, 2003)

“De todas as formas, o direito inquisitorial neste ponto é um direito privilegiado como bem escreveu o professor Enrique Gacto, já contém sanções mais benignas que as do direito penal ordinário ou secular, em que o delito de heresia é reprimido inapelavelmente com a pena de morte. Mas o réu de heresia, resgatado pela jurisdição inquisitorial, tem aberta uma via que lhe permite escapar a esta sanção máxima e, com efeito, a evita sempre que confesse e manifeste seu arrependimento de forma suficiente.” (Arturo Bernal Palácios, El estatuto jurídico de la Inquisición, p. 140. L´Inquisizione, Atti del simpósio internazionale. Cittá del Vaticano, 2003)

“A pena de morte foi impregada não somente na inquisição, mas praticamente em todos os outros sistemas judiciários da Europa.(…) O professor Tedeshi afirma: ‘tenho a convicção de que as futuras investigações demonstrarão que a pena capital foi usada com menor freqüência e com mais respeito pela dignidade humana nos tribunais do Santo Ofício do que nos civis.'” (Adriano Garuti, La Santa Romana e Universale Inquisizione, p. 417. L´Inquisizione, Atti del simpósio internazionale. Cittá del Vaticano, 2003)

“Em uma época em que o uso da tortura era geral nos tribunais penais europeus, a Inquisição espanhola seguiu uma política de benignidade e circunspeção que a deixa em lugar favorável se se compara com qualquer outra instituição. A tortura era emprega somente como último recurso e se aplicava em pouquíssimos casos.” (Henry Kamen, La Inquisición Española: una revisión histórica. Barcelona: Crítica, 2004, p. 184)

“As cenas de sadismo que descrevem os escritores que se inspiraram no tema possuem pouca relação com a realidade” (Henry Kamen, La Inquisición Española: una revisión histórica. Barcelona: Crítica, 2004, p. 185)

“Em comparação com a crueldade e as mutilações que eram normais nos tribunais seculares, a Inquisição se mostra sob uma luz relativamente favorável; este fato, em conjunção com o usual bom nível da condição de seus cárceres, nos faz considerar que o tribunal teve pouco interesse pela crueldade e que tratou de temperar a justiça com a misericórdia.” (Henry Kamen, La Inquisición Española: una revisión histórica. Barcelona: Crítica, 2004, p. 187)

“O número proporcionalmente pequeno de execuções constitui um argumento eficaz contra a leyenda negra de um tribunal sedento de sangue.” (Henry Kamen, La Inquisición Española: una revisión histórica. Barcelona: Crítica, 2004, p. 197)

“As fontes históricas demonstram muito claramente que a Inquisição recorria à tortura muito raramente. O especialista Bartolomé Benassa, que se ocupou da Inquisição mais dura, a espanhola, fala de um uso da tortura “relativamente pouco frequente e geralmente moderado, era o recurso à pena capital, excepcional depois do ano 1500”. O fato é que os inquisidores não acreditavam na eficácia da tortura. Os manuais para inquisidores convidavam a que se desconfiasse dela, porque os fracos, sob tortura, confessariam qualquer coisa, e nela os “duros” teriam persistido facilmente. Ora, porque quem resistia à tortura sem confessar era automaticamente solto, vai de si que como meio de prova a tortura era pouco útil. Não só. A confissão obtida sob tortura devia ser confirmada por escrito pelo imputado posteriormente, sem tortura (somente assim as eventuais admissões de culpa podiam ser levadas a juízo). (Rino Camilleri,.La Vera Storia dell ´Inquisizione, Ed Piemme, Casale Monferrato, 2.001, p.p. 46-47).

Fonte: Blog Adversus Haereses.

15 comentários sobre “Sobre a Inquisição: aos palpiteiros com mentalidade formada pelo livro didático

  1. A inquisição existiu, isso é fato. E é isso é o que importa. Essa discussão se parece muito com a do Holocausto, como a recente polêmica envolvendo o bispo Dom Williamson. Afirmar que “apenas” 300 mil judeus foram assassinados não torna o nazismo menos brutal. O mesmo caso da inquisição. As provas históricas, tanto desta quanto do Holocausto são irrefutáveis. Perder-se em controvérsias sobre cifras é desviar-se do foco principal: pessoas foram mortas e torturadas por pensar diferente – e aí não interessa quantas foram, pois mesmo se fosse uma única pessoa assassinada já seria inaceitável e selvagem – ainda mais quando executadas por aqueles que se diziam seguidores de Cristo. Números se tornam abstratos em grande quantidade. Mas toda a barbárie e injustiça do mundo se concentraria numa única pessoa torturada e executada por ser ou pensar diferente de supostas verdades estabelecidas.

  2. Ninguém está negando que a Inquisição tenha existido. O que os fatos mostram: a Inquisição não foi a máquina de matar pessoas que os detratores da Igreja espalham por aí. Seu comentário expressa o lugar comum de que a inquisição tivesse sido uma instituição meramente repressora, o que não foi. Heresia era considerado crime contra o estado, e a ofensa a Deus era punida com a morte – sendo que a Inquisição oferecia aos acusados a oportunidade de se arrependerem e obterem o perdão, o que não havia nos tribunais civis. Portanto, o que importa é o que de fato foi a Inquisição e como era seu procedimento – e é disso que o texto trata. Neste aspecto, é claro que cifras são significativas: se apenas 1,8% dos acusados foram condenados à morte pela Inquisição, isso quer dizer sim claramente que “os tribunais eclesiásticos foram muito mais indulgentes e humanos que os civis.” Outras leituras sobre o assunto: livros “A Inquisição em seu Mundo”, de João Bernardino G. Gonzaga, e “Heresias Medievais”, de Nachman Falbel. Na internet, os sites Veritatis Splendor e Montfort têm textos muito esclarecedores sobre a Inquisição. Aqui estão alguns: Bibliografia para estudo da Inquisição, LENDAS NEGRAS DE ONTEM, HOJE E AMANHÃ, A HISTÓRIA DA INQUISIÇÃO, O ESTADO MANIPULOU A IGREJA DURANTE O TEMPO DA INQUISIÇÃO?, Desculpas do Vaticano pela Inquisição, Inquisição e pena de morte, Dúvidas preconceituosas sobre a Inquisição, Os papas e a inquisição, Inquisição e tortura.

  3. A inquisição na verdade se tornou instrumento de vingança dos reis e imperadores, como a recente divulgação do processo contra Jacques de Mollay, em que fica demonstrado claramente que ele só foi executado por insistência do Rei da França, Felipe o Belo. O que poderia ser um atenuante para a igreja, mas não é, pois uma instituição que se dizia seguidora de Cristo não poderia permitir injustiças e assassinatos como ocorreram e se deixar usar por governantes inescrupulosos. Mesmo se fossem 0,1% dos acusados condenados à morte, ainda assim seria brutal e selvagem. O simples fato de uma pessoa ser levada à Inquisição já é uma violência absurda e inaceitável, pois era a intolerância levada às últimas conseqüências contra quem pensava diferente. Para entendermos a estupidez desses atos, devemos recorrer a fontes isentas: David Landes, por exemplo, relata-nos: “A perseguição levou a uma interminável caça à bruxa, completa com denunciantes pagos, vizinhos bisbilhoteiros e uma racista “limpieza de sangre”. Judeus conversos eram apanhados por intrigas e vestígios de prática mosaica: recusa de porco, toalhas lavadas à sexta-feira, uma prece escutada à soslaia, freqüência irregular à igreja, uma palavra mal ponderada. A higiene em si era uma causa de suspeita e tomar banho era visto como uma prova de apostasia para marranos e muçulmanos. A frase “o acusado era conhecido por tomar banho” é uma frase comum nos registros da Inquisição. Sujidade herdada: as pessoas limpas não têm de se lavar. Em tudo isto, os espanhóis e portugueses rebaixaram-se. A intolerância pode prejudicar o perseguidor (ainda) mais do que a vítima. Deste modo, a Ibéria e na verdade a Europa Mediterrânica como um todo, perdeu o comboio da chamada revolução científica”.
    Segundo Michael Baigent e Richard Leigh ao chegar a uma localidade, os Inquisidores proclamavam que todos seriam obrigados a assistir a uma missa especial, e ali ouvir o “édito” da Inquisição lido em público. No fim do sermão, o Inquisidor erguia um crucifixo e exigia-se que os presentes erguessem a mão direita e repetissem um juramento de apoio à Inquisição e seus servos. Após este procedimento lia-se o “édito”, que condenava várias heresias, além do Islão e o judaísmo, e mandavam que se apresentassem os culpados de “contaminação”. Se confessassem dentro de um “período de graça” poderiam ser aceites de volta à igreja sem penitência, porém teriam que denunciar outras pessoas culpadas que não tivessem se apresentado. Não bastava denunciar-se como herege para alcançar os benefícios do “édito”, deveria denunciar os cúmplices. O ônus da justificação ficava com o acusado. Essa denúncia foi usada por muitos como vingança pessoal contra vizinhos e parentes, para eliminar rivais nos negócios ou no comércio. A fim de se adiantarem a uma denúncia de outros, muitas pessoas prestavam falso testemunho contra si mesmas e denunciavam outras. Em Castela, na década de 1480, diz-se que mais 1500 vítimas foram queimadas na estaca em consequência de falso testemunho, muitas delas sem identificar a origem da acusação contra elas.
    De acordo com Henry Charles Lea no livro “Uma História sobre a inquisição espanhola” no período entre 1540 e 1794, os tribunais de Lisboa, Porto, Coimbra e Évora resultaram na morte por fogueira de 1.175 pessoas, e na queima de 633 efígies, e em 29.590 outras penas. No entanto a documentação de alguns autos de fé desapareceu podendo estes números estar ligeiramente abaixo da realidade.
    As tentativas de minimizar o papel repressor da inquisição resultam não apenas cínicas mas também patéticas e em nada diminuem sua brutalidade e obscurantismo.
    No tricentenário do padre Antonio Vieira (1908), o arcebispo de Évora, D. Augusto Eduardo Nunes, disse ao público: “A inquisição portuguesa perpetrou crudelíssimos de infamíssimos abusos”.

  4. Pretendo escrever quando puder a respeito deste assunto com mais profundidade. Grande parte do que foi dito contra a Inquisição foi obra da propaganda inglesa de Elisabeth I, que promoveu violentíssima campanha anti-católica na Inglaterra, e o resto foi obra dos iluministas do século XVIII, abertamente anti-clericais.
    “Mesmo se fossem 0,1% dos acusados condenados à morte, ainda assim seria brutal e selvagem.” Certamente, não é bem assim: afinal de contas, se a Inquisição condenou à morte uma porcentagem pequena de acusados, isso indica que havia um processo judicial severo, que buscava verificar a inocência ou a culpabilidade do acusado – não simplesmente uma máquina de matar gente. Volto a salientar: heresia era considerado crime, você reduz uma questão bastante complexa a um “pensar diferente”. A sociedade daquele tempo considerava crime uma ofensa às autoridades constituídas, e uma ofensa a Deus era crime ainda mais grave. Não houve caça às bruxas na Inquisição católica – os números o provam. A Inquisição espanhola foi o primeiro tribunal a abolir a pena de morte por bruxaria, em 1642; os tribunais civis de França e Inglaterra só o fizeram cerca de cem anos mais tarde. Detalhe: o conceito de “racismo” é utilizado na citação de forma equivocada, porque este conceito depende de outro para existir – o conceito de “raça”, biológico, que só é elaborado a partir dos iluministas do século XVIII. O racismo só pode existir se houver uma idéia definida de diferentes “raças” entre os seres humanos, e essa idéia não havia no tempo da Inquisição. Sobre as denúncias, havia casos de judeus conversos (cristãos-novos) serem denunciados à Inquisição por… judeus, ressentidos pelo que consideravam “traição”. Isso porque a jurisdição da Inquisição se aplicava somente aos batizados, e o termo “heresia” é utilizado em seu comentário de forma incorreta, pois não se aplica ao judaísmo e ao islam – afinal de contas essas religiões não são uma ruptura com o cristianismo, nunca fizeram parte dele e não têm essa pretensão. Sua frase “As tentativas de minimizar o papel repressor da inquisição resultam não apenas cínicas mas também patéticas e em nada diminuem sua brutalidade e obscurantismo” é apenas um ataque gratuito à Igreja. Percebe-se que você clama por “fontes isentas”, mas parece-me que “isenção” corresponde a aquilo com o qual você concorda. Isenção é olhar os dois lados da moeda, verificar os argumentos levantados pelos dois lados do debate, compará-los, vislumbrar a possibilidade de estar equivocado. Você se esquiva dos argumentos expostos nos textos citados na minha resposta anterior. Ninguém pode negar que houve erros e violência perpetrados pela Inquisição; ninguém pode negar, entretanto, que deve-se comparar o tribunal da Inquisição com os tribunais civis da época, e inclusive os tribunais protestantes. A Inquisição era, em comparação a estes, muito mais benevolente – é fato que muitas pessoas acusadas por crimes comuns tentavam justificar seus crimes como tendo relação a alguma heresia, para serem processados pela Inquisição, pois sabiam que teriam direito à defesa assegurado e possibilidade de, confessando o crime e demonstrando arrependimento, teriam pena comutada, podendo até serem libertados.
    Claro que qualquer tribunal comete equívocos, portanto pode ter havido erros e abusos, mas o número de pessoas punidas foi claramente inferior ao que o senso comum dita – e isso é sim um argumento para se levar em consideração, que relativiza, e muito, a “opressão” da Inquisição. Isenção neste assunto é estudar os argumentos contrários à Inquisição e os favoráveis a ela. Portanto, convido-o a ler os artigos citados na resposta anterior, levando os fatos demonstrados em consideração. Encerrando, há vários documentos que mostram que a sociedade daquele tempo apoiava a Inquisição – como demonstra o professor Dr. Roman Konik, doutor em filosofia, professor adjunto da cátedra de estética na Faculdade de Filosofia da Universidade de Wroclaw, na Polônia. Aqui, uma entrevista com este professor, autor do livro “Em Defesa da Santa Inquisição”. De cabeça, posso citar outros dois textos em inglês: “The Myth of the Spanish Inquisition” e “Frequently Asked Questions on the Inquisition”. Como acredito na sua honestidade e boa vontade, ainda que expresse posição anti-católica, pois é assim que se faz um debate honesto entre duas pessoas que procuram sinceramente a verdade, peço que acredite também na minha honestidade e boa vontade, ainda que eu defenda o catolicismo. Obrigado pela visita.

  5. Só para completar. Assisti recentemente um seriado na TV de um detetive que volta no tempo de 2008 para 1973. (Apenas 35 anos atrás) Lá na delegacia todos o conhecem , mas ele sabe que veio do futuro. Sua primeira surpresa foi conhecer um policial que chamavam de “a sem bolas” por ser esta mulher e só era concedido a ela tarefas burocráticas ou resgatar gatinhos. Ele fica horrorizado porque se faz prisão sem mandato e o delegado quis implantar prova num trambiqueiro tirado de uma piscina mostrando o dinheiro, dizendo que tava com ele. Quando o mesmo disse”Mas se estava comigo devia estar molhado,” o delegado deu uma bofetada nele…isso nos Estados Unidos de 1973 apenas na policia. Agora imagine retornar ao seculo XV e XVI com a mentalidade do seculo XXI. Liberdade consciência, ecumenismo, meio ambiente, tudo isso que não se conhecia nesta época como em 1973 não se conhecia celular e quando o detetive de 2008 pediu dele ouvia, “não sei de celula o que o senhor está falando” e quando o chamaram pra conhecer um broto ele não sabia o que era. Se o mundo mudou tanto em 35 anos imagina a diferença em tudo nos tempos da inquisição! Deus era tão real e justiceiro quanto o computador hoje. A Igreja considerada santa e representante única de Deus na Europa. Como julgar uma época com esta mentalidade segundo nossa visão de hoje? O que se deve comparar mesmo é se na época a Inquisição, inaceitável, hoje, era superior aos tribunais não religiosos, seus objetivos e seus abusos. Não a Instituição em si pois seria condenar toda uma época da mesma forma que condenar tudo o que havia no mundo em 1973 que é tão diferente de hoje.

  6. De um pensador cristão…

    Nós hoje em dia não somos melhores do que aquelas pessoas que queimavam bruxa, somos iguais ou até piores, nós não matamos bruxas por sermos melhores, nós não matamos bruxas somente porquê não acreditamos em bruxas. Caso aceitassemos que algumas pessoas tivessem pacto com demônio e que vendendo sua alma ao maligno pudessem provocar calamidades ou causar mal às pessoas que amamos, muito provavel que agiriamos tal e qual.

  7. Hoje é normal nos depararmos com um grande número de ateus,que se deleitam ao falar sobre as mortes ocorridas na inquisição,tentando frequentemente fazer um paralelo,entre cristianismo e violência,porém,devemos nos lembrar,que nenhum regime,produziu mais mortes,do que aqueles,representados por ateus,que conseguiram matar mais,quê as duas guerras mundiais somadas juntas,incluindo também as vítimas do nazismo,portanto, podemos afirmar com certeza,quê os ateus comunistas,foram os maiores assassinos da história. Obs: Se houveram mortes produzidas por pessoas que se diziam cristãs,devemos nos lembrar que Jesus Cristo nunca pediu para quê alguém matasse,ao contrária desses intelectuais marxístas, quê sempre pregaram a violência,como forma de chegar ao poder, portanto,podemos afirmar,que ateu nenhum, pode falar,contra qualquer estado religioso.

  8. ESTAMOS DISCUTINDO UM FATO. A INQUISIÇÃO EXISTIU EM UM MOMENTO EM QUE FÉ E POLÍTICA ESTAVAM INTERLIGADAS. O QUE ENTENDO É QUE O REI E A RAINHA DE ARAGÃO E CASTELA ERAM A IMAGEM DESTA FUSÃO. MAIS UM FATO É CONSTATADO:
    TANTO A IGREJA COMO O REI E A RAINHA SÃO CULPADOS PELA MORTE DE MUITOS QUE NÃO ACEITAVAM VIVER DE ACORDO COM SEUS PRECEITOS. COMO O HOLOCAUSTO A INQUISIÇÃO TAMBÉM EXISTIU, TEM SEUS CULPADOS. UNS AGIRAM COM MAIS FORÇA NAS TORTURAS E MORTES, OUTROS QUE NÃO SUJARAM A MÃO NO SANGUE REZARAM POR SUAS ALMAS, EM UM SILÊNCIO CULPOSO, OU OS EXCOMUNGARAM TÃO FEROZMENTE QUE ERA MELHOR A MORTE. LEMBREM-SE: O QUE O CRISTO TEM A VER COM A IGNORÂNCIA, EGOÍSMO, E INTOLERÂNCIA DE NOSSOS ANTEPASSADOS E NOSSA TAMBÉM. SINTO QUE CRISTO AINDA CAMINHA SOBRE AS ÁGUAS, ACALMA A TEMPESTADE MAS CHORA POR NÃO CONSEGUIR ENTRAR NO CORAÇÃO DOS HOMENS E MULHERES DESTE MUNDO.

  9. Muito interessante e está de parabéns por tua objetividade. Não sigo a religião alguma, mas sou totalmente objetivo. Quero dizer para enriquecer esse conteúdo com a verdade sobre as Cruzadas e sobre a pretensa riqueza da Igreja. É inequívoco q as Cruzadas foram legítima defesa contra os ataques dos turcos. Somente depois de o imperador bizantino pedir algumas vezes ao papa q este entendeu o expansionismo turco. A ignorância de historiadores de temas culturais q não entendem de história política e militar. E olha q as Cruzadas não foram capazes de impedir que mais tarde os turcos quase tomassem Berlim e a Europa (só detido na batalha de Lepanto pelos espanóis na era moderna). Tomaram a Grécia (subjugando-a e capturando os filhos dos cristãos e obrigando-os ao islamismo, treinando-os [jenízaros] e os colocando na linha de frente para lutar contra os próprios cristãos), estados da Roménia, avançavam sobre toda a Europa com sua espada. Legítima defesa é o q qualquer um vê (ainda q não deveria haver tanto sangue) e o q a historiografia inglesa e mundial está compreendendo. É preciso ver o medo dos estadistas do período medieval, é preciso imaginar Portugal muçulmano (e, por extensão nós) e nos imaginar seguindo os preceitos rígidos dessa doutrina (ainda q fariam muito bem diante de tanta criminalidade e falta de leis nesse país). Sobre a riqueza da Igreja é impossível um padre enriquecer (como acontece com outras religiões). Por isso o celibato em grande medida. Sem passar para os filhos e sem sexo não há riqueza, ela era para os pobres (daí os hospitais, função de cuidar dos pobres, daí a caridade medieval). Claro, alguns poderosos exigiam igrejas de ouro, mas os padres impunham a condição da destinação aos pobres também. Também, o q não se pode fazer é confundir a comunidade cristã com a Igreja. Muitos laicos foram confundidos com o clero e concordo q muitos laicos se tornaram altos dirigentes do clero, para fins pessoais, como ocorre em qualquer ramo.

  10. Quantas pessoas não perdem a chance de atacar a Igreja. Eu queria que a inquisição não tivesse acabado. O que vemos hoje é uma libertinação total. O ser humano normal quase nunca tem nenhum direito. Mas quando comete um crime, por mais bárbaro que seja, está coberto por todos os direitos possíveis e inventáveis. Isto é um absurdo.
    Afinal, o que é demorar um 30 minutos para morrer queimado comparado a queimar eternamente no infermo?
    Aqueles que querem levar muitos a se queimarem eternamente no fogo do inferno tem mais é que ser queimado mesmo.

  11. Leonel, os números fazem muita diferença, sim. Afinal, é bem diferente dizer que a inquisição matou 20 milhões de pessoas e torturava todo o mundo brutalmente, como tem muito pilantra divulgando pro aí, e dizer que matou menos de 100, que é o que comprovam as pesquisas mais sérias. Não podemos julgar um fato sem tentarmos imaginar o contexto daquela época. A verdade é que as autoridades seculares (senhores feudais) e leigos estavam promovendo verdadeiros linchamentos de supostos herejes, sem julgamento. O fato de a Igreja ter tomado as rédeas das investigações salvou milhares de vidas. Isso pouca gente diz.

  12. A história tem um problema muito sério.Nunca será possível transportar a mentalidade de uma época, juntamente com o FATO ocorrido, é impossível.No dia em que minha mãe morreu eu senti muito mal, passei uma dor que parecia que nunca mais iria acabar. No entanto,hoje, após 27 anos da sua morte, só o FATO da morte é real, mas o meu sentimento hoje é zero, não existe mais. A mentalidade do dia da morte ficou para trás. Não tem mais,como eu demonstrar o que eu senti naquele dia.Para quem sabe ler um “pingo” é letra.
    Um abraço, José Raimundo —Católico até no osso.
    Lembre-se: A Igreja existe pra eliminar o inferno.

  13. Vamos nos lembrar caros irmãos, que história não é sociologia!
    Na história o que importa é estudar o(s) fato(s) ocorrido no passado, já na sociologia nós podemos dar a nossa opinião, liberar as nossas ideias!
    Não devemos dar opinioes e falar o que bem achamos num caso (inquisição) que nós nem vivemos!
    Acordem! Ao invés de ficarem por ai criticando a verdadeira herdeira do Cristo (a Santa Igreja Católica) vão estudar mais um pouco de sua história e influencia para o mundo. Até porque se há bastante progresso no mundo de hoje, e até na ciencia, devemos agradecer a IGREJA CATÓLICA!!
    Ass: Juliano, muito Católico, graças a DEUS!!!!!!!!!!!

Deixe uma resposta